Praça da Alegria, um dos marcos do humor na televisão brasileira, foi criada em 1956 por Manoel de Nóbrega. Sentado no banco de uma praça, inspirada em milhares de outras espalhadas pelo país, ele era observador, ouvinte e interlocutor de personagens cômicos que se tornaram ícones do imaginário brasileiro, como a Velha Surda (Rony Rios) e Pacífico (Ronald Golias), entre muitos outros.
O humorístico estreou na TV Paulista e, em 1958, passou a ser exibido na TV Rio. Em 1963, mudou-se para a TV Record, que o exibiu até 1970. Em 1977, um ano após a morte de Manoel de Nóbrega, a Globo voltou a exibir o programa, como forma de homenagear seu criador.
O primeiro Praça da Alegria teve direção de Mário Lúcio Vaz, e os seguintes foram dirigidos por Carlos Alberto Loffler. Carlos Alberto de Nóbrega (filho de Manoel de Nóbrega) era responsável pela redação final do programa.
Redação: Arnaud Rodrigues, Marcos César, Wilson Vaz | Redação final: Carlos Alberto de Nóbrega | | Direção: Mário Lúcio Vaz, Carlos Alberto Loffler | Período de exibição: 01/05/1977-18/11/1978 | Horário: aos domingos, 17h30
FICHA TÉCNICA
Produção: Cícero de Araújo
Cenografia: Arlindo Rodrigues
Trilha sonora: Nonato Buzar
Abertura do programa Praça da Alegria (1978).
FOTOS: Zilda Cardoso, Miele, Walter D'Ávila e Rony Rios
O espírito da Praça era o mesmo, mas dessa vez quem ocupava seu banco era Luiz Carlos Miele. Era ele quem contracenava com os personagens antológicos do programa, que ainda conservavam intacto seu apelo popular.
No final de 1977 e em janeiro de 1978, além dos humoristas cariocas que contracenavam com Miele, também os paulistas e pernambucanos passaram a participar do programa. No banco de São Paulo, o homem da praça era Carlos Alberto de Nóbrega; em Pernambuco, Aldemar Paiva.
O tema de abertura de Praça da Alegria era o mesmo das versões anteriores: a canção A Praça, composta por Carlos Imperial e gravada por Ronnie Von. Os versos da música pareciam ter sido escritos para proclamar a longevidade do programa: “A mesma praça/ o mesmo banco/ as mesmas flores/ no mesmo jardim”.
A Praça da Alegria repetiu na Globo o sucesso dos tempos de Manoel de Nóbrega, mas saiu da programação em 1978. A partir de 1987, sob o comando de Carlos Alberto de Nóbrega, o programa voltou a ser exibido pelo SBT, com o nome de A Praça é Nossa.
PERSONAGENS
Na Globo, além dos já citados Pacífico (Ronald Golias) – a figura alucinada que contava histórias mirabolantes e bordões nonsense como “Ô cride!” – e Bizantina Escatamáquia Pinto, a Velha Surda (Rony Rios) – uma senhora meio míope e surda que importunava o pobre Apolônio (Viana Júnior), confundindo tudo o que ele dizia –, passaram pela praça Catifunda (Zilda Cardoso), uma ladra carismática que não tinha vergonha de contar seus trambiques, enquanto fumava um charuto e reclamava da concorrência desleal dos “colegas de profissão”; o leitor mal-humorado e semianalfabeto interpretado por Walter D’Ávila; o garoto vestido à moda marinheiro (Simplício) que atormentava o homem da praça com suas perguntas impertinentes e seus gritos de “Ó, home!”; Cremilda, a dondoca vivida por Consuelo Leandro, que se gabava das impressionantes façanhas do seu “marido Oscar”, um ricaço poderoso; e o Mendigo Nobre de Jorge Loredo, que, apesar de maltrapilho, agia como um lorde.
Em um dos quadros, Jô Soares aparecia no papel do alemão que, por não dominar direito o português, travava uma conversa cheia de duplo sentido com Carlos Alberto de Nóbrega.
O alemão (Jô Soares) encontra um amigo estrangeiro (Jardel Filho). Por não dominarem direito o português a dupla confunde as palavras e acaba travando uma conversa cheia de duplo sentido. Praça da Alegria, 17/12/1978.
FOTOS: Ronald Golias, Miele, José Vasconcellos e Grande Otelo
FONTES
Depoimentos concedidos ao Memória Globo por Chico Anysio(02/08/2000) e Mário Lúcio Vaz (09/11/2000); Boletim de programação da TV Globo224, 260; BRAUNE, Bia; RIXA. Almanaque da TV. Rio de Janeiro. Ediouro, 2007;MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo v. 1: programas de dramaturgia e entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2003; TÁVOLA, Artur da. “A alegria em busca de novas praças”. In: O Globo, 16/02/1978. |