O 'Programa Silvio Santos' era produzido e apresentado por Silvio Santos e integrava a grade de programação da TV Paulista desde 02 de junho de 1963. A partir de 1965, depois que Roberto Marinho comprou a antiga emissora, o 'Programa Silvio Santos' continuou a ser exibido pela TV Globo, mas apenas para a cidade de São Paulo. A atração só passaria a ser transmitida para o Rio de Janeiro a partir de julho de 1969 e em rede nacional, pela Rede Globo, a partir de 31 de agosto do mesmo ano. Nessa época, o programa tinha oito horas de duração.
Silvio Santos passou por diversas emissoras de rádio, sem deixar de apresentar seu programa dominical, primeiro na TV Paulista e, depois, na TV Globo. Oriundo do rádio, onde iniciou sua carreira nos anos 1940, passou a ser apresentador de TV na década de 1950, quando começaram as transmissões da televisão no país. Ao mesmo tempo em que mantinha sua atração dominical na TV Paulista, Silvio fez sucesso também na TV Tupi, a partir de novembro de 1964, com o programa 'Festival da Casa Própria'. Um dos programas que fez muito sucesso na TV Tupi foi 'Sua Majestade, o Ibope', exibido às quintas-feiras, entre 1971 e 1973. Mas foi com o 'Programa Silvio Santos' que ele definitivamente se popularizou.
Dirigido por Luciano Callegari, o 'Programa Silvio Santos' era conhecido pela farta distribuição de prêmios e tinha como destaque a realização de jogos envolvendo o público presente no auditório e os telespectadores. Os jogos de perguntas constituíam quadros fixos do programa. Um deles, 'Só Compra Quem Tem', distribuía semanalmente um automóvel zero km. Outro, 'Arrisca Tudo', dava ao candidato que acertasse as respostas um prêmio em dinheiro, que, na época, podia chegar a um milhão de cruzeiros.
Quando terminou seu contrato com a TV Globo, em 1976, Silvio Santos passou a transmitir seu programa dominical pela Rede Tupi – até o fechamento da emissora, em 1980 - e através da sua própria emissora, a TV Silvio Santos, que estreou no Rio de Janeiro em maio de 1976.
QUADROS
Um dos maiores sucessos da fase inicial do programa chamava-se 'Cuidado com a Buzina'. Precursora do 'Show de Calouros', esta competição de calouros teve como jurados Celso Teixeira, José Fernandes, Gilmara Sanches, Décio Piccinini, Henrique Lobo, Cláudia Barroso, Marilu Martinelli, Jorge da Silva, entre outros. Além de julgar os iniciantes, o júri também opinava sobre os últimos lançamentos do mercado fonográfico.
Outro quadro de grande repercussão era a gincana 'Sinos de Belém'. As tarefas eram complicadas e requeriam esforço não apenas dos participantes, mas da produção, podendo demandar até mesmo a utilização de aviões e helicópteros. Algumas vezes, as provas contavam com a participação do próprio apresentador.
Havia também os quadros que buscavam deliberadamente emocionar tanto os participantes quanto o público, como 'Sou Grato a Você', em que cinco pessoas expressavam seu agradecimento àqueles que alguma vez os tinham ajudado; ou ainda, 'Perdoa pelo Mal que lhe Fiz', em que os convidados pediam perdão àqueles a quem teriam prejudicado. Os quadros românticos 'Namoro no Escuro' e 'Casais na Berlinda' também faziam parte do programa.
Vale destacar, ainda, entre os quadros da fase inicial do programa, os musicais 'Os Galãs Cantam e Dançam', que contava com nomes de sucesso como Jerry Adriani, Wanderley Cardoso e Paulo Sérgio, e 'Disco de Ouro', em que se promovia a parada de sucessos.
Outros quadros de sucesso no programa eram: 'Show da Loteria Esportiva', com atrações variadas sobre futebol; 'Quem Sabe Mais, o Homem ou a Mulher?', uma disputa entre um casal de artistas convidados; 'Música e Alegria', apresentando diversos artistas interagindo com o público; e 'Boa Noite, Cinderela', no qual crianças tinham seus desejos realizados por uma noite.
A partir de 1969, o 'Programa Silvio Santos' passou a apresentar o Troféu Imprensa, premiando os profissionais de destaque no meio artístico no ano.
OS JURADOS
Pedro de Lara
O escritor, ator, cantor e comediante Pedro de Lara nasceu em 25 de fevereiro de 1925. Trabalhou ao lado de Silvio Santos por mais de 30 anos, primeiro na antiga Rádio Nacional, onde os dois apresentavam um animado programa de interpretação de sonhos. Na época, Silvio Santos narrava um sonho relatado pelo público e pedia ao “guru” Pedro de Lara que o interpretasse. O quaro fez tanto sucesso que o comediante foi levado pelo apresentador para trabalhar na televisão. Com sua pose de galã e eterna sisudez, foi um dos principais jurados do concurso de calouros do 'Programa Silvio Santos'. Ainda como comediante, trabalhou também no programa do palhaço Bozo, interpretando o neurastênico Salsi Fufu.
Elke Maravilha
Atriz, cantora, apresentadora e modelo, a irreverente Elke Maravilha nasceu na Rússia, em Leningrado, no dia 22 de fevereiro de 1945. Foi jurada do concurso de calouros do 'Programa Silvio Santos' durante sete anos. Tornou-se conhecida graças ao estilo ousado e inovador, que mesclava um figurino exótico com misticismo, alegria e inteligência. Professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras, incluindo Latim, foi a mais jovem professora de francês da Aliança Francesa e de inglês, na União Cultural Brasil – Estados Unidos. Estreou na televisão em 1972, também como jurada de calouros, no 'Cassino do Chacrinha', a quem tratava carinhosamente por “painho”.
Araci de Almeida
A cantora Araci de Almeida estreou no rádio em 1933, na antiga Rádio Educadora, levada por Custódio Mesquita. Tornou-se uma das principais intérpretes de Noel Rosa, de quem ficaria amiga ainda naquele ano, acompanhando o compositor em serenatas, rodas de samba e noites de boemia. Fez muito sucesso já no final dos anos de 1930, quando recebeu do locutor César Ladeira o epíteto de 'O Samba em Pessoa', e consagrou-se em uma carreira que durou mais de 40 anos. Como comediante, fez sua estreia na televisão como jurada de calouros, primeiro no programa 'A Buzina do Chacrinha', depois no 'Programa Silvio Santos'.
FONTES:
Boletim de Programa da Rede Globo, número 185; RIXA. Almanaque da TV, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2000, p.268-70; SILVA, Arlindo. A Fantástica História de Silvio Santos, p.49-56; MEMÓRIA GLOBO. Dicionário da TV Globo, v.1: Programas de Dramaturgia & Entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; “Na TV sou vulnerável”, In: Fatos & Fotos, 03/06/1974; NOGUEIRA, Nemércio. “O super Silvio”, In: Revista Realidade, 01/09/1969; MIO, Eda Maria. “Os canais da fortuna”, Revista Veja, 07/04/1971; “Na pior fase”, Revista Veja, 23/10/1974. |