Por Memória Globo

Gianne Carvalho/Globo

A família Souza Borba

Em paralelo à trama de Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, há a história da família Sousa Borba, através da qual a minissérie retrata as transformações da vida social e econômica de São Paulo entre os anos de 1920 a 1950. O coronel Totonho Souza Borba (Tarcísio Meira), viúvo, proprietário rural pertencente à elite cafeeira paulista, criou os cinco filhos sozinho: Rodolfo (Marcello Antony), Bernardo (Daniel de Oliveira), Maria Luisa (Letícia Sabatella), João Cândido (Igor Adamovich / Max Fercondini) e Maria Laura (Maria Eduarda Manga / Julia Feldens). Totonho é um homem de ideias conservadoras, muito preconceituoso e rígido. A relação com os filhos torna-se insustentável quando Bernardo demonstra simpatia pelo movimento anarquista e Maria Luisa se apaixona por Madiano (Ângelo Antônio), um pintor pobre. Totonho mantém uma boa relação apenas com o filho mais velho, Rodolfo, um mau-caráter.

A crise mundial gerada pela quebra da bolsa de Nova York também atinge os negócios de Totonho. O coronel acaba perdendo seus bens e, sem condições de superar os problemas financeiros, se suicida. Os filhos herdam apenas a casa onde moravam, nos Campos Elíseos, que fica sob responsabilidade de Rodolfo. A casa se transforma em um bordel, comandado por Madame Claire (Ariclê Perez).

Marcello Anthony e Tarcísio Meira em Um Só Coração, 2004 — Foto: Zé Paulo Cardeal/Globo

Anos depois, o local vira uma pensão, que vai abrigar outros personagens importantes da história: Lídia (Helena Ranaldi), sua filha Rachel (Débora Falabella) e seu sogro Samuel (Sérgio Viotti), entre outros. Perseguida por ser judia, Lídia deixa Berlim durante a Segunda Guerra Mundial, quando sabe da morte de seu marido David (Carlos Vereza). Porém, a notícia de que ficara viúva era falsa e, sem saber, Lídia constrói uma nova vida no Brasil. Através desse núcleo de personagens, os autores abordaram o drama dos judeus que deixaram suas terras de origem fugindo da perseguição nazista.

No final dos anos 1940, a pensão se transforma em um cortiço dos nordestinos que trabalham nas construções de São Paulo. Nesse período, a cidade sofreu um intenso processo de urbanização. Em tramas paralelas, a minissérie narra a história de imigrantes que foram para São Paulo, representados, por exemplo, pelos portugueses Avelino (Paulo Goulart) e sua família; pelos libaneses Samir (Leopoldo Pacheco) e sua mãe Sálua (Ana Lúcia Torre); e pelos japoneses da família Fujihara.

Ana Schmidt

Outra personagem importante na história é Ana Schmidt (Maria Fernanda Cândido), jovem humilde, filha do anarquista Ernesto (Celso Frateschi) e de Frida (Lu Grimaldi). Para complementar a renda e ajudar nas despesas da família, Ana também trabalha como modelo vivo. Ao ver seu pai ser preso durante uma manifestação, Ana pede ajuda ao poderoso coronel Totonho para tirá-lo da prisão. Ele aceita ajudá-la caso a moça trabalhe em sua casa como governanta. Para saldar a dívida com a família Souza Borba, ela aceita. A real intenção do coronel é que a bela jovem seduza seu filho, Bernardo. No entanto, ela passa a ser assediada por Rodolfo, a quem rejeita. Ela é apaixonada por Joaquim (Renato Scarpin).

Os modernistas

Todas as tramas de 'Um Só Coração' são desenvolvidas sob o ponto de vista cultural, procurando mostrar como os movimentos artísticos tiveram papel decisivo no desenvolvimento da cidade. A minissérie retrata a vida de Anita Malfatti (Betty Gofman), Oswald de Andrade (José Rubens Chachá), Mário de Andrade (Pascoal da Conceição), Menotti Del Picchia (Ranieri Gonzales) e Tarsila do Amaral (Eliane Giardini), que difundiam o ideal modernista. No primeiro capítulo da história, Oswald e Mário de Andrade planejam a Semana de Arte Moderna, que escandalizou a sociedade paulista da época. Entre os ferrenhos críticos àqueles artistas, estava Monteiro Lobato. A Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, foi alvo de aplausos, mas também de vaias e muita polêmica. Toda essa repercussão é retratada pela minissérie, que ainda revela aspectos da vida pessoal dos artistas envolvidos no movimento.

Cena em que Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) e Pagu (Miriam Freeland) namoram.

Cena em que Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) e Pagu (Miriam Freeland) namoram.

O romance de Tarsila do Amaral e Oswald de Andrade também foi retratado na minissérie. O casamento dos dois teve forte influência na criatividade de Tarsila. Além disso, no período em que estiveram juntos, foram produzidos o Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófagico. Mas Oswald decide se separar de Tarsila quando conhece Pagu (Miriam Freeland), uma jovem que causa frisson entre os modernistas devido à personalidade avançada para a época. Sempre com um forte batom vermelho nos lábios e fumando em público, Pagu encanta Oswald de Andrade e tem um filho com ele, Rudá. Tarsila, por sua vez, se apaixona pelo jovem Luiz Martins (Marcos Winter). Os dois vivem um romance até que ele conhece outra mulher e a deixa.

Cena em que os artistas decidem criar a Semana de Arte Moderna.

Cena em que os artistas decidem criar a Semana de Arte Moderna.

Cena em que Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) é vaiado na Semana de Arte Moderna.

Cena em que Oswald de Andrade (José Rubens Chachá) é vaiado na Semana de Arte Moderna.

Cena em que Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) declama na Semana de Arte Moderna.

Cena em que Mário de Andrade (Pascoal da Conceição) declama na Semana de Arte Moderna.

Outros personagens importantes na trama são Juvenal (Cássio Gabus Mendes), Jayme (Cláudio Fontana) e Guiomarita (Gabriela Hess), irmãos de Yolanda; Santos Dumont (Cássio Scapin) e Assis Chateaubriand (Antonio Calloni), ambos admiradores de Yolanda. Chatô, como era conhecido, tornou-se grande amigo dela e foi um dos grandes colaboradores no projeto da Bienal de São Paulo e do MASP.

Antonio Calloni em Um Só Coração, 2004 — Foto: Zé Paulo Cardeal/Globo

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