Muitos artistas brasileiros e estrangeiros colaboraram com a revista Rio ao longo de sua existência, alguns de forma pontual, outros com regularidade. Figuras como Di Cavalcanti, Djanira, Burle Marx, Anísio Medeiros, Sansão Castello Branco, Glauco Rodrigues e Van Rogger criaram obras especialmente para ilustrar capas da publicação.
Sansão Castello Branco
Dos muitos artistas que contribuíram com a revista Rio, o piauiense Sansão Castello Branco (1920-1956) foi um dos mais ativos. Criou capas usando uma linguagem apoiada na pintura, com uma narrativa predominantemente figurativa. Mas usou também outras técnicas e materiais, criando volume e tridimensionalidade para algumas imagens. Seu trabalho se destaca pelo uso do movimento e de cores fortes.
Castello Branco morreu jovem, aos 36 anos. Seu último trabalho foi uma versão do seu famoso galo, desenhada pouco dias antes da sua morte. A imagem foi veiculada na capa da revista Rio em março de 1956. Naquela edição, a revista publicou um texto em sua homenagem: “Seus últimos desenhos são como um adeus num esforço bem-sucedido de superação. O desejo de deixar a melhor marca dos últimos dias”.
Enrico Bianco
O pintor, desenhista e gravurista de origem italiana Enrico Bianco (1918-2013) foi um dos principais colaboradores da Rio. O artista era responsável pela direção de arte da revista e, por isso, estava atento a todos os detalhes visuais da publicação. Ao longo dos anos, produziu uma grande quantidade de ilustrações e também algumas capas do periódico.
Bianco foi colaborador de Candido Portinari, tendo ajudado o pintor na realização de alguns de seus trabalhos mais conhecidos, como o painel 'Guerra e Paz', presenteado à ONU, em Nova York, e o mural do Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro. O artista ilustrou a edição especial do livro Caçador de Esmeraldas, de Olavo Bilac, da coleção Cem Bibliófilos do Brasil.
Em texto no qual analisa a obra de Enrico Bianco, publicado na Rio em setembro de 1944, o jornalista Franklin de Oliveira destaca seu engajamento social: “Bianco substitui os suspeitos valores do isolacionismo estético pelo largo entendimento da participação da arte nas lutas e conflitos da vida. Para ele a emoção artística mais completa é uma emoção de ordem social (...). Uma arte vital como a de Bianco, que se alimenta de carne e sangue, angústias e sonhos, esperanças e desesperos, não pode ignorar a trágica coação que o mundo exerce sobre os homens de pensamento.”
Burle Marx
Roberto Burle Marx (1909-1994) ganhou fama internacional como artista plástico e paisagista. Assinou, entre outros trabalhos, projetos icônicos como os desenhos em pedras portuguesas na orla da praia de Copacabana e os jardins do Aterro do Flamengo, no Rio.
Excelente pintor, desenhista e designer, Burle Marx tinha o traço forte e estilo marcante. Criou para a revista Rio belíssimas capas. Em sintonia com as vanguardas modernistas do seu tempo, usou técnicas variadas na composição tanto de imagens figurativas quanto abstratas.
Michel Burton
O francês Michel Burton foi outro colaborador ativo da revista Rio. Produziu capas e também ilustrações internas da publicação. O traço fino e delicado era uma marca de seus desenhos. O artista também usou, em suas criações, fotografia em colagens modernas.
Anos depois, Burton aprofundaria a proposta estética em outros projetos, como nos desenvolvidos para a revista Senhor, na qual trabalhou como diretor artístico.
Lázslo Meitner
O artista húngaro Lázslo Meitner (1900-1968) trouxe para a Rio a experiência que acumulou como ilustrador de outras publicações, como as alemãs Simplissimus, Jugend e Querschnitt. Criou mais de uma dezena de capas para a revista, ao longo das décadas de 1940 e 1950. Nesse período, é possível perceber a evolução do seu estilo.
Julio Senna
O trabalho de Julio Senna na revista Rio flerta com o de grandes caricaturistas do seu tempo. Seus desenhos se destacam pela delicadeza do traço e leveza das formas, assim como pelo acentuado senso de humor.
Anísio Medeiros
O desenhista e famoso cenógrafo piauiense Anísio Medeiros (1922-2023) produziu belíssimas capas para a revista Rio. Com criatividade, usou técnicas e estilos variados, imprimindo em todos os trabalhos sua marca pessoal: o traço marcante e expressivo. Com destreza, passava com tranquilidade da expressão figurativa à abstrata.
Vitorio Gheno
O gaúcho de origem italiana Vitorio Gheno (1923) trouxe para a Rio seu estilo pessoal de desenho, caracterizado pelo traço firme e as cores vibrantes. O artista se tornou conhecido por usar, com igual desenvoltura, diferentes técnicas de pintura e desenho, como óleo, aquarela, nanquim, bico de pena, litografia e carvão. Imprimiu essa variedade nas capas que criou para a revista.
Darcy Penteado
O artista plástico e cenógrafo Darcy Penteado de Campos (1926-1987) começou a se destacar na cena cultural nos anos 1950 pelos desenhos elegantes que criava para publicações ilustradas. Na coleção da revista Rio sob a guarda do Acervo Roberto Marinho há duas capas do autor. Em cada uma, utilizou uma técnica e um estilo diferente.