Os funcionários Moira (Drica Moraes), Anete (Marisa Orth) e Caio (Pedro Paulo Rangel) trabalham numa repartição pública que reúne um arquivo do FMDO – Fichário Ministerial de Documentos Obrigatórios. A repartição está localizada em Brasília e foi inaugurada pelo presidente Médici em 1969, em plena ditadura. Naquela época, a instituição tinha muita importância e contava com mais de 80 pessoas batendo o ponto. O problema é que, com o passar dos anos, o governo desistiu de recolher os documentos dos cidadãos e a repartição perdeu sua função. No escritório, os funcionários não têm muito trabalho e sofrem com a chegada do novo chefe Tales (Selton Mello) e sua estagiária Leda (Andréa Beltrão). Tales quer mudar essa rotina e acabar com a boa vida dos funcionários. É quando surge a ideia de transformar o Fundo Ministerial de Documentos Obrigatórios num escritório fundamental para a conscientização da sociedade: o Falar Mal Dos Outros. Os funcionários passam a perseguir brasileiros que cometeram pequenas faltas, como jogar chiclete na rua, pessoas consideradas egoístas, presunçosas, caras de pau e ex-amantes dos servidores, que também são punidas pelos burocratas. O diretor José Alvarenga Jr. conta que a ideia do seriado era mostrar o que acontece quando um grupo de pessoas convive muito tempo no mesmo trabalho, em ambiente fechado e sujeito a hierarquias: relações, traições, amores, “puxadas de tapete” e paranoias.
Primeiro bloco do primeiro episódio do humorístico 'Os Aspones'.
Autoria: Alexandre Machado e Fernanda Young | Direção: José Alvarenga Júnior | Período de exibição: 05/11 a 17/12/2004 | Horário: sextas-feiras, às 23h | Nº de episódios: 7
Produção
O cenário é um escritório bagunçado, com milhares de pilhas de papéis espalhados, máquinas de escrever muito antigas, computadores e um cartaz escrito: “Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela é crime de desacato”.Para criar os figurinos de 'Os Aspones', Ellen Millet, integrada às equipes de luz e cenografia, elaborou roupas com variações de uma única cor, o bege. A ideia da figurinista era mostrar a ausência de cor para acentuar a estranheza dos personagens. A figurinista se inspirou no filme Play Time (1967), do diretor francês Jacques Tati (1909-1982), cujos personagens vestiam sempre variações de cinza.
Divulgação
Em maio de 2005 a Globo Marcas, em parceria com a Som Livre, lançou o DVD da série 'Os Aspones'. Os sete episódios do humorístico foram reunidos em um disco de quase quatro horas.
Abertura
Abertura do seriado 'Os Aspones' (2004).
A abertura do programa mostrava um corredor cheio de arquivos que se abriam e revelavam a ficha de cada funcionário da repartição pública.
O tema de abertura do seriado era a música Coração de Papel, composição de Sérgio Reis interpretada pela cantora Taryn Szpilman.
Segundo bloco do primeiro episódio do humorístico 'Os Aspones'.
Terceiro e último bloco do primeiro episódio do humorístico 'Os Aspones'.
Curiosidades
Em 'Os Aspones', o personagem Tales tinha seus pensamentos filosóficos embalados pelas músicas de Oswaldo Montenegro. O músico gostou tanto da ideia que chegou a procurar os autores do programa e enviou um DVD com o seu trabalho para que eles se inspirassem. Alexandre Machado conta que a escolha das canções de Oswaldo Montenegro se deu porque ele era de Brasília. Na série, a ideia era utilizar a música para representar a piada, a intensidade e os “climões”.Tales trouxe uma inovação na comunicação dentro do FMDO: os memorandos cifrados. Segundo o chefão, a chave desses relatórios são as abreviações. O problema é que a mente maldosa dos funcionários tornava quase impossível decifrar os códigos. Entre eles estavam: PAL. SÓB. SEXUAL. LOCA. FIC. AGORA (Palestra Sobre Sexualidade. Local: Fichário. Agora); CA. AGO. GERAL. TODOS FU. (Cantinho do Café Agora. Reunião Geral. Todos os Funcionários) e TODOS S. M. COMO SE. XI. SHOP (Todos: Seminário Motivacional “Como se Xingar”. Workshop). Para Alexandre Machado, os Aspones (inspirados na expressão “assessores de porcaria nenhuma”) não são vilões, mas pessoas com ideologia, patriotismo, e avessos à corrupção. Eles acreditam que, dentro daquela confusão, é possível fazer alguma coisa: ao descobrirem pessoas que fazem algo errado, eles as convocam para dar uma bronca.
A série recebeu várias críticas dos servidores públicos antes mesmo de começar a ser exibida. Quando um servidor do FMDO pergunta para o colega: “Você comeria em uma lanchonete onde os funcionários são efetivos?”, a questão batia forte na auto-estima dos trabalhadores que têm por lei estabilidade no emprego, ao mesmo tempo em que poderia ser engraçado para quem não tem esse direito.
Luana Piovani estava no elenco previsto para 'Os Aspones', mas na época da escalação, a atriz entrou no Casseta & Planeta e acabou não participando do programa.
O programa inicialmente foi batizado de “Esculhambação”, mas TV Globo decidiu mudar o nome da atração.
Entre as participações especiais, Daniel Dantas apareceu na pele de um seguidor de ambulância e Betty Lago interpretou uma mulher que espalhou que Caio (Pedro Paulo Rangel) não era muito “bem dotado”.
Lista de Episódios
O Primeiro Dia (05/11/2004);
O Segundo Dia (12/11/2004);
O Grande Dia (19/11/2004): O FMDO finalmente volta a ter utilidade pública e a primeira “vítima” é Rogério (participação especial de Daniel Dantas). Para dar um corretivo no homem que vive “costurando” ao volante para levar vantagem no trânsito, os funcionários mandam uma carta timbrada, exigindo a presença dele no departamento do governo para tratar de um assunto confidencial e urgente. De acordo com Anete, a tortura psicológica nesses casos é a melhor solução e quem sabe, assim, ele aprende a dirigir com mais prudência.
A Primeira Segunda (26/11/2004);
O Mau Dia no Escritório (03/12/2004);
A Crise das Terças (10/12/2004);
Paranoias de escritório (17/12/2004).
Ficha Técnica
ELENCO
Andréa Beltrão – Leda
Drica Moraes – Moira
Marisa Orth – Anete
Pedro Paulo Rangel – Caio
Selton Mello – Tales
EQUIPE
Participações especiais: Mario Schoemberger, Gabriel Braga Nunes, Betty Lago e Daniel Dantas
Cenografia: Claudio Domingos
Cenógrafos assistentes: Sérgio Villela e Tatiana Cordeiro
Figurino: Ellen Milet
Figunista assistente: Elisa Coifman
Equipe de apoio ao figurino: Miro Manga, Simone Totti, Therezinha Pádua e Selma Epifânia
Direção de fotografia: Tuca Moraes
Equipe de iluminação: Gilson Ramos, Ilton Pereira, Edmilson Silva, Marcelo Ribeiro, Júlio César Rosa e Sérgio Lopes
Produção de arte: José Artur Camacho
Produtor de arte assistente: Vanessa Morais
Produção de elenco: Juliana Silveira
Produção musical: Márcio Lomiranda
Caracterização: Fernando Torquatto
Edição: Henrique Tartarotti
Sonoplastia: Octávio Lacerda, Raphael Salles, Kesner Puschmann e Jairo Augusto
Efeitos visuais: Gustavo Garnier
Efeitos especiais: James Rothmann
Câmeras: Paulo Violeta, Ricardo Fuentes e Rafael Rahal
Gerente de projetos: Rosana Corrêa
Continuidade: Stella Valadão
Coordenação de produção: Gilberto Nunes
Gerência de produção: Daniel Vicent
Direção de produção: Guilherme Bokel
Direção de núcleo: Guel Arraes
FONTES
Boletim da Programação da TV Globo, 10/05/2005; CASTRO, Ruy. Ela é carioca: uma enciclopédia de Ipanema. São Paulo, Companhia das Letras, 1999; CORRÊA, Elena. “Prontos para o expediente”. In: O Globo, 03/10/2004; MATTOS, Laura. “Televisão: Repartição pública falida é usada como laboratório da Globo”. In: Folha de S. Paulo, 05/11/2004; MEMÓRIA GLOBO. 'Dicionário da TV Globo v.1: programas de dramaturgia e entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed., 2003'; MEMÓRIA GLOBO. Entre tramas, rendas e fuxicos. São Paulo, Globo, 2007; MENDONÇA, Martha. “A graça do silêncio”. In: Época, 29/11/2004; REIPERT, Fabíola. “Globo grava nova série amanhã”. In: Agora, 28/09/2004. REIS, Leila. “Sintonia fina – Os Aspones: o drama dos efetivos”. In: Estado de S. Paulo, 13/12/2004; SOUTO MAIOR, Marcel. Almanaque da TV Globo. São Paulo, Globo, 2006. VILLALBA, Patrícia. “O servidor, ao som dos bandolins”. In: Estado de S. Paulo, 17/12/2004; “Repartição em férias”. In: Agora, 15/12/2004. “Deu a louca na repartição”. In: O Dia, 06/10/2004; “O humor bate ponto”. In: Jornal do Brasil, 31/10/2004; “Palavras para o bem e o mal”. In: O Globo, 05/11/2004; http://viaglobal/cedoc (Intranet); http://redeglobo.globo.com/osaspones.html e www.teledramaturgia.com.br, acessados em 05/2007. |