Os amigos de Carlos Eduardo
A trama é pontuada por histórias vividas pelos amigos de Carlos Eduardo – João da Ega (Selton Mello), Vitorino Cruges (Ilya São Paulo), Teodorico Raposo (Matheus Nachtergaele) e Craft (Dan Stulbach) –, que discutem temas como educação, família, casamento, religião e política, representando o ideário da juventude lisboeta da época. O cínico João da Ega é seu fiel e inseparável companheiro, com quem Carlos desenvolve uma amizade sincera e duradoura. O personagem é considerado alter ego de Eça de Queiroz.
Teodorico é responsável pelo tom de humor da minissérie. Ele é sobrinho de Patrocínio das Neves (Mirian Muniz), a Titi. Carola e muito severa, Titi louva a Deus sobre tudo e todas as coisas, sente total repulsa ao sexo e mantém-se imaculada. Criou Teodorico como se fosse seu filho e nem desconfia que ele é o maior dos libertinos, amante de um bom fado, conhecido como o “Rapozão das espanholas”.
Outro personagem que merece destaque é Eusebiozinho (Felipe Martins), filho de Eugênia Silveira (Jandira Martini), um rapaz fraco, sem caráter. Extremamente fiel a Deus, mas capaz de trair um amigo íntimo.
Teodorico e outros personagens que fazem parte de seu núcleo foram retirados de outra obra de Eça, A Relíquia (1887) – uma sátira à devoção religiosa e ao comércio de relíquias -, para dar um contraponto cômico à minissérie.
Cena com João da Ega (Selton Mello).
Osmar Prado e Simone Spoladore em Os Maias, 2001. Globo
O poeta romântico
O poeta romântico Tomás de Alencar (Osmar Prado) fora muito amigo de Pedro da Maia, por isso tem um carinho paternal por Carlos Eduardo. No passado, encantou-se por Maria Monforte, mas abdicou de seu amor pela jovem ao perceber que o amigo, Pedro, estava apaixonado por ela. Extremamente sensível, o poeta se emociona muito quando reencontra Carlos em Lisboa. Tomás de Alencar e João da Ega, que descobrem ter grandes afinidades, têm diversas discussões literárias sobre Realismo, Romantismo e grandes poetas.
Em entrevista ao Memória Globo, Osmar Prado relembra detalhes da composição do personagem:
“Eu emagreci 10 kg por iniciativa própria, porque queria que ele fosse esquelético. Colocou-se um megahair nos meus cabelos, barba e unhas grandes. Um descompromisso com a estética, para que ele pudesse mergulhar nos amores platônicos: na época, era apaixonado pela mulher do amigo, mas incapaz de tocar um dedo no corpo dela, em respeito ao amigo. Tomás de Alencar é dessas pessoas cuja amizade é mais forte que o amor. Ele tinha uma ética, capaz de morrer pela felicidade do amigo sem que ele saiba” – Osmar Prado