Neste 17 de novembro, quando se completam 65 anos de morte de Heitor Villa-Lobos, o Acervo Roberto Marinho homenageia aquele que é considerado um dos maiores compositores das Américas. Uma fotografia com autógrafo para Irineu Marinho e um registro, também autografado, do encontro do compositor com Roberto Marinho e Stella Marinho, ilustram a presença, no Acervo do fundador do Grupo Globo, dessa personagem de primeira grandeza da história da música.
Autor de clássicos como as nove ‘Bachianas Brasileiras’, que incluem o famoso ‘Trenzinho Caipira’, e ‘A Floresta do Amazonas’, Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro em 05 de março de 1887 e faleceu no dia 17 de novembro de 1959, aos 72 anos. Filho de Noêmia Villa-Lobos e do músico amador Raul Villa-Lobos, começou a estudar clarinete e violoncelo aos seis anos e, ainda bem jovem, se encantou pela música urbana tocada pelos “chorões”, surgida em fins do século XIX, no Rio de Janeiro. Sob protestos da mãe, começou a aprender violão e a frequentar as ‘rodas’ da cidade. O contato com a música popular seria fundamental em sua obra.
Irineu Marinho, fundador dos jornais A Noite e O Globo, era um apaixonado por música clássica e ópera. Mas não só. Assim como Villa-Lobos, acompanhou com entusiasmo a popularização dos grupos chamados ‘regionais’, que tocavam choro, maxixe, polcas e outros gêneros urbanos que animavam salões, festas, praças e cinemas da então capital federal. Como já contamos aqui e aqui, Irineu Marinho se tornou, através da Noite, um dos grandes defensores do conjunto Os Oito Batutas, formado por Pixinguinha, Donga, João da Bahiana e outros músicos negros, que enfrentavam críticas racistas da elite da época. Pouco antes de morrer, Irineu convidou o grupo para animar a festa de carnaval em sua casa de Corrêas.
Em 05 de setembro de 1922, Villa-Lobos ofertou seu retrato ao jornalista, “insigne defensor da opinião pública no Brasil”. Para que os votos de solidariedade do compositor chegassem ao destinatário, no entanto, seria preciso recorrer a um portador. Naqueles dias, Irineu Marinho encontrava-se preso, por ordem do então presidente Epitácio Pessoa, suspeito de colaboração com o movimento tenentista através do jornal A Noite. Seriam quatro meses de cárcere na Ilha das Cobras.
Assim como o pai, Roberto Marinho era um amante da ópera, da música de concerto, mas também dos gêneros populares brasileiros. Grandes recepções em sua residência, no Cosme Velho, tiveram como destaque músicos como Pixinguinha, Dorival Caymmi, entre outros grandes nomes do choro, do samba e da bossa-nova. Nos veículos de comunicação que fundou, a música – tanto a clássica como a popular – sempre esteve presente. E de seu sonho de popularizar a música clássica nasceram iniciativas como o Projeto Aquarius, criado pelo Globo em 1972, e os Concertos para a Juventude, exibidos semanalmente pela TV Globo entre 1965 e 1984.
A segunda fotografia que reproduzimos nesta homenagem – e que faz parte do Acervo Roberto Marinho – registra o jornalista e sua esposa Stella Goulart Marinho, em trajes de gala, ao lado de Heitor Villa-Lobos. Na dedicatória, datada de 04 de novembro de 1949, lê-se: "Ao feliz casal amigo Roberto Marinho a lembrança grata e afetuosa do Villa-Lobos”. Naquela noite, o compositor havia recebido a mais importante comenda do governo francês, a Legião de Honra. A mesma honraria que Roberto Marinho também receberia em duas ocasiões.
Com cerca de mil obras compostas ao longo da vida, o maestro Villa-Lobos é o mais importante compositor de música clássica brasileira. Foi fundador da Academia Brasileira de Música e a data de seu nascimento, 5 de março, é celebrada como o Dia Nacional da Música Clássica.