As gravações da supersérie tiveram início em outubro de 2017. As externas contaram com locações no semiárido paraibano, no Piauí e em Pernambuco. Ambientada no sertão nordestino, a série foi gravada no Cariri paraibano, nos municípios de São João do Cariri, Boa Vista, Soledade, Gurjão e Cabaceiras, onde foram feitas cenas no Lajedo de Pai Mateus, além de Recife (PE) e na Serra da Capivara, em Coronel José Dias, no Piauí.
Cinco caminhões saíram dos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, com o material necessário para cerca de cinco meses de gravações, incluindo figurino, cenografia e produção de arte. Além do elenco, 80 pessoas integraram a equipe de produção.
Cenografia
Uma grandiosa estrutura feita com canos de PVC é o destaque da cenografia assinada por Alexandre Gomes. A construção – com 50 metros de profundidade, 10 metros de largura e oito metros de altura – simula uma espécie de oca feita com galhos no Lajedo dos Anjos, comunidade liderada por Samir (Irandhir Santos), e foi elevada sobre uma formação rochosa de mais de 40 metros de altura localizada na área rural de Cabaceiras, no cariri paraibano. A construção, que levou cerca de um mês para ser montada, foi baseada na obra do arquiteto finlandês Marco Casagrande, que usa o bambu em suas estruturas. A opção por usar cano de PVC reciclado foi por questões ecológicas.
As grutas onde os moradores do Lajedo dos Anjos moram foram reproduzidas em um cenário nos Estúdios Globo. Uma grande estrutura feita de isopor e resina simula a formação rochosa real, com suas cavidades e formas, uma espécie de labirinto de pedra, inspirado nas grutas da Capadócia, na Turquia. O grande desafio foi fazer com que ele mantivesse a essência e energia do cenário real.
Uma fazenda no pequeno município de Soledade, na Paraíba, teve parte das construções alteradas para se tornar a fictícia Sertão. Nesse lugar se concentram a maior parte dos cenários da cidade: o hotel Pedras do Sertão, o bar do Adauto (Nanego Lira) e o Fórum de Justiça onde Ramiro trabalha. Em alguns casos, as alterações foram realizadas na fachada e, em outros, a planta das construções foi alterada para possibilitar as gravações nas áreas internas.
Em outras cidades da região, como Gurjão, São João do Cariri e Boa Vista estão outros cenários como a delegacia de polícia, a casa de Tião das Cacimbas (Zé Dumont), o bar de Orlando (Antonio Fabio), a mansão e a fábrica de bentonita de Pedro. As áreas internas dos cenários foram reproduzidas nos Estúdios Globo. São nove cenários fixos, contando a boate da cidade, o Bodão Night Club, onde Shakira do Sertão (Jesuíta Barbosa) se apresenta.
Produção de arte
Para atender às demandas de personagens tão distintos, a equipe de produção de arte de ‘Onde Nascem os Fortes’, liderada por Anna Helena, fez uma pesquisa sobre temas diversos como paleontologia, aves raras e esculturas de madeira. Dentro do universo ficcional, era preciso encontrar referências reais.
Para o personagem Hermano (Gabriel Leone), o desafio era produzir fósseis de animais que realmente existiram na região onde a trama se passa. A equipe encomendou réplicas para o Museu Nacional de História Natural, no Rio, e para o Museu de História Natural de Ingá, na Paraíba.
A coleção de aves de Ramiro (Fábio Assunção) é outro destaque do trabalho da equipe. Foram escolhidas mais de 20 aves exóticas, dispostas no viveiro localizado no solário da casa do juiz. Além de aves ornamentais, como araras, aves de rapina chamaram atenção no cenário, incluindo uma coruja e um gavião.
As esculturas de Tião das Cacimbas (José Dumont) também foram cedidas para a equipe da série. São cerca de 15, todas com a assinatura do artesão pernambucano José Bezerra, conhecido por trabalhar com troncos de madeira.
A criação mais livre se vê na decoração dos ambientes. O bar do Adauto (Nanego Lira), por exemplo, é um apanhado de referências das bodegas da região. Alguns objetos foram emprestados por moradores locais.
Figurino e caracterização
O figurino sinaliza que a globalização chegou em Sertão com os moradores do Lajedo dos Anjos. A grife aparece nas peças usadas que chegam por doações ou nas imitações vendidas em feiras populares. Toda a intervenção é sutil.
Cao Albuquerque buscou um figurino documental. Maria (Alice Wegmann) e Cássia (Patrícia Pillar) têm poucas variações de looks e repetem as peças ao longo dos episódios. Como mãe e filha chegam à cidade para passar poucos dias, seria incoerente terem peças com informação de moda.
A cargo de Marcos Freire, que assina a caracterização, a construção de Ramiro (Fábio Assunção) e de Shakira do Sertão (Jesuíta Barbosa) permitiram um trabalho de pesquisa mais aprofundado. O juiz de barba longa e cabelos grisalhos remete ao velho poder.
O personagem que Ramirinho assume quando se apresenta na boate tem a boca e as unhas postiças marcadas com o vermelho. O uso de técnicas de contorno facial, com maquiagem, e o desenho de uma sobrancelha, garantiram o resultado. Roupas decotadas, com muito brilho, e o salto alto são suas marcas registradas.