Com apresentação de José Abelardo Barbosa Medeiros, o Chacrinha, o 'Cassino do Chacrinha' era um programa de auditório com atrações musicais e show de calouros. A direção era de José Aurélio “Leleco” Barbosa, filho do apresentador, e de Helmar Sérgio.
O apresentador comandava o programa de duas horas que manteve a aparente anarquia dos anteriores – 'Discoteca do Chacrinha' (1967) e a 'Buzina do Chacrinha' (1967). Alguns elementos como uma edição rápida, cameraman aparecendo no vídeo, assistentes fantasiados, chuva de confete, plateia animada e movimentação intensa de artistas e “chacretes” no palco , ajudavam a dar o tom da atração.
Embora em menor número, o 'Cassino do Chacrinha' também promovia concursos, como o que elegeu a criança mais bonita de 1982. Manteve-se também o Concurso das Buzinadas.
O 'Cassino do Chacrinha' era gravado no Teatro Fênix, no Rio de Janeiro. O nome fazia homenagem ao primeiro grande sucesso radiofônico de Chacrinha, cerca de 30 anos antes, na Rádio Tupi.
O “Velho Guerreiro” morreu no dia 30 de junho de 1988, vitimado por um câncer no pulmão. O último 'Cassino do Chacrinha', que foi levado ao ar no dia 2 de julho de 1988, sábado seguinte a sua morte, tinha sido gravado 15 dias antes do falecimento do apresentador. Entre as atrações, Roberto Leal, Jair Rodrigues, RPM, Evandro Mesquita, Paralamas do Sucesso e Capital Inicial. As atrizes Suzana Vieira, Elke Maravilha e Monique Evans participaram como juradas.
Abertura do programa 'Cassino do Chacrinha' (1982).
O Programa
Todo sábado, o velho guerreiro entrava no palco ao som de “Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa”. Ladeado por suas sensuais “chacretes”, vestido com um dos seus figurinos extravagantes e coloridos, o apresentador animava o público com seu gestual e seus bordões, além de distribuição de bacalhau e abacaxi. Chacrinha também brincava com a plateia perguntando: “quem vai querer o pepino do Nuno Leal Maia?”; a “mandioca da Maria Betânia?” ; ou a “banana do Chico Anysio?”. A cada programa, um improviso. Mestre da comunicação popular, Chacrinha chamava: “Terezinha!”, e o auditório respondia: “Uh-uh!”. Muitas de suas frases, repetidas entre uma buzinada e o anúncio da próxima atração, marcaram época e fizeram história na televisão: “Quem não comunica se trumbica”; “Eu vim para confundir, não para explicar”; “Na TV nada se cria, tudo se copia”.
Bordões de José Abelardo Barbosa no programa 'Cassino do Chacrinha'.
A cada semana, até dez calouros se apresentavam no programa, sendo julgados por atores do elenco da Globo como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Mario Gomes e Vera Fischer, entre outros. A atriz Elke Maravilha e o radialista Edson Santana, rei momo do carnaval na época e algoz dos calouros, participavam como jurados fixos. Os vencedores recebiam prêmios em dinheiro.
Cassino do Chacrinha: Os jurados (1982)
Além dos calouros e dos concursos, cinco ou seis atrações musicais animavam o auditório. O Cassino do Chacrinha lançou diversos cantores e cantoras e ajudou a impulsionar a carreira de outros tantos.
Em 1987, o apresentador comemorou seus 70 anos no programa. Com problemas de saúde, Chacrinha chegou a ser substituído, a partir do dia 11 de junho de 1988, pelo humorista João Kleber. Antes do fim do mês, porém, Chacrinha já voltava ao comando do programa, compartilhando a apresentação com o mesmo João Kléber.
Jairzinho e Simony recebem o Disco de Ouro no programa 'Cassino do Chacrinha' (1987)
Ficha Técnica
Assistentes de produção: Armando F. Neves e Dinaldo Diniz
Redação: Emília Pires
Maquiagem: Dilma Alonso, Euclides de Souza, Adélia Teles e Aída Blanco
Supervisão de operações: Guassalin Nagen, Luiz Barbosa e Ronaldo Borges
Supervisor técnico: José Sérvulo
Iluminação: Henrique Leiner
Câmeras: Willen Bernard, Armando Verçosa, Ivalino Raimundo, Hélio Pol, J. Passos e Miroslav Neoral Câmera portátil: Paulo Maurício
Operação de vídeo: Carlos Câmara, Marcos Cheriff e Sérgio Motta
Operadores de caracteres: José Luiz Vieira e Enéas Gomes
Coordenador de palco: Wanderley Aparecido
Operadores de microfone: Antonio Pedro, Celio de Souza, Guilherme Pires e Paulo Mayato
Contra-regra: Eduardo Marinho e Jonas Araujo
Supervisão de contra-regra: Alvair Pires e Paracium Gonçalves
Direção: Helmar Sérgio
Direção-geral: Leleco Barbosa
Período de exibição: 06/03/1982 a 02/07/1988;
Horário: sábados, às 16h
FONTES
Boletim de programação da Rede Globo, 476, 478; MEMÓRIA GLOBO. 'Dicionário da TV Globo, v.1: programas de dramaturgia & entretenimento'. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2003; BARBOSA, Florinda e RITO, Lúcia. Quem não se comunica se trumbica, Rio de Janeiro, Editora Globo, 1996, p.157-73; ESQUENAZI, Rose. No túnel do tempo, um memória afetiva da TV brasileira Porto Alegre, Artes e Ofícios Editora, 1993, p.37-9; “TV Globo exibirá filmes no lugar do Cassino do Chacrinha” In: Folha de S. Paulo, 05/07/1988; BAPTISTA, Martha. “A incrível organização que faz funcionar a bagunça do Chacrinha” In: Jornal do Brasil, 03/04/1983; “Chacrinha está de volta e num cassino de verdade” In: Jornal do Brasil, 20/03/1983; MONTEIRO, Denilson e NASSIFE, Eduardo. Chacrinha: a biografia, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2014. |