Skincare sustentável: saiba como deixar a rotina de beleza mais ecológica

A gente sabe que não é dia um para o outro que você vai se livrar de todos os itens de plástico, mas algumas dicas são bem simples – e vão até fazer você economizar: o bolso e o planeta agradecem!

A lista de ingredientes é longa? Sim! As letras são minúsculas? Sim! Mas é essencial saber o que estamos aplicando no corpo? Com certeza! Além de analisar a possível presença de substâncias tóxicas ou poluentes para o meio ambiente, é preciso ficar atento aos itens potencialmente alérgicos para nós mesmos.

Fernanda Chauvin, cosmetóloga e farmacêutica bioquímica, comentou que um ponto importante é “observar as fórmulas que a marca usa, evitando, principalmente, ativos como os petrolatos e os parabenos.”

Os frascos de plástico ainda são os mais comuns, mas é notável o aumento de empresas que têm optado por outros materiais, como papel e vidro. Aqui vão mais alguns truques na hora de montar a rotina de skincare:

• Escolha embalagens reutilizáveis.
• Várias marcas oferecem produtos com opção de refil, que se tornam mais econômicos com uso frequente.
• Invista em embalagens biodegradáveis ou outros tipos de materiais que causem o menor impacto possível ao meio ambiente: papel ou plástico reciclado, papel kraft, fibra de coco, papelão, tecido ou embalagens plantáveis (feitas com uma mistura de papel reciclado e sementes).
• E que tal trocar aquela escova de dente de plástico por uma de bambu? Também existem pentes e escovas de cabelo nesse material e cotonetes com haste de papel.
• 100% de aproveitamento! Se você não conseguir escapar da embalagem plástica, vale cortar o tubo do cosmético para usar o conteúdo até o fim.
• Nada de jogar a embalagem vazia no lixo comum, hein? Se possível, lave e descarte com itens recicláveis.

É possível encontrar shampoos, condicionadores, hidratantes e até desodorantes em barra. Além de dispensarem embalagens plásticas, ainda costumam render muito mais que a versão líquida!

“No produto em pó, como os sabonetes, temos o conceito do waterless, que também é sustentável, pois preza pelo menor desperdício de água tanto na produção da embalagem, que passa a ser menor, quanto no volume usado no conteúdo do produto”, explica Chauvin.

A especialista cita alguns itens e protocolos banidos da rotina de beleza sustentável ou que devem, ao menos, serem evitados:

• Tratamentos de limpeza de pele com muito desperdício de água ou materiais descartáveis.
• Esfoliantes com partículas derivadas do plástico, prejudiciais à vida marinha.
• Parabenos são disruptores hormonais e, portanto, podem modificar o perfil hormonal do indivíduo.
• Esmalte é um dos produtos com parabenos e outras centenas de produtos tóxicos em sua composição, sem contar o vidro da embalagem que vai parar nos lixões.
• Óleos minerais que sejam derivados do petróleo.
• Substâncias de origem ou animal.
• Corantes ou essências artificiais.
• Máscaras faciais de tecido ou algodão são grandes vilãs: a maioria não é feita de material biodegradável e contém ingredientes que poluem o solo e a água.

Uma pesquisa encomendada pelo veículo britânico The Independent afirma que as vendas das sheet masks (máscaras em folha) “podem chegar a £369 milhões até 2025 e estima-se que um milhão de máscaras são jogadas fora todos os dias.”

O absorvente é um item de necessidade básica, mas já listamos por aqui alternativas mais sustentáveis como o coletor menstrual e calcinha absorvente. Para quem puder investir, elas são um pouco mais caras, mas acabam sendo opções bastante em conta logo nos primeiros meses, já que são reutilizáveis.

Para frear o impacto destes descartes no meio ambiente, algumas empresas têm criado programas de coleta de cosméticos e maquiagem que, normalmente, são descartadas incorretamente. Que tal checar se sua marca favorita oferece alguma ação do tipo?

Quem não se lembra daqueles famosos tutoriais de skincare intermináveis? Além de ser um hábito impraticável a longo prazo, requer um alto investimento e não é ecológico e nem sinônimo de uma pele saudável. Ao invés disso, vale procurar opções com mais uma finalidade, como séruns que hidratam e tratam acne, ou blush que pode ser usado como gloss e sombra, por exemplo. Isso ajuda a economizar, reduzir o descarte de lixo, a ganhar tempo e espaço na bolsa: olha aí, só vantagens!

Não se deixe enganar! Muitas marcas podem ter um discurso incrível sobre sustentabilidade, mas nem todas o exercem de fato, pelo contrário, só se utilizam de pautas ecológicas como marketing puro: essa prática é chamada de greenwashing (“lavagem verde”, em inglês).

Vale o follow: perfis do Instagram, como o da ativista ambiental Fê Cortez e da bióloga marinha Tainah Barcat, também têm dicas de ouro para não cair nestas armadilhas, além de falarem sobre consumo consciente e descarte correto de materiais.

Para evitar que estas práticas ruins aconteçam, existem órgão reguladores e empresas certificadores que estão de olho nas empresas do setor de cosméticos. O PETA (sigla em inglês para Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais) é o selo mais importante que garante que você não está comprando nada que é testado em animais ou de origem animal, ou seja, produtos cruelty-free (“livre de maldade”).

Também outras certificações reconhecidas para você ficar ligado na procedência dos cosméticos que consome: veja aqui!

“Lembrando que ter os selos de certificação é um desafio na indústria, pois o ideal é garantir a rastreabilidade dos ingredientes e que toda a cadeia seja eco-friendly. Por isso, também recomendo se aprofundar sobre o trabalho das marcas que você gosta, para acompanhar sua dedicação em ser mais sustentável e cruelty-free, desde a extração do ativo de forma responsável até a entrega em uma embalagem que vai ter menor impacto ambiental”, reforça a especialista.

Muito bem, você descobriu que a marca que você gosta só usa ingredientes naturais. Mas já pensou em como eles são coletados? A cosmetóloga também sugere que, ao pesquisar sobre os conceitos de beleza limpa, vale entender como essa produção acontece:

“Outra questão importante é pensar no uso de substâncias naturais, mas que sejam retiradas de forma sustentável, que gerem emprego na região de retirada sem gerar dano ao ambiente. Não basta ser só natural, tem que ser um natural sustentável.”

• Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal

Uma resolução do CONCEA, publicada em fevereiro de 2023, proíbe o uso de animais na produção de cosméticos.

“Art. 1º Fica proibido no País o uso de animais vertebrados, exceto seres humanos, em pesquisa científica e no desenvolvimento e controle da qualidade de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes que utilizem em suas formulações ingredientes ou compostos com segurança e eficácia já comprovadas cientificamente.”