Por Memória Globo

Nelson Di Rago/Memória Globo

Bastidores

O título da minissérie aludia a uma frase que surgiu em Belo Horizonte (MG), dois anos antes da estreia, em protesto por uma série de atos de violência de gênero, os então chamados crimes passionais, que aconteceram naquela época.

Foram gravados dois finais e o mistério se manteve até a hora do último capítulo ir ao ar, quando o diretor Daniel Filho escolheu o final em que Jorge mata Alice. A cena em que Alice mata Jorge foi exibida depois, no programa 'Fantástico'.

Hugo Carvana em Quem Ama Não Mata, 1982 — Foto: Nelson Di Rago/Globo

Como no início da minissérie a narrativa enfatizava a rotina dos personagens, o diretor Daniel Filho criou um recurso para reforçar a expectativa do público em torno do assassinato. A vinheta que fechava cada bloco, antes dos comerciais, terminava com o barulho de um tiro, o que marcava a ideia da tragédia que viria a acontecer. O objetivo da equipe foi realizar um trabalho denso, baseado no diálogo e, principalmente, nas emoções. Embora a violência seja um tema forte da trama, 'Quem Ama Não Mata' é uma história contada em tons suaves, o que, na época, marcou definitivamente a proposta de diversificação das Séries Brasileiras. Daniel Filho conta que o projeto das Séries Brasileiras foi fundamental para a produção de dramaturgia da TV Globo, que, até então, tinha como foco as telenovelas. A ideia de produzir minisséries abriu espaço para uma nova linguagem e perfil de produtos.

Daniel Filho, Walter Avancini e Paulo Afonso Grisolli assumiram a direção do projeto e implementaram as primeiras minisséries, formato que vem sendo produzido pela emissora até hoje. 'Quem Ama Não Mata' foi a primeira produção do Núcleo Daniel Filho. Segundo o diretor, algumas histórias da minissérie foram baseadas nas experiências pessoais dele e dos autores da trama.

O autor Euclydes Marinho fez uma ponta no primeiro capítulo da minissérie, como um assaltante.

A minissérie foi reapresentada, em formato compacto de 15 capítulos, em setembro de 1985, às 22h15.

'Quem Ama Não Mata' foi vendida para vários países, como Bolívia, Colômbia, Espanha, Guatemala, Panamá, Portugal e Uruguai.

Cenário

Os cenários interligavam-se, como se fizessem parte de um apartamento de verdade. O quarto, o corredor, a sala, o banheiro, todos os cômodos do apartamento se comunicavam, com câmeras instaladas por toda a parte. Assim, era possível gravar uma cena em que o personagem saía do quarto, ia para o banheiro, entrava pelo corredor e aparecia na sala sem cortes.

'Quem Ama Não Mata' teve cenas gravadas em Paraty, no Rio de Janeiro.

Norma Geraldi e Dionísio Azevedo em Quem Ama Não Mata, 1982 — Foto: Arquivo/Globo

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