Documentos


Às vésperas do Natal de 1948, Roberto Marinho e sua esposa, Stella Marinho, ofereceram uma recepção para diversos artistas. Escritores, cantores, artistas plásticos, bailarinos e outras personalidades renomadas estiveram na residência do Cosme Velho para celebrar um ano marcado pela promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 

O clima de descontração foi registrado pelas lentes do fotógrafo Kázmér Takacs e as fotos foram publicadas na edição de dezembro da revista Rio. São cenas de conversas animadas, apresentação de músicos, cantores e mágicos, e até mesmo a leitura de mãos.

Apresentação de Dorival Caymmi no Cosme Velho — Foto: Kázmér Takacs/Acervo Roberto Marinho

Em um dos flagrantes publicados pela Revista Rio, Dorival Caymmi dedilha o violão, sob olhares admirados dos convidados, enquanto interpreta sua famosa canção ‘O Mar’, sucesso desde o início daquela década.

O conjunto de sete fotografias da recepção, que hoje faz parte do Acervo Roberto Marinho, revela ainda a presença de outras figuras importantes no cenário cultural brasileiro, como a atriz Dulcina de Moraes, o dramaturgo e diretor de teatro Procópio Ferreira, o escritor Nelson Rodrigues, o cenógrafo e artística gráfico Santa Rosa, o escritor José Lins do Rego e a pintora Djanira. Ela protagonizou dois registros curiosos feitos durante o encontro.

Em uma das fotos, Djanira – que acabara de chegar de uma temporada nos Estados Unidos – lê as mãos de Glorinha Lins do Rego, filha do famoso escritor. Naquela noite, a pintora também interpretou as linhas do destino do anfitrião da casa, conforme outro registro publicado nas páginas da Rio.

Galeria de imagens

8 fotos
Recepção no Cosme Velho

Entre conversas, apresentações e sorrisos, o cronista Agostinho de Olavo passeava pelo casarão Cosme Velho pesquisando o significado do Natal para os convidados. Uma das respostas mais curiosas, reproduzida pela revista, veio do escritor José Lins do Rego: “Pensar no Natal é pensar em reconstruir uma coisa que vai inteiramente sendo devorada pelo convencionalismo do Papai Noel. O Natal do Brasil era uma festa e hoje é uma convenção”, declarou. A festa oferecida pelo casal Roberto e Stella Marinho – celebrando a vida e os encontros entre parentes e amigos naquela noite feliz – talvez buscasse ser justamente um antídoto para isso.

Mais de Documentos

Em fins de 1948, Roberto Marinho recebeu artistas em animada confraternização no Cosme Velho

Então é Natal...

Fotografias do Acervo Roberto Marinho registram a presença do maestro em recepção oferecida por Roberto Marinho aos participantes do III FIC, em 1968

30 anos sem Tom Jobim

Conheça dois registros do compositor presentes no Acervo Roberto Marinho

Heitor Villa-Lobos

Reportagem do Globo destacou troca de cartas entre João do Rio e Irineu Marinho

Dois jornalistas, uma amizade

Com cartaz de Djanira e Rubem Braga, Globo celebrou o Ano Internacional da Criança

Dois-dois

Roberto Marinho atuou como reservista nos dias decisivos do fim da República Velha

Um soldado na Revolução de 1930