Com padrões inéditos e ambiciosos, Paris inicia Olimpíada para entrar na história

O mundo volta seu olhar para Paris, onde a Cidade Luz se prepara para dar início a uma edição histórica dos Jogos Olímpicos. A cerimônia de abertura, marcada para hoje, promete ser um espetáculo sem precedentes, refletindo não apenas o glamour e a grandeza da capital francesa, mas também um compromisso com a inovação e a sustentabilidade que marca uma nova era do evento.

Pela primeira vez na história, a cerimônia não ocorrerá em um estádio tradicional, mas sim ao ar livre ao longo do rio Sena. Centenas de pessoas — incluindo 320 mil que compraram ingressos — se aglomerarão às margens do rio que corta a capital francesa para ver os atletas desfilarem pelo rio em embarcações.

O espetáculo inédito, que até o próprio presidente da França, Emmanuel Macron, inicialmente chamou de “uma ideia insana e pouco séria”, dará início aos 16 dias de competição.

Espalhados pelos cartões postais da cidade, os atletas competirão em locais como o Stade de France, Roland Garros, Champs-Élysées e em novas estruturas construídas especificamente para os Jogos, como a Arena Porte de la Chapelle. O cenário mais distante está do outro lado do mundo, onde os surfistas competirão na ilha de Taiti, na Polinésia Francesa.

Serão cerca de 45 esportes, incluindo as modalidades mais tradicionais, como atletismo, natação e ginástica, além de competições inéditas como o breakdance. Fora isso, algumas modalidades que já faziam parte do programa olímpico ganharam novas provas ou novos formatos que farão sua estreia olímpica, como o caiaque cross.

Após uma edição de Olimpíada muito discreta em Tóquio 2020 devido à pandemia, Paris oferece metas audaciosas, como a ambição de ser a primeira Olimpíada com a mesma participação de homens e mulheres nas competições.

A organização também quer zelar pelo meio ambiente com Jogos que poluam menos, sejam mais sustentáveis e mais virtuosos em questões sociais do que seus predecessores. Muitas das instalações são temporárias, como a arena de vôlei de praia à sombra da Torre Eiffel.

A cidade economizou muito dinheiro ao não precisar construir novas instalações, o que também ajudou a contribuir para seu objetivo de reduzir a pegada de carbono em comparação com Londres 2012 e Rio 2016. Entre as novas arenas, espera-se que o centro aquático em Seine Saint-Denis, um subúrbio pobre ao norte de Paris, incentive as crianças a nadar.

Com um custo estimado de US$ 9,7 bilhões — mais da metade aportada por patrocinadores, venda de ingressos e financiamento privado — os gastos de Paris têm ficado bem abaixo dos de Tóquio, Rio e Londres.

No entanto, os desafios de Paris para sediar tal evento são imensos, com a segurança sendo uma das principais preocupações da organização. A cidade já foi vítima de vários atentados de grupos extremistas e agora precisará proteger os mais de 10.500 atletas e milhões de visitantes.

A decisão de não realizar a cerimônia de abertura em um local tradicional montar alguns esportes em arenas temporárias no coração de Paris complicou ainda mais a tarefa de garantir a segurança dos Jogos. Organizações defensoras dos direitos civis e críticos temem pela magnitude da segurança, incluindo o uso de tecnologia de inteligência artificial.

Durante a cerimônia de abertura, por exemplo, os céus de Paris estarão fechados em uma área que abrange 150 quilômetros ao redor da capital, vigiada por aviões de caça, drones de vigilância, helicópteros com atiradores de elite e equipamentos para desativar drones.

O cenário internacional também não contribui para as preocupações de segurança, com a guerra da Rússia na Ucrânia e o conflito em Gaza como pano de fundo dos Jogos. Internamente, o país se encontra em um cenário político conturbado após as eleições legislativas antecipadas, que resultaram em um Parlamento dividido. Macron deixou para depois dos Jogos a escolha de um novo premiê.

Cerca de 45 mil agentes de polícia e 10 mil soldados foram mobilizados em Paris e seus subúrbios, onde 329 provas coroarão campeões olímpicos. As medalhas de ouro, prata e bronze que serão distribuídas estarão adornadas com uma peça do ferro original usado na construção da Torre Eiffel.

Ainda assim, se tudo correr bem, Paris espera ser lembrada por deixar uma marca indelével na história olímpica, com uma série de metas que se alcançar serão inéditas. Os organizadores garantem que os Jogos deixarão um impacto positivo em Paris após seu término — os Jogos Paralímpicos ocorrerão entre 28 de agosto e 8 de setembro.

Saiba a seguir as principais informações sobre o evento