Após o parto, os órgãos voltam ao lugar, mas algumas pacientes são diagnosticadas com a chamada diástase abdominal. Isso acontece quando quando os músculos retos do abdômen sofrem um afastamento.
“A diástase é a separação das duas bainhas do músculo reto abdominal, o músculo que fica na parte anterior do abdômen – desde a parte inferior das mamas até a parte superior do púbis”, explica Alexandre Sanfurgo, cirurgião plástico membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e da International Society of Aesthetics Plastic Surgery (ISAPS).
Esse músculo é formado por dois feixes musculares que podem se separar por vários motivos e, quando isso acontece, uma “tela” se forma entre as duas partes, a fáscia. Segundo o médico, essa camada não possui a mesma contratilidade (capacidade de se contrair) dos músculos laterais:
“Isso faz com que a pessoa tenha uma fraqueza de abdômen e altera o que chamamos de ‘core’, ou seja, vai desestruturar o componente e força abdominal, o quadril e a postura”.
Principais causas e sintomas
Apesar de ser muito associado a uma condição pós-parto, a diástase também possui outras causas, como problemas de postura, fraqueza abdominal e obesidade, e atinge, geralmente, homens e mulheres a partir dos 35 anos.
“Com o aumento excessivo de peso, há maior gordura visceral, a que está dentro da cavidade abdominal. Isso vai fazer com que haja necessidade do crescimento da cavidade abdominal, fazendo com que a diástase apareça.”
Como se trata de uma condição subdiagnosticada, segundo Sanfurgo, é importante ficar atento aos possíveis sintomas.
Sintomas funcionais:
- Protuberância na região abdominal;
- Desconforto abdominal;
- Incontinência urinária;
- Alteração no funcionamento do intestino;
- Dor na lombar;
- Abaulamento abdominal.
Sintomas estéticos:
- Protrusão abdominal (abaulamento da região do abdômen);
- Aumento de curvatura lombar.
Como identificar?
O cirurgião afirma que o diagnóstico clínico acontece em duas etapas: o estático e o exame. O estático é feito com o paciente deitado e em movimento de flexão, o que permite identificar uma curvatura lombar, da protrusão ou abaulamento abdominal.
No exame, dois são indicados: a ultrassonografia – que permite ver com clareza a separação da bainha dos músculos retos – e, em determinados casos, a tomografia.
Cirurgia
A abdominoplastia é a cirurgia recomendada para reverter quadros de diástase. O procedimento consiste em descolar toda a região do abdômen, remover o excesso de gordura e fazer uma sutura manualmente.
Segundo ele, o método com robótica ao invés do laparoscópio (instrumento com câmera e foco de luz que auxilia o cirurgião) é mais preciso, menos invasivo, requer um tempo menor de internação e oferece um pós-operatório menos doloroso.
Como dito anteriormente, o excesso de peso e a fraqueza abdominal estão entre as maiores causas da diástase. Portanto, para quem busca uma alternativa à cirurgia, o médico recomenda focar em exercícios que estimulem esta região para que os músculos laterais voltem à sua posição original.
O especialista explica que não é possível evitar que a diástase aconteça, mas existem maneiras de preparar o corpo para uma alteração corporal como a que acontece durante a gestação, por exemplo:
- Atividades físicas que reforcem o assoalho pélvico: “Isso faz com que o músculo esteja mais forte e menos suscetível a esse abaulamento”;
- Exercícios abdominais chamados de LPF (sigla em inglês para Low Pressure Fitness, ou “exercícios de baixa pressão”): são abdominais para fortalecimento e diminuir os efeitos da diástase.