Pecuária
Por — São Paulo

Tradicional compradora de carnes do Brasil, a China reduziu fortemente suas importações de aves e suínos, que voltaram a patamar que não se via desde meados de 2018, antes dos efeitos da peste suína africana sobre o rebanho chinês. Ainda assim, os embarques dos frigoríficos brasileiros devem crescer de 2024 para 2025, graças à diversificação de parceiros comerciais e ao fechamento de novos acordos.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou na quinta-feira (12/12) que as exportações de frango do Brasil devem crescer até 3,1%, para 5,3 milhões de toneladas. Para 2025, a entidade estima crescimento de até 1,9%, com embarque de até 5,4 milhões de toneladas.

“Esperamos novas aberturas de mercados na América Central e em países da África, além do reforço dos embarques para outras nações da América Latina e Ásia. Isso que deve ampliar a diversificação de destinos para os nossos produtos”, disse o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Segundo o executivo, ocorreu uma mudança estrutural nos hábitos alimentares dos consumidores dos Estados Unidos desde a pandemia da covid-19. Nesse processo, cresceu a demanda nos EUA por cortes como coxas, reduzindo um pouco a hegemonia do peito.

Com isso, a indústria americana passou a destinar mais desses cortes para o mercado local, em detrimento da exportação. Santin afirmou, citando dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que, no acumulado de janeiro a outubro, as exportações de coxas caíram 15% em relação ao mesmo período de 2023.

“Quando as vendas do meu maior concorrente caem, eu tenho mais espaço [no mercado internacional]. Isso é um ponto que já se confirmou neste ano e que abre espaço para o ano que vem”, afirmou o dirigente.

Isso significa que a carne brasileira pode suprir lacunas de compradores externos que antes eram atendidos pelos EUA. Vale lembrar que os americanos também passam por um período de baixa oferta de gado e altos preços de carne bovina, o que ajuda a direcionar a demanda local para proteínas alternativas.

O acordo Mercosul-UE também pode elevar os embarques de carnes do Brasil ao bloco. “Há um ponto adicional que é a China já ter anunciado que poderá retaliar a carne suína da Europa com tarifas, o que também pode se estender à carne de aves. E ainda tem a possível guerra comercial com os EUA, com a posse de (Donald) Trump em janeiro", comentou, sobre os fatores que podem fazer com que os chineses recorram à proteína brasileira para se abastecer.

Para Santin, apesar de o nível de compras ter diminuído, a China sempre vai estar entre os três maiores destinos das carnes brasileiras no mundo. No acumulado de janeiro a novembro, a China ainda foi líder nas importações de frango do Brasil, com 11% de market share, mas as aquisições caíram 19,5% no comparativo anual, segundo a ABPA.

Em carne suína, os chineses perderam a liderança para as Filipinas que, entre janeiro e novembro, dobraram o volume de importações do Brasil, enquanto a China reduziu em 38,9% a proteína adquirida no período.

“Esse é um processo que não vejo parar em 2025", estimou Santin sobre as Filipinas. A disparada veio após um acordo de pré-listing com o Brasil (quando a habilitação de plantas para exportar não depende de visitas técnicas do importador, e sim das autoridades sanitárias brasileiras).

A perspectiva da ABPA indica que a exportação de carne suína brasileira deve crescer até 9,8% neste ano, atingindo em torno de 1,35 milhão de toneladas. Para 2025, o crescimento teria menor intensidade, em até 7,4%, mas com o embarque maior, de até 1,45 milhões de toneladas.

A produção nacional deverá crescer até 3,8% em 2024, para 5,35 milhões de toneladas. No ano que vem, 5,45 milhões de toneladas, com alta de 2%.

Para o frango, a ABPA projeta crescimento de produção de até 1,1% em 2024, para 15 milhões de toneladas. Em 2025, a expansão pode ser de até 2,7%, para 15,3 milhões de toneladas.

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