Maya Massafera fala sobre sua cirurgia de transição vocal
Desde sua transição de gênero, Maya Massafera vinha gerando uma curiosidade nos fãs: por que a influenciadora anda tão calada? Ela explicou o motivo em uma série de stories, por escrito, contando ter feito uma cirurgia de transição vocal que talvez precise ser refeita, pois Maya teve uma forte dor nos olhos, o que a fez chorar muito e, consequentemente, romper alguns pontos. Mas, afinal, que cirurgia é essa?
Há dois tipos principais de cirurgia de transição vocal: a glotoplastia, como a de Maya, feita em mulheres transexuais, e a tiroplastia tipo 3, indicada para homens transexuais.
No caso da glotopastia, o procedimento é feito pela boca, não deixa cicatrizes e a cirurgia costuma ser curta, entre uma hora e 90 minutos. São dados em média de 3 a 4 pontos e, no mesmo dia, a paciente já tem alta. "O que a cirurgia faz é encurtar as cordas vocais, produzindo mais ciclos vibratórios, o que torna a voz mais fina", explica Érica Campos, especialista em transição vocal e otorrinolaringologista do HUPES-UFBA.
No entanto, os cuidados no pós-operatório precisam ser seguidos à risca.
"São necessários15 dias de silêncio absoluto, não vale nem mexer os lábios. Se a paciente pega um resfriado, por exemplo, e tosse, isso pode arrebentar os pontos. Quando a gente chora, há uma alteração no movimento da prega vocal e a gente tem um fluxo respiratório que a gente não controla, isso também pode arrebentar os pontos", destaca Érica Campos. Então, segundo as instruções, Maya fez mais do que certo em ficar calada.
Quanto à dor nos olhos, não há relação direta entre a cirurgia e problemas oculares. "O que sabemos que pode acontecer durante qualquer evento cirúrgico com anestesia geral é que a pessoa deve ficar com os olhos fechados sempre, durante todo o procedimento e, caso os olhos não fiquem devidamente vedados, pode entrar qualquer coisinha e fazer uma úlcera de córnea, que causa realmente muita dor", explica Adriana Hachiya, presidente da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV).
Nasce uma voz
Érica Campos explica que, enquanto pessoa pública, a cautela de Maya Massafera em mostrar sua voz é realmente o recomendado.
"Ela tem lidado com isso de maneira muito inteligente e positiva. A cirurgia da voz não é como as demais. A paciente precisa se empenhar para a transição vocal, 15 dias depois, a paciente já pode falar, mas a voz não está pronta. A cirurgia modifica o tom da voz, mas como ela vai colocar esse novo tom dentro da fala é um processo construído", explica a especialista.
Para isso, é preciso investir tempo e fazer, no mínimo, entre 4 e 6 sessões com um fonoaudiólogo (podem ser muito mais). "A pessoa que faz essa cirurgia deve falar quando a voz tiver pronta, quando ela aprender a usar essa voz, se sentir confortável. Depende da dedicação e de se encontrar mesmo", explica Érica Campos.