Baseada no clássico homônimo do escritor Guimarães Rosa, a história se passa nas primeiras décadas do século XX e acompanha a narrativa de Riobaldo (Tony Ramos) que, por meio de suas andanças, personifica a aspereza sertaneja e se transforma em uma espécie de intérprete do sertão. Ele narra as heroicas lutas dos bandos de jagunços, repletas de tramas com vinganças, amores e mortes. Riobaldo e o bravo Reinaldo (Bruna Lombardi) – ou Diadorim, como também é chamado – são amigos há muito tempo e compartilham o fascínio pelas aventuras no sertão de Minas Gerais. Os fortes laços entre os dois perturbam Riobaldo, que, mesmo assim, cultiva a relação, cuja pureza contrasta com a aridez sertaneja. Mas existe um segredo que Riobaldo ignora: Reinaldo é, na verdade, Maria Deodorina da Fé Bittencourt Marins. Valente e destemida, ela finge ser homem e se mistura aos jagunços para fugir do destino da mulher sertaneja, sempre infeliz e marginalizada. Companheiros na adolescência, Riobaldo e Reinaldo se reencontram em meio a batalhas. Riobaldo se aliara às tropas federais, lideradas por Zé Bebelo (José Dumont). Mas, como Reinaldo está do outro lado da guerra, ele abandona a causa e passa a lutar com os jagunços. As disputas por poder e terra não preservam companheiros de batalha: o chefe do bando de Riobaldo, Joca Ramiro (Rubens de Falco), é assassinado pelo traidor Hermógenes (Tarcísio Meira). Revoltado, Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes por toda a região. No combate derradeiro com Hermógenes e seus homens, Riobaldo consegue se vingar, mas, para sua tristeza, seu oponente mata Reinaldo durante a luta. Ao final, na hora em que lava o corpo de Diadorim, Riobaldo descobre que seu querido companheiro era, na verdade, uma mulher, Deodorina, filha de Joca Ramiro.
Autoria: Walter George Durst | Colaboração: José Antonio de Souza | Direção: Walter Avancini | Produção do núcleo: Ary Grandinetti Nogueira | Supervisão: Daniel Filho | Período de exibição: 18/11/1985 – 20/12/1985 | Horário: 22h15 | Nº de capítulos: 25
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Webdoc sobre a minissérie Grande Sertão: Veredas com entrevistas exclusivas do Memória Globo.
BASTIDORES
A minissérie 'Grande Sertão: Veredas' foi gravada ao longo de 90 dias, durante os quais cerca de duas mil pessoas se embrenharam no sertão para reproduzir na TV o universo ficcional de Guimarães Rosa. A equipe de produção se mudou para um lugarejo chamado Paredão de Minas, no distrito de Buritizeiro (MG), onde foi montada a infraestrutura necessária para as gravações e a hospedagem dos profissionais. A minissérie foi totalmente gravada na locação. E o diretor fez questão de que todos os integrantes da produção visitassem o sertão. Até mesmo o maestro Júlio Medaglia, encarregado da trilha sonora, passou uma semana em Paredão de Minas. No sertão, a equipe consumia, em média, uma tonelada de frutas por semana, um boi por refeição, 13 mil copos de água por jornada de trabalho, oito dúzias de base para maquiagem em uma semana, 50 litros de sangue cenográfico, entre outros números dessa grandeza.
O livro, homônimo, de Guimarães Rosa havia sido adaptado para o cinema, em 1964, dirigido por Renato Geraldo Santos Pereira. A atriz Sônia Clara viveu Diadorim, e Maurício do Valle, Riboaldo. O diretor Walter Avancini também assinou o roteiro final da trama. Já a minissérie Grande Sertão: Veredas foi lançada em DVD em 2009 e foi vendida para diversos países, como Bolívia, Estados Unidos, França, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal e Venezuela. O ator Tony Ramos emagreceu oito quilos e fez aulas de equitação, rastejamento militar e tiro para viver Riobaldo. O desempenho de Bruna Lombardi como Reinaldo levou a atriz a ser escalada para protagonizar a minissérie Memórias de um Gigolô no ano seguinte e, depois, a novela 'Roda de Fogo' (1987). A cena em que Riobaldo (Tony Ramos) contempla o corpo nu de Diadorim (Bruna Lombardi), levando-o a descobrir sua natureza feminina, foi uma das mais emocionantes da minissérie.
ABERTURA
Abertura da minissérie Grande Sertão: Veredas, 1985/ Globo.
Os figurinos foram criados pelo próprio diretor da minissérie, Walter Avancini. A ideia inicial era trabalhar com o couro. Mas Avancini queria algum elemento que desse um ar ainda mais primitivo às roupas. Partindo dessa concepção, além do couro, a equipe de figurino recorreu ao tecido, para que os atores pudessem ter maior movimentação em cena, alcançando o resultado esperado.
CENAS MARCANTES
Cena em que Riobaldo (Tony Ramos) sofre sem compreender o que sente por Diadorim (Bruna Lombardi).
Cena em que Riobaldo (Tony Ramos) e Diadorim (Bruna Lombardi) se reencontram.
Cena em que Hermógenes (Tarcísio Meira) mata Diadorim (Bruna Lombardi).
Cena em que Riobaldo (Tony Ramos) descobre que Diadorim (Bruna Lombardi) é, na verdade, uma mulher.
Reportagem sobre as gravações da minissérie “Grande Sertão: Veredas” em Paredão de Minas, em Minas Gerais, Jornal Hoje, 14/05/1985.
Fontes
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Tarcísio Meira (14/03/2005), Tony Ramos (06/06/2001) e Bruna Lombardi(10/04/2012); Boletim de programação da Rede Globo, números 637, 671-A; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; SERVA, Leão. “Em minissérie… Grande Sertão” In: Folha de S.Paulo, 18/11/1985; www.teledramaturgia.com.br, acessado em 10/2006. |