Entramos em uma máquina do tempo e voltamos para o ano 100 a.C. Acredita-se que tenha sido nesse período, quando os romanos jogavam a chamada paganica, que o golfe começou a engatinhar. Naquela época, os jogadores usavam uma vara para dar bordoadas numa bola de couro. Foi só no século XV que o golfe moderno fincou sua bandeira de vez, na Escócia.
A prática se baseia em acertar uma bola numa série de buracos com o menor número de tacadas possível. O esporte desembarcou em território brasileiro no fim do século XIX graças a executivos ingleses que vieram trabalhar em empresas de serviços em São Paulo. Engenheiros da São Paulo Railway, a primeira ferrovia paulista, brincavam em um campo improvisado na região onde hoje fica a Estação da Luz.
Play no Brasil
Em 1901, o país ganhou o primeiro clube, o São Paulo Golf Club, que ainda segue na ativa em Santo Amaro, na Zona Sul paulistana. De lá para cá, a técnica se espalhou. Hoje, há 113 clubes filiados a federações estaduais, segundo a Confederação Brasileira de Golfe, que viu seu quadro de associados aumentar 12% nos últimos três anos.
São Paulo aparece como o estado com o maior número de clubes, com 48 filiados. Destacam-se o São Fernando Golf Club, em Cotia, e outros presentes em condomínios luxuosos, espaços que ajudaram a fomentar a prática, como Quinta da Baroneza, em Bragança Paulista, Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, e Fazenda da Grama, em Itupeva.
Fora dali, vale mencionar endereços como o Graciosa Golf Club, em Curitiba, o Porto Alegre Country Club, o Clube de Golfe de Brasília e o Terravista Golf Course, na Bahia. Figuras conhecidas, a exemplo de Tadeu Schmidt, 50, aparecem entre os adeptos do esporte. O apresentador global começou a praticar em 2015 no Gávea Golf & Country Club, no Rio de Janeiro. Atualmente, joga todos os fins de semana. Quando o Big Brother Brasil começa, consegue ir apenas aos domingos. “É disparado meu principal lazer. Trata-se da técnica mais bem elaborada que já vi no esporte, super delicada e precisa. Acho também um excelente pretexto para viajar. Espero passar dos 90 anos jogando”, afirma.
Valores
Há quem encontre outros motivos para entrar em campo. No esporte mais popular do Brasil, existe a famosa frase “O futebol vai além das quatro linhas”. O raciocínio tem sido aplicado ao golfe, embora com contornos diferentes. “Frequentemente disputado por empresários e banqueiros, o golfe envolve também networking”, pontua Fu Shibuya, 49. Ela comanda a Score Golf Events, agência que desde 2007 promove torneios da modalidade, cujas inscrições podem chegar a R$ 1.200. “Fechei negócios e até arrumei emprego jogando.” Além disso, grandes empresas têm investido em torneios por aqui, onde a categoria amadora impera. Falamos de marcas como BTG Pactual, Porsche, Rolex, The Macallan e Cyrela.
Nesse meio, os valores são altos. No São Fernando Golf Club, em Cotia, por exemplo, o título para se tornar membro chega a custar R$ 150 mil. Ocorre ainda uma avaliação criteriosa, padrão nesses espaços, para ser aceito. Também deve ser paga uma mensalidade de R$ 3.500.
No topo de um prédio da Avenida Faria Lima, centro financeiro da capital paulista, a academia Tiro Certo, inaugurada em janeiro deste ano, recebe atletas amadores conhecidos do público, como os atores Rodrigo Lombardi, Marcos Pasquim e Humberto Martins, além do influenciador Fausto Carvalho. Para treinar por lá, o valor mensal chega a R$ 3.800.
Há opções mais em conta, como os “driving ranges”, áreas voltadas principalmente aos iniciantes, onde é possível alugar equipamentos e receber aulas. Existem também os clubes com “green fee”, nos quais o golfista paga para jogar sem ser sócio. No condomínio paulista Terras de São José, em Itu, desembolsam-se R$ 280 nos dias de semana para dezoito buracos. Em fins de semana e feriados, o valor sobe para R$ 550.
Look golfista
O look para a prática também pode exigir um bom investimento, caso você escolha aparecer com uma das tradicionais polos da Lacoste, que custa na faixa de R$ 450. Um tênis da mesma marca, específico para o golfe, ultrapassa os R$ 800. Já no caso dos tacos, um conjunto completo da marca americana referência Callaway pode chegar a R$ 15 mil.