Produção
Cauã Reymond e Isis Valverde em passeio de jet ski, na Bahia. Locação da minissérie Amores Roubados, 2014/ Globo.
Cerca de 70% das gravações foram feitas em locações externas, nas cidades de Petrolina, em Pernambuco, e Paulo Afonso, na Bahia, onde a equipe de produção esteve por três meses. A fictícia Sertão foi inspirada nessas cidades, banhadas pelo rio São Francisco.A história de Amores Roubados se passa nos cânions secos do Raso da Catarina e molhados de Canindé do São Francisco. Os passeios em jet ski e as festas em barcos, em lugarejos como Junco do Salitre, ganharam destaque na trama. Os bares de beira de estrada, parreirais e casas próximas ao rio São Francisco também serviram de cenário para a história. O desafio era
mostrar os contrastes entre a modernização e a permanência de valores morais tradicionais. Na região, há vinícolas produzindo espumantes que são exportados e consumidos no Brasil e no mundo, mas também se vê a dura realidade do sertanejo, em sua luta diária pela sobrevivência, diante da seca secular.Alguns moradores locais fizeram figuração na minissérie, que também contou com a atuação de talentos nordestinos. Irandhir Santos, que interpretou João, afilhado e protegido de Jaime (Murilo Benício) e apaixonado por Antônia (Isis Valverde), e Jesuíta Barbosa, que viveu Fortunato, o melhor amigo de Leandro (Cauã Reymond), eram rostos desconhecidos do grande público. A prosódia e a vivência local de cada um deles deu um toque de realidade às cenas.De julho ao final de setembro de 2013, as equipes de produção e elenco estiveram em Petrolina para a primeira fase das gravações. Quinze vans foram usadas para levar os profissionais e os equipamentos aos sets de gravação.
O Junco do Salitre, a 13 quilômetros de Juazeiro, foi cenário de uma das maiores festas da trama, a de São Pedro, que contou com a participação especial da dupla de emboladores pernambucanos Castanha e Caju. A cena foi gravada em três dias e, além do elenco, participaram cerca de 450 figurantes.
A vinícola Santa Maria/Rio Sol, localizada em Lagoa Grande, abrigou a fictícia vinícola Vieira Braga, comandada por Jaime Favais, personagem de Murilo Benício.
De setembro ao início de outubro, a equipe se deslocou para Paulo Afonso, na Bahia, para a segunda fase das gravações. A Ponte Pedro II, a Usina Hidrelétrica de Angiquinho e o Raso da Catarina foram alguns dos cenários marcantes da minissérie.
Entre rochas e cânions esculpidos pela ação do tempo, a imensidão dos três mil quilômetros quadrados do Raso da Catarina abrigou a equipe durante sete dias de gravação. Para levar toda a equipe de produção e elenco ao local, foram necessários três tratores e 16 carros 4×4, além de dois helicópteros para gravar as cenas de ação da trama.Para Petrolina e Paulo Afonso, partiram sete caminhões com figurino, arte, cenografia e maquinários do Rio de Janeiro. A equipe de Amores Roubados, composta por cerca de 120 pessoas, rodou 250 mil quilômetros entre todas as locações.
César Ferreira, Irandhir Santos, Murilo Benício e Cauã Reymond em locação externa, Raso da Catarina, Bahia. Minissérie Amores Roubados, 2014/ Globo.
Figurino e Caracterização
Para dar veracidade às cenas, gravadas sob o forte calor do sertão nordestino, a equipe de caracterização misturou produtos que imitam a transpiração às gotas naturais de suor. Foram usadas água termal, borrifador, óleo, glicerina e esponjas especiais.Uma profissional especializada em efeitos de maquiagem integrou a equipe para criar dentes amarelados, unhas encardidas, cabelos ensebados e tatuagens que, diariamente, compunham a imagem dos atores e figurantes da trama.Antes das gravações, as unhas da atriz Isis Valverde, intérprete de Antônia, eram pintadas com esmalte ligeiramente desgastado. As tatuagens pelo corpo da atriz foram desenvolvidas pelo departamento de efeitos especiais da Globo. Houve o cuidado de elaborar diversos tons de preto para que aparentassem terem sido feitas em diferentes fases da vida da personagem. Foram desenvolvidos mais de 150 decalques com plumas, flechas, uma mandala e a rosa dos ventos, símbolos do caráter libertário da personagem.O visual de Antônia misturava referências da moda europeia com a do sertão. Foram intercalados chapéus de feltro e óculos escuros de marca com saias jeans, botas e bolsas de couro rústico, franjas e muitos adereços.
Leandro (Cauã Reymond ) e Fortunato ( Jesuita Barbosa ) gravam em locação externa na Bahia, onde seus personagens vivam sob o sol forte do sertão nordestino. Amores Roubados, 2014/ Globo.
Antônia (Isis Valverde) e Isabel (Patrícia Pillar) na minissérie Amores Roubados, 2014/ Globo.
Para a composição de Jaime, o cabelo de Murilo Benício foi cortado, nas laterais, com navalha e ficou com algumas mechas descoloridas. Para dar um ar ainda mais selvagem, o ator deixou a barba crescer. O visual do personagem foi inspirado no de alguns escritores, como o americano Ezra Pound e o norueguês Henrik Ibsen. Como Jaime passou anos exposto ao sol da região, à pele do ator foram acrescidas pequenas pintas e manchas, criadas por um produto importado resistente ao calor.Quanto à cor do figurino, foram escolhidos tingimentos que combinassem com o vinho, bebida em destaque na minissérie. A equipe conseguiu peças de roupa em feiras, brechós, lojas e acervos. Algumas foram customizadas pela equipe: tingidas, refeitas e bordadas.Para espelhar no figurino a personalidade de Leandro (Cauã Reymond) – um sommelier Don Juan –, sua composição contava com bordados, transparências, jeans, botas de couro, cintos comprados em feiras nordestinas e camisaria inspirada nos anos 1970, por causa dos colarinhos e desenho acinturado, que valoriza o corpo.Isabel vestia um figurino fluido, com peças em tecido 100% algodão e de linho. Já o pai de Isabel, Antônio, interpretado por Germano Hauit, usava chapéu panamá e bengala de bambu e roupas em linho e tons de terra, inspiradas no estilo do romancista Ariano Suassuna.Celeste (Dira Paes) usava peças que reforçavam a sua sensualidade natural, sem vulgaridade.
Cenografia e Arte
A partir de uma estrutura já existente, preparou-se a casa de Jaime (Murilo Benício), Isabel (Patrícia Pillar) e Antônia (Isis Vaverde), na cidade de Petrolina, em Pernambuco. O casarão tinha tons de terracota e contava com deque, espelhos d’água e uma sala com cerca de 200 metros quadrados, revestida com 56 portas vazadas e de fita de bambu. Esse mesmo cenário foi reproduzido nos estúdios do Projac.A casa de Leandro (Cauã Reymond), construída em pedra e tijolo de barro no sertão nordestino, foi replicada também nos estúdios do Rio de Janeiro. Toneladas de pedras foram trazidas para montar, em material original, a residência do protagonista.Nas gravações pelas cidades de Petrolina e Paulo Afonso, ganharam destaque elementos característicos do sertão, como árvores secas, amburanas – tipo de árvore local – e cactos. Nos cenários, foi usada uma paleta de cores diversificada e em tons fortes – amarelo, mesclado com vermelho e verde –, comum às casas do sertão nordestino. Para manter essas características regionais nas cenas gravadas em estúdio, foram trazidos 15 metros de cerca montada com árvores secas e uma amburana.Viera Braga, marca da vinícola, foi desenvolvida pela equipe de produção de arte. A logo estampou mais de seis mil caixas e cinco mil rótulos de garrafas de vinho da empresa de Jaime (Murilo Benício).Cinco mil garrafas foram produzidas para as gravações da minissérie, incluindo cápsulas e rolhas. Já para a Mangobras, empresa de Cavalcanti (Osmar Prado), foram necessárias duas mil caixas para comportar as cerca de dez mil mangas, cada uma adesivada com a logo da empresa.
Jaime ( Murilo Benicio ) e Walter Carvalho. Bastidores das filmagens Amores Roubados, 2014/ Globo.