Leite
Por — São Paulo

O modo de fazer o Queijo Minas Artesanal foi eleito nesta quarta-feira (4/12) Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pelo Agência das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco). A decisão foi confirmada durante a 9ª Sessão do Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, em Assunção, capital do Paraguai.

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É a primeira vez que um modo de produção tradicional do Brasil passa a ter esse reconhecimento internacional, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Passou a integrar a lista de patrimônios do Brasil com o Samba de Roda no Recôncavo Baiano; a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi; o Frevo: Expressão Artística do Carnaval de Recife; o Círio de Nossa Senhora de Nazaré; a Roda de Capoeira; e o Complexo Cultural do Bumba meu boi do Maranhão.

Na apresentação da candidatura, o Iphan defendeu que a produção de Queijo Minas Artesanal é uma tradição com mais de 300 anos, que utiliza técnicas ancestrais transmitidas há gerações e que preserva a memória e o modo de vida das comunidades. Está associada também à valorização da agricultura familiar, inclusão social, harmonia com a natureza e cuidados com o bem-estar dos animais.

A produção queijeira tradicional de Minas Gerais envolve todo o processo, do manejo do gado leiteiro até a comercialização do produto. Está distribuída por diversas regiões do Estado, como Serro, Serra da Canastra e Campo das Vertentes. E, em cada região, há o vínculo dos produtores com a sua comunidade de origem.

A origem do Queijo Minas Artesanal está relacionada à descoberta do ouro na então Capitania das Minas Gerais, que viria a se tornar província em 1822, ano da Proclamação da Independência, e Estado em 1899, ano da Proclamação da República.

Uma das principais características da iguaria mineira é ser feita a partir do leite cru, da forma como é extraído na ordenha, sem nenhum processo de pasteurização ou beneficiamento. Outra é o uso do chamado pingo, um tipo de fermento natural extraído do próprio processo produtivo.

O Queijo Minas Artesanal também tem como elemento fundamental a maturação, com período mínimo de 14 a 22 dias, a depender da região. A maturação também é parte do processo histórico do Queijo Minas Artesanal. Quando a circulação da mercadoria era feita, essencialmente, por tropeiros, a conservação era fundamental para permitir a venda dentro de Minas Gerais e em outras regiões.

Reunião da Unesco foi realizada em Assunção, capital do Paraguai — Foto: Iphan
Reunião da Unesco foi realizada em Assunção, capital do Paraguai — Foto: Iphan

O produto é reconhecido desde 2002 pelo governo de Minas Gerais, em nível estadual, e desde 2008 pelo Iphan, em nível nacional. A candidatura na Unesco foi postulada pelo Iphan a partir de um pedido da Associação Mineira dos Produtores de Queijo Artesanal (Amiqueijo) e da Secretaria estadual da Cultura e Turismo de Minas Gerais.

Leandro Grass, presidente do Iphan, disse esperar que o reconhecimento da Unesco sirva de estímulo para a adoção de outras políticas públicas necessárias para atender as demandas dos pequenos produtores rurais.

"Para além de um produto, dos modos de fazer, estamos valorizando as pessoas, os produtores de queijo. E a política cultural é um elemento para a sua preservação e valorização. Precisamos de outras políticas. Estamos falando de renda, de economia, de possibilidades de crédito e de apoio às pessoas. Esses produtores dependem de água limpa, qualidade dos animais e meio ambiente equilibrado", disse, em vídeo, à Globo Rural.

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