Confira os bastidores da guerra em 'Éramos Seis'
A guerra entre revolucionários e getulistas movimentou a trama de Éramos Seis e também os bastidores da novela. As equipes de cenografia, produção de arte, figurino e efeitos especiais trabalharam com meses de antecedência para representar de forma fiel os conflitos da Revolução Constitucionalista de 1932. Todo esse processo começa quando as pesquisadoras de imagem e de texto, Julia Franceschini e Patrícia Bruzzi, definem as referências. Esse trabalho é feito em parceria com o diretor artístico, Carlos Araújo, e a autora, Ângela Chaves, que selecionam os elementos mais pertinentes à trama.
"Quando a gente fala de pesquisa, não é só o dado histórico. Vai desde o uniforme que a pessoa está usando, o armamento... então a gente buscou essas referências com pessoas que pesquisam sobre isso há mais de 20 anos. Pelo menos nessa parte de texto e de conteúdo, tentamos buscar fontes primárias", explicou Patrícia.
"Na Revolução, a gente selecionou trincheiras, tanques de guerra, imagens de bastidores como soldados mexendo em mantimentos, mulheres cozinhando, uma série de cenários da guerra. Em relação à pesquisa de referências pra arte e figurino, foi onde a gente se juntou", contou Julia.
A produção de arte cuidou da confecção de itens notáveis como canhões, armas e alimentos cenográficos, além dos cartazes de propagandas políticas que marcaram o período. Mas Maria Rita Pancada, assistente de produção de arte, também ressaltou a importância de elementos singelos que compõem a ambiência do front de uma guerra:
"As pessoas lendo cartas, vendo fotos da família, jogando um carteado. Toda essa ação que existe, que a gente encontrou dentro da pesquisa, a gente tentou levar para as trincheiras para que houvesse essa proximidade com a realidade."
O mesmo cuidado se aplicou ao figurino. Apesar da corrida contra o tempo para confeccionar cerca de 100 fardas de soldados, além dos uniformes das enfermeiras e demais voluntários, a figurinista Labibe Simão fez questão de conferir individualidade a cada peça.
"Não tinha uma regra, não eram todos iguais. Cada um tem o seu jeitinho, um com a gola, outro sem a gola, porque foi uma grande movimentação popular de pessoas que ajudaram na confecção dessas roupas", explicou Labibe.
O cenógrafo Fabio Rangel reforçou o caráter popular e até precário do conflito, já que o exército dos revolucionários constitucionalistas era composto em grande parte por voluntários civis. Durante a construção de uma trincheira, a equipe de cenografia se deparou com uma mina de água no local escavado, mas não encarou a surpresa como um obstáculo. Pelo contrário: eles aproveitaram para tornar o cenário mais realista.
"Construímos uma trincheira e usamos uma retroescavadeira para atender ao pedido da direção. Quanto mais improviso para a gente contar essa guerra, é válido, porque não foi uma guerra rica. Na verdade, era o estado de São Paulo contra o Brasil", contou Fabio.
E por falar em realismo, não existe guerra sem batalha. É aí que entra a equipe de efeitos especiais. Para preparar as bombas e tiros de festim que conferem impacto à sequência, a equipe precisa de informações precisas como a quantidade de dias de gravação, o tamanho do set de filmagem e a que distância das pessoas as explosões acontecerão. Maximiliano Souza, responsável pelos efeitos especiais, contou os detalhes desses procedimentos:
"Foram dez bombas, cada uma de uma proporção diferente, dependendo da distância ou do tipo de lente que estivesse sendo usado. E em algumas armas, são usados tiros de festim, fornecidos por uma empresa. Nas armas que não possuem esse mecanismo, os tiros são colocados com computação gráfica."
A computação gráfica e outros recursos de edição de vídeo são inseridos na pós-produção. A equipe de efeitos visuais adiciona elementos para intensificar a emoção e o impacto das cenas filmadas, como explica Raony Nery:
"Nosso trabalho foi deixar a coisa mais grandiosa. Colocamos explosões a mais, tiros nas armas, tremidas de câmera, para parecer que o impacto das bombas foi maior. Coisas que seriam perigosas no efeito prático."
"Outra coisa interessante que tivemos que fazer foram os aviões do Getúlio Vargas. Tivemos que criar esses aviões 100% digitais e fazer a inserção desses elementos 3D."
Foram quatro dias de gravação apenas para as sequências no front, que dividiram as equipes e o elenco entre Campinas, em São Paulo, e locações no Rio de Janeiro. O ator Nicolas Prattes encarou calor intenso, efeitos de chuva e fumaça e luta corpo a corpo com os dublês, tudo para transmitir o espírito destemido de Alfredo.
Dá o play no vídeo para conferir com quanto trabalho se faz uma revolução!