A novela marcou a estreia do autor João Emanuel Carneiro no horário das 21h. A Favorita foi elogiada por subverter os modelos folhetinescos vigentes e por apresentar uma história com poucos personagens, concentrada em uma trama central, com bons ganchos e sem “barriga”. Também ousou nos núcleos paralelos ao fugir dos estereótipos e mostrar diferentes abordagens em relação aos negros, à família e à defesa dos homossexuais.
João Emanuel Carneiro contou que encontrou dificuldades em equilibrar a torcida do público entre Flora e Donatela (Claudia Raia), como era sua intenção na primeira fase da novela. Os telespectadores tomaram as dores de Flora e embarcaram em suas mentiras, e nada do que ele fizesse para fazer com que gostassem de Donatela dava certo. O autor atribui a preferência ao fato de a primeira ser pobre e, a segunda, rica. Segundo ele, o público tende a associar qualidades e virtudes a personagens de baixo poder aquisitivo, assumindo uma visão preconceituosa em relação aos ricos.
Segundo a antropóloga Esther Hamburger, A Favorita inaugurou um novo ritmo na teledramaturgia e, ao mesmo tempo, resgatou o maniqueísmo abandonado pelos autores nas últimas décadas anteriores à novela. Para ela, os heróis estavam cada vez mais anti-heróis e muitos vilões tinham um lado humano. Em A Favorita, a vilã Flora (Patrícia Pillar) rouba, mente, mata e, como se não bastasse, odeia a filha.
O apresentador Fausto Silva fez uma participação especial na novela, na cena em que Cassiano (Thiago Rodrigues) e Augusto César (José Mayer) se apresentam no programa Domingão do Faustão.
A novela ganhou uma paródia no humorístico Casseta e Planeta, Urgente!, chamada A Periquita.
O ator Leonardo Medeiros fez sua estreia em novelas da TV Globo como intérprete do prefeito Elias. Ele já havia trabalhado nas minisséries A Muralha (2000), Os Maias (2001) e Amazônia – de Galvez a Chico Mendes (2007), além de já contar com mais de 21 filmes e uma dezena de peças de teatro em sua trajetória.
A novela tornou conhecido o ator Bento Ribeiro, filho do escritor João Ubaldo Ribeiro. Bento interpretou o personagem Juca, que se envolve com a caminhoneira Cida (Claudia Ohana), filha de Iolanda (Suzana Faíni) e Copola (Tarcísio Meira), caracterizando o romance de uma mulher madura com um rapaz mais jovem.
Patrícia Pillar foi um dos destaques da trama, entrando para o time das grandes vilãs das telenovelas. Flora tinha sempre xingamentos à ponta da língua quando se referia a seus desafetos: Lara (Mariana Ximenes) era chamada de “purgante” ou “vaquinha”, por ser filha adotiva da “vaca” Donatela (Claudia Raia).
Para viver sua personagem, Patrícia Pillar visitou o presídio feminino Talavera Bruce, em Bangu (zona oeste do Rio), para conhecer a realidade das detentas. Também contou com a colaboração da instrutora de dramaturgia Paloma Riani e da psicanalista Kátia Achcar, que a ajudaram na construção da subjetividade de Flora.
Nos sete meses de exibição da novela, a Central de Atendimento ao Telespectador atendeu vários pedidos do público, com destaque para informações sobre o corte de cabelo de Lara e onde encontrar as espalhafatosas camisas de Dodi (Murilo Benício).
Claudia Raia contou com a ajuda do ator Cacá Carvalho e da atriz e instrutora de dramaturgia Rosana Garcia (a primeira Narizinho do Sítio do Picapau Amarelo) para dar corpo a Donatela, uma das poucas personagens dramáticas que fez na TV.
AÇÕES SOCIOEDUCATIVAS
Destaque para o combate à violência doméstica, representado na trama do casal Catarina (Lilia Cabral) e Leonardo (Jackson Antunes), e para o tema da corrupção, recorrente na trajetória do personagem Romildo Rosa (Milton Gonçalves).
O ator Jackson Antunes chegou a ser agredido na rua por um telespectador, revoltado com as atitudes do personagem Leonardo. Por conta de uma trombose, ele estava de muletas quando sofreu a agressão, e teve de ficar internado durante três dias num hospital.
PRÊMIOS
A Favorita ganhou dois prêmios APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) relativos ao ano de 2008: o de melhor autor, para João Emanuel Carneiro, e o de melhor atriz, para Patrícia Pillar.