'Noite de Gala' era um programa de variedades, com uma hora e meia de duração, apresentado por Luís Jatobá e Ilka Soares, sob a direção de Geraldo Casé. O jornalista Leon Eliachar estava entre seus redatores.
O programa estreou na TV Rio, ainda na década de 1950, sob a direção de Geraldo Casé, Carlos Thiré e Haroldo Costa. Foi apresentado por nomes como Flávio Cavalcanti, Tônia Carrero, Ema D’Ávila, Rose Rondelli, Carmem Verônica, entre outros. Em seguida, fez parte da grade de programação da TV Tupi, antes de chegar à TV Globo. Era patrocinado pela loja O Rei da Voz, de Abraham Medina. Os atores Norma Bengell e Carlos Alberto também apresentaram Noite de Gala.
EXCLUSIVO MEMÓRIA GLOBO
Entrevista exclusiva do diretor Geraldo Casé ao Memória Globo, em 07/11/2001, sobre o programa 'Noite de Gala'.
Período de exibição: 25/07/1966 a 24/07/1967Horário: segundas-feiras, às 20h
O programa contava com um quadro comandado pelo jornalista e dramaturgo Nelson Rodrigues, que realizava entrevistas presenciadas por uma cabra: a “cabra vadia”. A ideia foi inspirada em um personagem que o escritor criara em uma de suas colunas na imprensa.
Nelson Rodrigues defendia a tese de que a “entrevista verdadeira” não passava de uma empulhação cínica, pois nenhum entrevistado jamais dizia uma palavra verdadeira sobre o que realmente pensava ou sentia. “Ninguém devia ser entrevistado. Nem os santos, porque até eles mentiriam”, escreveu. A saída, na sua opinião, era a “entrevista imaginária”. A cada semana, ele escolhia uma personalidade e o entrevistava na única situação em que considerava possível arrancar do entrevistado as verdades que este não confessaria “nem ao padre, nem ao psicanalista, nem ao médium, depois de morto”: em um terreno baldio, à meia-noite, tendo como testemunha apenas a figura da cabra vadia, que “não trai nem sai por aí fazendo inconfidências”.
A TV Globo realizou o cenário surrealista imaginado por Nelson Rodrigues: as entrevistas aconteciam em um terreno baldio reproduzido em estúdio e uma cabra de verdade representava a “cabra vadia” ficcional, ruminando a paisagem. O primeiro entrevistado foi o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, depois CBF), João Havelange.
A TV Globo realizou o cenário surrealista imaginado por Nelson Rodrigues: as entrevistas aconteciam em um terreno baldio reproduzido em estúdio e uma cabra de verdade representava a “cabra vadia” ficcional, ruminando a paisagem. O primeiro entrevistado foi o então presidente da Confederação Brasileira de Desportos (CBD, depois CBF), João Havelange.
FONTES
Depoimentos de Geraldo Casé e Maurício Sherman ao Memória Globo; LORÊDO, João. Era uma vez … a televisão, São Paulo, Editora Alegro, 2000, p.190; RIXA. Almanaque da TV, Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 2000, p.233; MEMÓRIA GLOBO. 'Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003'; “Na TV, barba e mergulho” In: Jornal do Brasil, 06/05/1987; “Hoje na TV” In: O Globo, 1966/67; CASÉ, Rafael. “Tempos heróicos” In: Revista da Comunicação, 01/03/1990; FREIRE, José Ribamar Bessa, “A Cabra Vadia e o Jacaré Cotó” In Diário do Amazonas, 04/04/2004. |