A nossa ideia do Natal - a árvore, a ceia, a troca de presentes, o Papai Noel - é fruto de tradições que se estendem desde os germânicos no século 16, com a instalação de luzes e decorações em árvores, e no século 19, quando surgiu a figura do bom velhinho (inspirado em lendas europeias) e o costume de presentear as crianças na data.
Mas as celebrações do Natal e de sua véspera não são experiências 100% universais. Outros povos seguem até hoje mantendo vivas festas muito distintas (ou nem tanto) nesse fim de ano. Veja algumas delas abaixo:
México
Os mexicanos começam a celebrar o Natal bem antes, a partir do dia 16 de dezembro. Isso devido às Las Posadas, festas populares celebradas tanto no México quanto em alguns países da América Central que se relacionam com a Natividade - o nascimento de Jesus Cristo em Belém.
A festa, cuja tradição remonta do século 16, dura 9 dias em uma referência aos nove meses da gravidez de Maria, mãe de Jesus. Atores se vestem como João e Maria e toda noite, acompanhados por uma procissão, vão de porta em porta até chegarem a uma das casas selecionadas para serem as estalagens do ano. Eles são recebidos com músicas da época, ponche, cestas de doces e piñatas, e a casa escolhida como pouso recebe uma estátua representando Jesus, a ser colocada em um presépio instalado no domicílio.
Cuba
A cidade histórica de Remedios, em Cuba, celebra durante a véspera de Natal e o Natal em si as Parrandas, uma das festas mais antigas da ilha que nada mais é que a competição amistosa entre dois grupos locais. Cada um disputa a atenção do povo com as melhores danças, os mais impressionantes fogos de artíficos e carros alegóricos.
A percussão sempre fez parte do festejo desde suas raízes no século 19, quando as Parrandas se iniciaram sob o som do bumbo, repique, e de um tambor chamado "atambora". Desde decisão da Unesco em 2018, a festa é considerada Patrimônio Histórico da Humanidade.
Suécia e Escandinávia
Ainda que os suecos e escandinavos celebrem o Natal no dia 25, há uma outra ocasião que adianta o espírito natalino: trata-se das celebrações de Sta. Lucia, uma mártir da religião cristã que ajudava em segredo devotos na época em que a prática do cristianismo era proibida em Roma. Lucia levava comida para as catacumbas escuras que serviam de refúgio para os fieis com a ajuda de velas presas em uma tiara na cabeça.
No dia 13 de dezembro, casas da região são decoradas com velas e uma procissão atravessa as ruas, vestindo mantos brancos e coroas de flores (ou de velas, no caso de uma menina escolhida para fazer o papel de Sta. Lucia, que vai a frente do pelotão). Suecos e escandinavos organizam ceias com comidas típicas, como os biscoitos doces de açafrão chamados lussekatter.
China
O Natal não é oficialmente considerado um feriado na China, cuja população é de maioria budista e taoísta, e portanto não é um festejo tão universal quanto em outras partes do mundo.
Ao invés disso, os chineses celebram o Festival da Primavera, também conhecido como Ano Novo Chinês, baseado no calendário local. A data varia ano a ano - em 2025, será 29 de janeiro -, como também variam as práticas do feriado a depender da região do país. O que é mais comum são as famílias se reunirem para um jantar na véspera e organizarem juntos o lar para o ano que vem.
Uganda
Ugandenses celebram o Natal por meio do Sekukkulu, uma festa cujos contornos são muito similares. Enraizado no cristianismo, o Sekukkulu também celebra o nascimento de Jesus Cristo e na prática é um feriado que reúne as famílias. Na noite da véspera, igrejas realizam missas especiais e, no dia seguinte, as famílias realizam uma ceia.
Em Uganda, o prato principal não é peru, nem chester, muito menos tender. No lugar deles estão o frango preparado dentro de folhas de bananeira com matoke, um tipo de banana natural do sudoeste do país. Em outros cantos da África não mulçumana, é possível encontrar preparos que vão do curry ao peixe e cozidos típicos na ceia natalina.
Rússia
A igreja ortodoxa russa celebra o Natal em uma data diferente da nossa. É um caso de diferenças práticas: os cristãos russos levam em conta não o calendário gregoriano, mas o juliano, no qual o nascimento de Jesus Cristo é celebrado no dia 7 de janeiro.
No entanto, para os russos em geral, o Natal é uma data religiosa, sem o componente social e mercadológico adquiridos no ocidente. Na cultura local, a troca de presentes, os encontros familiares e as grandes refeições ficam mesmo para o Ano Novo.