O interesse por sexo cresce com o aumento da prática sexual? Entenda se o hábito de transar está ligado à libido

Especialistas explicam o que muda se você decidir aumentar a frequência de sexo e como o ‘desafio’ dos cem dias consecutivos podem impactar na vida do casal

Por Clarice Muniz, Especial para o gshow — Rio de Janeiro


O interesse por sexo cresce com o aumento da prática sexual? Entenda se o hábito de transar está ligado à libido — Foto: Freepik

Sexo é uma prática? Se você está disposta a olhar para o sexo como uma atividade física ou como um simples ato de beber água, pode ser que esse momento da rotina se torne um hábito na sua vida. Mas não significa que se você decidir transar 100 dias seguidos com a sua parceria, haverá uma explosão de desejo ao longo desse período.

“O sexo está relacionado ao hábito, mas não podemos dizer que está relacionado à vontade. Não é a quantidade que vai trazer um aumento da libido, você pode estar cumprindo apenas uma tabela. Agora, quanto mais você pratica um sexo que é positivo e satisfatório, aí você terá vontade de praticar mais”, explica a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello.

Segundo a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Débora Pádua, a prática regular de sexo pode influenciar a libido, mas ela reforça que não é tão simples acreditar que "quanto mais se pratica, maior é a vontade".

“Estudos sugerem que a atividade sexual pode aumentar os níveis de certos hormônios, como a oxitocina e a dopamina, que estão associados ao prazer e ao desejo. E a prática regular de sexo pode melhorar a autoimagem e a conexão emocional com o parceiro, o que, por sua vez, pode aumentar a libido”, esclarece.

Como o ‘desafio’ do sexo por cem dias pode impactar na vida do casal

O interesse por sexo cresce com o aumento da prática sexual? Entenda se o hábito de transar está ligado à libido — Foto: Freepik

Quando Heloísa Perissé revelou que encarou o desafio de praticar cem dias consecutivos de sexo com o marido, muita gente se surpreendeu com essa proposta de reacender a relação íntima. De acordo com Débora Pádua, esse “desafio” pode funcionar para alguns casais.

“Não se diz que a prática leva à perfeição? Isso pode ser interessante quando ambos estão dispostos e explorar essa experiência juntos, mas alguns problemas podem surgir no meio do caminho. A experiência pode valer a pena, já que a prática sexual, quando realizada de forma contínua, traz muitos benefícios”, explica ela.

A conexão emocional e os benefícios físicos são alguns pontos destacados pela especialista, assim como a melhor comunicação entre o casal. “Mas nem tudo serão flores, eles encontrarão momentos de cansaço físico e mental, um toque de pressão para que realmente isso aconteça e não quebre o ciclo”, pondera.

O ideal, segundo a sexóloga, é que os casais tentem se divertir nessa busca, desde variar posições, experimentar coisas diferentes como acessórios, vibradores e géis para não tornar o desafio monótono e sem graça com o passar dos dias: “Lembrando que nem todos os casais chegarão ao fim da jornada, mas sempre é tempo de tentar novamente, caso tenham vontade.”

A frequência de sexo pode aumentar a libido?

O interesse por sexo cresce com o aumento da prática sexual? Entenda se o hábito de transar está ligado à libido — Foto: Freepik

Cecarello ressalta que a frequência de sexo não está, necessariamente, relacionada com o aumento da libido. Isso porque não basta praticar o sexo com uma frequência alta se ele não for satisfatório.

“Você pode estar praticando o sexo apenas para cumprir uma obrigação. Mas se você pratica esse sexo com qualidade, sem dúvida nenhuma a vontade aumentará cada vez mais, neste caso, há uma relação direta com a libido”, explica a sexóloga.

Desta forma, ela afirma, o sexo é praticado com mais vontade porque é feito com qualidade e proporciona maior prazer. Débora Pádua destaca que vários motivos podem ser associados ao aumento da libido durante a prática regular de sexo.

  • Fisiologicamente: melhora a circulação sanguínea e eleva os níveis de hormônios como a oxitocina e a dopamina.
  • Psicologicamente: sentir-se desejado e amado aumenta a autoestima e a confiança, o que reforça o desejo sexual.
  • Emocionalmente: a prática fortalece a intimidade e a conexão entre os parceiros, tornando mais intenso o desejo de compartilhar momentos íntimos.

“No entanto, essa relação pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como saúde, estado mental e qualidade do relacionamento”, ressalta a fisioterapeuta pélvica.

O interesse pela prática de sexo pode ser impactado por vários fatores

O interesse por sexo cresce com o aumento da prática sexual? Entenda se o hábito de transar está ligado à libido — Foto: Freepik

Muita gente acredita que a frequência de sexo é um bom medidor para entender se a vida de um casal é feliz ou se, ainda que uma pessoa esteja solteira, ela é mais feliz. Mas a verdade é que diversas questões podem interferir no desejo sexual.

“Os fatores alteram constantemente na vida da gente, vai depender do tipo de parceria que você tem, do momento de vida que você se encontra, e isso tem a ver se está sofrendo muita pressão no trabalho, por exemplo, entre outras questões”, explica Carla Cecarello.

A idade também pode interferir nessa frequência de sexo: “Mesmo quando você é jovem, que tem vontade de praticar mais por estar numa fase de querer conhecer mais, se o sexo gostoso e prazeroso estiver aliado à prática, a sua vontade aumenta significativamente.”

O sexo nas diferentes fases da vida

Com relação às diferentes etapas da vida, Débora faz um recorte por fases para uma melhor compreensão de como essa relação pode funcionar.

  • Adolescência e início da vida adulta: os níveis de hormônios sexuais, como a testosterona e o estrogênio, são elevados e resultam em um desejo sexual mais intenso. É a fase da descoberta e experimentação sexual.
  • Meia-idade: muitos indivíduos ainda mantêm uma vida sexual ativa, mas a frequência pode começar a diminuir devido a fatores como aumento das responsabilidades, estresse relacionado ao trabalho e à família, e mudanças hormonais para mulheres (perimenopausa e menopausa) e nos homens (andropausa).
  • Idade avançada: a frequência sexual tende a diminuir, mas muitas pessoas continuam a ter uma vida sexual satisfatória depois dos 60 anos. A saúde física e mental, a qualidade do relacionamento e atitude em relação ao sexo desempenham papéis cruciais.
  • Fatores emocionais: em todas as fases da vida, fatores psicológicos e emocionais, como autoestima, imagem corporal e intimidade emocional com o parceiro podem influenciar a frequência sexual.
  • Paixão ou início de um relacionamento: quando se inicia um relacionamento, a tendência é que os casais tenham uma vida sexual com uma frequência muito maior devido a fase da paixão, mas também pode reduzir com o tempo.