Abertura da minissérie 'Abolição' (1988).
'Abolição' mostra o quanto a libertação dos escravizados transformou as estruturas da sociedade brasileira, tanto no campo quanto na cidade, e as mudanças geradas na vida do próprio negro. A narrativa é centrada no período em que a Lei Áurea está prestes a ser assinada pela Princesa Isabel (Tereza Rachel), em 13 de maio de 1888. Nesse momento, o tema abolicionista era amplamente discutido nos centros urbanos, enquanto nas áreas rurais as relações escravagistas ainda estavam estabelecidas. A escravizada Iná Inerã (Ângela Corrêa), líder espiritual e guerreira, representa a luta pela manutenção da identidade africana a qualquer preço, pago com a própria vida, se preciso. O jornalista Lucas (Luiz Antonio Pillar), por sua vez, é um negro alforriado que acredita na integração pacífica entre brancos e negros.
O coronel Macedo Tavares (Milton Moraes), dono da fazenda onde vive Iná, vive entrando em conflito com a escravizada, castigando-a com as mais severas punições. Destemida, Iná continua a desafiá-lo e organiza fugas, manifestações de escravizados e até assassinatos de jagunços do fazendeiro. O braço-direito do coronel é o mau-caráter Osvaldo (Emiliano Queiroz), sempre pronto a cumprir as exigências do patrão. Iná e Lucas são apaixonados um pelo outro, mas não conseguem ficar juntos por conta de suas divergências. O caminho dela é o da guerra, enquanto o dele, o de mudar as leis.
Ângelo Agostini (Edwin Luisi), André Rebouças (Jorge Coutinho) e José do Patrocínio (Valter Santos) lutam pela abolição. Do outro lado, está o líder influente da corrente contrária, o barão de Cotegipe (José Lewgoy), que defende o interesse dos fazendeiros, pleiteando que sejam indenizados e ressarcidos dos prejuízos que terão com o fim da escravidão. O coronel Macedo consegue que Iná seja presa e entregue à Justiça, antes que a Lei Áurea se torne realidade. O último capítulo da trama mostra a princesa Isabel assinando a Lei Áurea e a comemoração da população nas ruas. Lucas, por sua vez, procura o coronel para lhe pedir a libertação de Iná, mas o fazendeiro é irredutível e diz que ela será julgada pelos crimes que cometeu. Iná é condenada à prisão perpétua, e Lucas sofre com a sentença. Quando Iná está sendo transferida para a casa da Corte, um grupo de negros – contando com a ajuda de Lucas – rende os guardas e a liberta. Ela se despede do amado e foge com o grupo. Os fugitivos, porém, são seguidos pelo braço-direito do coronel Macedo Tavares e seus capangas. Todos são assassinados a tiros por Osvaldo. A cena final mostra Iná caída no chão, junto com os demais negros, morta.
Autoria: Wilson Aguiar Filho | Colaboração: Joel Rufino dos Santos | Direção: Walter Avancini | Período de exibição: 22/11/1988 – 25/11/1988 z Horário: 22h | Nº de capítulos: 4
TRAMA PARALELA
Agostini
Um dos grandes companheiros do jornalista Lucas (Luiz Antonio Pillar) é o caricaturista Angelo Agostini (Edwin Luisi). Os dois trabalham no mesmo jornal. Angelo, casado com a doce Abigail (Cristina Prochaska), é um abolicionista convicto e participa ativamente do movimento pela libertação dos escravizados.
'Abolição' (1988): cena em que o caricaturista Angelo Agostini (Edwin Luisi) recebe Lucas (Luiz Antonio Pillar) e convida-o para trabalhar no jornal.
BASTIDORES
Para escrever 'Abolição', Wilson Aguiar Filho contou com a colaboração do historiador Joel Rufino dos Santos. À frente do trabalho de reconstituição histórica do período encenado, ficou o também historiador Francisco Alencar. Ele trabalhou por dois meses ao lado da equipe de autores.Abolição teve a participação de mais de 100 atores e três mil figurantes.
Diálogos em iorubá e em português com sotaque francês ou italiano foram empregados na trama, de maneira a reconstituir os tipos que circulavam na corte e na zona rural na época. A professora Íris Gomes da Costa prestou consultoria de linguagem à equipe. Ela já havia trabalhado com Walter Avancini na minissérie 'Grande Sertão: Veredas' (1985).
Para a composição de seus personagens, o elenco teve aulas de dança com a professora Railda Galvão dos Santos, especializada em danças de origem africana.
'Abolição' foi resultado da primeira parceria da Rede Globo com uma produtora independente, a Cininvest e Avan Produções, e teve a produção geral de Paulo César Ferreira. No ano seguinte, ainda contando com essa parceria, a mesma equipe foi reunida para a produção da minissérie 'República' (1989).
A fazenda do coronel Macedo Tavares (Milton Moraes), onde vivia a escravizada Iná Inerã (Ângela Corrêa), era o cenário da maior parte da narrativa.
TRILHA SONORA
A trilha sonora da minissérie foi produzida por Murilo Alvarenga. Destaque para o hino da juventude sul-africana, que marcava as cenas mais fortes da narrativa, e Canto de Ossanha, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, que ambientava o drama dos negros brasileiros na época.
VÍDEOS
'Abolição' (1988) cena em que a princesa Isabel (Tereza Rachel) assina a Lei Áurea.
'Abolição' (1988) Cena em que Iná (Ângela Corrêa) e Lucas (Luiz Antonio Pillar) conversam sobre a Abolição da Escravatura.
'Abolição' (1988) cena em que, para evitar novas fugas, o coronel Macedo Tavares (Milton Moraes) retira as crianças dos escravizados, enquanto Iná (Ângela Corrêa) planeja uma nova ação.
'Abolição' (1988) : Militantes pró – Ângelo Agostini (Edwin Luisi), André Rebouças (Jorge Coutinho) e José do Patrocínio (Valter Santos) – e contra – barão de Cotegipe (José Lewgoy) – a abolição da escravidão debatem às vésperas da assinatura da Lei Áurea.
'Abolição' (1988): cena em que o caricaturista Angelo Agostini (Edwin Luisi) recebe Lucas (Luiz Antonio Pillar) e convida-o para trabalhar no jornal.
'Abolição' (1988): cena em que os escravizados fugitivos são assassinados a tiros. Entre eles, Iná (Ângela Corrêa).
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