O fio terra nada mais é do que uma prática sexual que estimula a região anal. Algo simples e comum, mas que ainda é considerado um tabu entre homens heterossexuais.
O assunto veio à tona na semana passada, após um episódio do “Surubaum”, programa apresentado por Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. Enquanto o casal jogava “Eu Nunca” com as convidadas Pepita, Clara Moneke e Pocah, o ator revelou já ter feito fio terra.
Para a especialista em sexualidade Isabela Cerqueira, a falta de informação de qualidade contribui com a “manutenção dos tabus” e o preconceito contra práticas consideradas “fora dos padrões”. Segundo ela, o mesmo ainda acontece com temas relacionados ao prazer feminino, abordado – com o perdão do trocadilho – “cheio de dedos” por muitas mulheres.
Além disso, existem muitas fakes news a respeito do tema que impedem as pessoas de saírem da mesmice durante as relações. Uma delas envolve, é claro, a masculinidade frágil e a constante necessidade que muitos homens sentem em exibir uma postura viril e evitar qualquer atitude que fuja do padrão social.
Cerqueira derruba dois destes mitos sobre a prática sexual:
- Fio terra é doloroso: “Com lubrificação, relaxamento e estímulos adequados, a prática não deve doer. A dor geralmente vem da falta de lubrificante, pressa ou falta de comunicação. Então abuse deste produto e da conversa.”
- Trata-se de uma prática homossexual: “É importante dizer que o prazer anal não está ligado à orientação sexual, é fisiológico. É normal, por exemplo, um homem heterossexual sentir prazer em estimulação anal devido a todas as terminações nervosas da região”.
Como é feito e quais são os cuidados na hora H?
Isabela explica que a prática consiste em uma carícia, toque ou penetração com os dedos e até o estímulo com um sex toy no ânus. Como dito anteriormente, esta região do corpo possui muitas terminações nervosas, pode ficar extremamente sensível durante o momento de excitação e, portanto, oferece mais chances de sentir um orgasmo intenso.
Fio terra: dicas para evitar situações embaraçosas
Mas é preciso cuidado ao investir na prática. Por isso, Isabela lista algumas dicas para evitar situações embaraçosas e até lesões na região íntima.
- Consentimento: o primeiro passo é conversar com a parceria, entender se os dois estão confortáveis, abertos a novas experiências e respeitar os limites de cada um. “O mais importante, como sempre, é o conforto e o prazer”, reforça a especialista.
- Lubrificação: abuse de lubrificantes, preferencialmente à base de água. Ao contrário da vagina, a região anal não possui lubrificação própria, então o produto ajuda a evitar atritos e fissuras, além de deixar a prática mais confortável.
- Relaxe: é importante que a pessoa esteja à vontade na hora a relação. “Ficar com a região tensionada e os músculos contraídos, dificulta a entrada dos dedos, pode causar lesões e não deixa a prática ser prazerosa.”
- Higiene: certifique-se de que as mãos e os sex toys estejam devidamente limpos antes do fio terra. Além disso, é recomendável fazer uma higienização anal (que pode ser realizado com uma ducha íntima) para evitar o escape de resíduos intestinais durante o ato.
- O mesmo vale para depois que a “brincadeira” acabar: lembre-se de lavar as mãos e os toys antes de introduzi-los na vagina, por exemplo. “Existem bactérias no ânus que são inofensivas nessa região, mas que podem contaminar a vagina ou a uretra e causar infecções”, alerta.
- Por fim, aos curiosos e interessados, a recomendação da especialista é “se permite ir além”! Com segurança e uma parceria de confiança, ela defende que é possível descobrir como mamilos e ânus, por exemplo, podem ser zonas erógenas, ou seja, de excitação sexual e prazer.