Por Memória Globo

Acervo/Memória Globo

A equipe de produção de arte produziu um livro, distribuído aos envolvidos na minissérie, que tinha como pano de fundo o contexto histórico do período encenado – de 1930 a 1970, enfocando os principais acontecimentos no Brasil e no mundo.

Roupas, móveis e baús do acervo da TV Globo e de antiquários compuseram o cenário que ilustrava a moradia de Dalva (Adriana Esteves) e Herivelto (Fábio Assunção) em início de carreira, quando os dois dividiam o quarto com o amigo Nilo Chagas (Maurício Xavier), em um cortiço. Para esse momento da trama, também foram feitos colchões antigos, de crina, forrados com panos listrados. Para que os objetos de cena ganhassem uma coloração envelhecida e um aspecto de usados, eles foram banhados em café e chá.

Durante as pesquisas para a minissérie, a equipe de produção de arte descobriu algumas curiosidades sobre Dalva de Oliveira, por exemplo. Ela tinha preferência por rosas amarelas, e o seu perfume favorito era a essência francesa Fleur de Rocaille. A equipe também descobriu que, em 1951, a cantora chegou a ter quatro carros: um Jaguar, um Austin, o primeiro modelo de Fusca e um Oldsmobile. Ela também gostava de cristais, toalhas da Ilha da Madeira e móveis Chipandelle, objetos presentes na minissérie.

Fábio Assunção em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

Para o personagem de Fábio Assunção, foram feitos dois violões sob medida, iguais aos originais usados por Herivelto. O compositor carregava violões claros, com desenhos. Os instrumentos foram remontados especialmente para a minissérie.

Os jornais da época ganharam reproduções, trabalho que representou um desafio para a equipe: como todos os exemplares encontrados na Biblioteca Nacional estão microfilmados, não houve como ver, exatamente, como eram os periódicos. O Diário da Noite, por exemplo, onde Herivelto Martins publicou os artigos contra Dalva, era conhecido como “verdinho”. Ao realizar a pesquisa, porém, os profissionais da produção de arte descobriram que, apesar do apelido, pouquíssimas edições haviam sido impressas em folhas verdes. Consta que a impressão era feita no papel que estivesse mais barato no momento e que ele ganhou o título por conta das poucas edições verdes.

Fabio Assunção, Ellen Roche, Maurício Xavier, Emílio de Mello,Cláudia Netto e Luciana Fregolen em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor,2010. — Foto: Renato Rocha Miranda/ Globo

O diretor de arte da minissérie, Mário Monteiro, tem uma ligação especial com o Cassino da Urca, por ter sido construído com a ajuda do trabalho de seu pai, Alcibíades Monteiro Filho, e de seu avô, Alcibíades Monteiro, ambos arquitetos e cenógrafos.

Monteiro Filho foi cenógrafo do cassino e também trabalhou no projeto do Hotel Quitandinha, em Petrópolis. Seu acervo pessoal, portanto, foi fundamental na elaboração da cenografia da minissérie. Segundo Mário Monteiro, a estrutura e o padrão dos dois cassinos era a mesma, pois ambos tinham o mesmo dono, Joaquim Rolla. A principal diferença estava no palco, que, no Cassino da Urca, era avançado e iluminado, cobrindo a pista de dança. Essa adaptação foi feita no Quitandinha com a inclusão de uma pista de acrílico. O projeto cenográfico da minissérie levou dois meses para ser elaborado e duas semanas para ser construído.

Diferentes shows apresentados na minissérie foram gravados no palco do Quitandinha, simulando espetáculos do Cassino da Urca. Entre os números, que tiveram direção musical de Cláudio Botelho e Charles Möeller, estavam apresentações do Trio de Ouro, um show de Dalva de Oliveira e Francisco Alves (Fernando Eiras), outro de Orlando Silva (Édio Nunes) e um do cantor fictício Rick Valdez (Pablo Bellini). Nas cenas, foram aproveitadas cadeiras e mesas da época, bem como a mecânica do palco, igual a do original, que girava e possuía elevações de cenário. Os demais objetos foram reproduzidos, como os arranjos e os abajures que compunham a decoração das mesas. A minissérie também mostrou um show que, na vida real, aconteceu no Ginásio do Fluminense, onde havia um concurso de carnaval nos anos 1940, e outro no Teatro Fênix, que ficava no centro do Rio, onde a companhia da Dercy Gonçalves (Fafy Siqueira) se apresentava.

O ambiente da Rádio Nacional, templo da música brasileira durante décadas, foi remontado em estúdio, no Projac. Mais de 60 plantas foram feitas para a elaboração do projeto, que contou com um auditório com capacidade para cerca de 500 pessoas. 

Pablo Bellini em Dalva e Herivelto, Uma canção de Amor, 2010 — Foto: Renato Rocha Miranda/Globo

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