Política
Por — Porto Alegre

Nesta terça-feira (3/12), cerca de 170 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) entraram em duas fazendas em Pedras Altas, no sul do Rio Grande do Sul. Integrantes de outras 250 famílias iniciaram uma vigília em frente à sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Porto Alegre.

A principal reivindicação dos grupos é o avanço nos processos de reforma agrária, paralisados há mais de dez anos. Os integrantes do MST exigem que o governo federal acelere as vistorias e compras de terras para possibilitar o assentamento de cerca de 1,5 mil famílias que seguem acampadas no Estado.

Em Pedras Altas, as áreas ocupadas foram a Fazenda Nova e a Fazenda Santa Angélica. “Estamos na Fazenda Nova, que o Incra já fez laudo por duas vezes, e na Fazenda Santa Angélica que está no mesmo processo. São áreas que têm a capacidade de assentar quase 180 famílias”, fala Ildo Pereira, da coordenação do acampamento João Sales. As famílias destas duas ocupações vieram de um acampamento no município de Hulha Negra.

Já em Porto Alegre, em frente ao Incra, estão integrantes acampados em Tupanciretã, Encruzilhada do Sul e Charqueadas. “Viemos para cá num grupo de 250 famílias numa vigília no Incra para cobrar agilidade na efetuação no negócio de aquisição de áreas aqui no Rio Grande do Sul. A previsão de sair essas áreas eram ainda este ano, o que não aconteceu até agora. Então, viemos por tempo indeterminado reivindicar que cumpram com a agenda”, afirma João Onofre, da coordenação estadual do MST.

Segundo ele, as famílias que integram o protesto aguardam terras há mais de uma década. “Não saímos daqui sem uma conquista. Nosso lema é Natal com terra. Então as famílias vão permanecer aqui até obterem suas terras. Estamos aguardando que Brasília se manifeste para conversar conosco para agilizarmos essa negociação”, disse Onofre.

A principal reivindicação dos grupos é o avanço nos processos de reforma agrária, paralisados há mais de dez anos — Foto: Rafa Dotti/MST
A principal reivindicação dos grupos é o avanço nos processos de reforma agrária, paralisados há mais de dez anos — Foto: Rafa Dotti/MST

Repúdio

A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) criticou as invasões do MST. “Lamentavelmente, hoje fomos surpreendidos com a volta das invasões do MST no Estado do Rio Grande do Sul. Isto traz insegurança jurídica aos nossos produtores rurais”, afirmou Gedeão Pereira, presidente da Farsul.

O dirigente informou que a Farsul está em contato com o governo gaúcho sobre a situação, e que os sindicatos rurais da região envolvida estão mobilizados. “Não podemos tolerar qualquer tipo de volta a esse passado que tanta destruição trouxe ao nosso Estado. Não podemos admitir que isso possa acontecer”, afirmou.

A Associação Nacional de Criadores Herd Book Collares (ANC) divulgou uma nota repudiando a ocupação da Fazenda Santa Angélica, em Pedras Altas. Segundo a entidade, a fazenda, fundada em 1870, é um ícone da pecuária nacional, reconhecida por sua contribuição ao aprimoramento genético das raças Hereford, Braford, ovinos Romney Marsh e cavalos Crioulos.

“A ANC condena qualquer ato que desrespeite o direito de propriedade, um dos pilares do desenvolvimento econômico e social no campo. Tais ações comprometem não apenas a segurança jurídica e a estabilidade do setor agropecuário, mas também desconsideram o impacto sobre as famílias que dependem diretamente dessas atividades para sua subsistência”, destaca a nota.

“Nos solidarizamos com os proprietários e colaboradores da Cabanha Santa Angélica, cuja dedicação e excelência representam um orgulho para a agropecuária brasileira. É imprescindível que as autoridades atuem com rigor para restabelecer a ordem, proteger os direitos constitucionais e assegurar a continuidade do trabalho realizado por este patrimônio do agronegócio nacional”, conclui a ANC.

A Federação Brasileira das Associações de Criadores de Animais de Raça (Febrac) também repudia a invasão ocorrida na Cabanha Santa Angélica. "Atos como este representam uma afronta inaceitável ao direito de propriedade, base fundamental para o desenvolvimento do setor agropecuário e para a segurança alimentar do Brasil. A invasão de propriedades rurais é um ataque direto à ordem constitucional e coloca em risco a estabilidade jurídica necessária para que os produtores possam desempenhar suas atividades com segurança e planejamento", afirma a entidade.

A Febrac condena qualquer forma de violência no campo e reforça que os conflitos devem ser resolvidos dentro do marco democrático, por meio do diálogo e do respeito às leis. "Invasões e ações arbitrárias comprometem não apenas os produtores diretamente afetados, mas também a confiança em um setor estratégico para o Brasil e para o mundo. "

"Nossa total solidariedade está com os proprietários e colaboradores da Cabanha Santa Angélica, que enfrentam não apenas prejuízos econômicos, mas também a indignidade de ver seu trabalho e dedicação desrespeitados", afirma a Febrac.

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