Estilo
Por

Na vida, somos guiados pelos nossos princípios – um conjunto de regras invisíveis que, consciente ou inconscientemente, nos conduzem através da existência. Na hora de escolher um parceiro, procuramos alguém com valores semelhantes. Nada mais natural que estas orientações existenciais entrem em jogo quando se fala de outra das atividades mais importantes da vida: montar uma coleção de relógios.

Mark Cho – amigo da GQ, colecionador desses acessórios e cofundador da marca de roupas The Armoury – começou recentemente a postar seus “Princípios de coleção de relógios” no Instagram. Ele descreve sua lista de 12 regras, que vai explicando mais detalhadamente em uma sequência de postagens, como “coisas que aprendi da maneira difícil”.

Em 2022, Cho vendeu grande parte de sua imaculada coleção para ajudar a impulsionar seu negócio. É interessante relembrar as peças incluídas naquele leilão agora, com a lista de princípios de Cho em mente.

“Relógios raros nem sempre são ótimos, relógios excelentes nem sempre são raros”, diz a primeira norma. Isso pode explicar por que a seleção que Cho vendeu era tão rica em esquisitices e raridades, como um Rolex Oyster Quartz reconstruído do zero e um A. Lange & Söhne Lange 1 com mostrador em madrepérola. Isso também pode explicar a inclusão de uma peça exagerada como o Rolex “Root Beer” GMT Master, que Cho descreveu em uma entrevista na época como “meh”.

A lista dos princípios está repleta de dicotomias lúdicas que fariam Joseph Heller sorrir. Vejamos a sua segunda regra, por exemplo: “Relógios impopulares podem tornar-se populares, mas relógios raros permanecerão sempre raros”. O especialista explica que é importante entender por que algo é popular. É uma propaganda vazia ou há algo em um acessório que o torna genuinamente inovador?

O que gosto nas regras de Cho é que ele quase sempre encontra um lado positivo. Um modelo pode ter pouca visibilidade simplesmente porque ainda não recebeu o devido valor ou está muito a frente de seu tempo. Farejar esses relógios que agora são impopulares, entre aspas, o levará pelos caminhos mais frutíferos. Lembre-se de que, há uma década, você poderia facilmente entrar em uma boutique Patek Philippe e comprar seu (agora adorado e inacessível) Nautilus no varejo.

O terceiro mandamento de Cho é: “Relógios caros podem valer o preço. Relógios baratos nem sempre compensam a economia.” Este é o tipo de conselho a prova de balas que você ouve com frequência nos círculos de colecionador. O revendedor Mike Nouveau usa uma máxima ligeiramente diferente para a mesma ideia: “Compre uma vez, chore uma vez”. Se você adora um relógio, aumente um pouco esse orçamento. É melhor acabar com uma peça bonita e funcional que você deseja usar todos os dias do que com algo que você descolou no precinho.

Embora comecem em lugares diferentes, muitas das regras de Cho têm finais semelhantes. Se você fervesse e coasse esses 12 princípios em um pano de algodão para o consumo relojoeiro cristalino, encontraria um ditado puro no final: compre o que quiser. Esteja você aumentando o orçamento ou ignorando a atual impopularidade de uma peça, a coisa mais importante a lembrar quando se trata de um relógio é que ele estará no seu pulso todos os dias.

Encontrar o seu gosto pessoal é importante…mas o que adoro em uma lista de regras - seja seguindo Cho, lendo a GQ ou destacando passagens de Alan Flusser sobre alfaiataria - é que ela torna esse hobby, às vezes opaco e técnico, mais acessível. Para colecionadores que estão começando no hobby, pode ser útil ter essas sabedorias em mente enquanto apuram seus gostos. Depois de entender as regras do jogo, é possível quebrá-las. Se você planeja escrever sua própria lista de princípios, meu conselho é colocar este aqui lá no topo: divirta-se.

Os mandamentos de Mark Cho

  1. Relógios raros nem sempre são ótimos, relógios excelentes nem sempre são raros;
  2. Relógios impopulares podem tornar-se populares, mas relógios raros permanecerão sempre raros;
  3. Relógios caros podem valer o preço. Relógios baratos nem sempre compensam a economia;
  4. O relógio em perfeito estado não tem preço, até você ter que usá-lo;
  5. Veja o relógio como um todo, não só como um conjunto de partes;
  6. Primeiro, forme suas opiniões sozinho, e só depois busque o conselho dos outros;
  7. O que você mais vai usar é o que melhor se encaixa em você;
  8. Todos os relógios querem um pouco do seu tempo, mas você só tem um pulso;
  9. O apreço por um relógio cresce com o tempo em que ele é usado;
  10. Aprenda a comprar e vender. Erros são seus professores. A sabedoria recebida dura mais que qualquer relógio;
  11. Você pode ter um relógio para sempre, mas um relógio não é capaz de ter sua atenção para sempre;
  12. Todos os relógios merecem um bom lar.

* Este artigo faz parte do Manual, a newsletter da GQ US sobre conselhos de estilo, saúde e mais. Leia o material original aqui.

Mais recente Próxima Vitrine GQ: 7 lançamentos de VEJA, Carnan e mais
Mais de GQ

O premiado diretor de ‘La La Land’ lança novo filme quatro anos após seu último trabalho ‘O Primeiro Homem’

'Babylon': próximo filme de Damien Chazelle com Brad Pitt ganha primeiro trailer