Vozes do Agro
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O cenário climático deste verão traz um desafio oposto ao enfrentado no mesmo período do ano passado, quando a seca e as altas temperaturas predominaram devido à influência do El Niño. Esse fenômeno provocou irregularidades e atrasos nas chuvas, que, ao chegarem, se manifestaram de forma irregular.

Nesta temporada, o excesso de umidade será a questão central. A mudança, que começou a se desenhar em outubro, trouxe alívio aos produtores que enfrentaram uma safra difícil em 2023, mas exigirá planejamento e muita atenção.

A tão esperada chuva chegou gradualmente, em diferentes momentos e regiões do país. O plantio começou com um leve atraso, mas foi se ajustando à medida que as precipitações se intensificaram. Em Goiás, por exemplo, a chuva excessiva chegou a provocar paralisações temporárias no plantio.

Houve um momento em que a principal preocupação era saber quando a chuva daria uma trégua — um cenário completamente oposto ao do verão passado. No entanto, o retorno das chuvas, que foram muito bem-vindas, trouxe a perspectiva animadora de uma “safra cheia”. Tal panorama deve contemplar diversas localidades na estação mais quente do ano.

Com a chegada do verão, o desafio será lidar com o aumento da umidade e os riscos associados, entre eles o surgimento de doenças e os entraves logísticos na colheita. As previsões climáticas da nova estação indicam a presença das chamadas invernadas, ou seja, períodos de frentes frias estacionárias que permanecem entre cinco e sete dias e causam chuvas persistentes e volumosas. Esse será um quadro que tende a persistir entre dezembro e fevereiro de 2025.

 — Foto: Globo Rural
— Foto: Globo Rural

Embora a umidade seja essencial para a produtividade das lavouras, seu excesso traz desafios. Os produtores das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte do Brasil – onde estão concentradas as culturas de grãos – devem ficar ainda mais atentos quanto às condições climáticas.

O ambiente úmido e de baixa luminosidade pode favorecer a proliferação de fungos e outras pragas, o que exigirá maior uso de defensivos agrícolas e, consequente, elevação de custos. Além disso, áreas alagadas podem atrasar o uso de máquinas e, assim, dificultar a colheita e impactar a qualidade dos grãos.

Outro ponto de atenção é o calendário para a segunda safra. Um atraso na colheita comumente compromete o plantio do milho segunda safra. Porém, as previsões mostram que teremos chuvas até abril ou maio, trazendo tranquilidade quanto ao ciclo completo dessa cultura.

A chave para o sucesso neste cenário será o planejamento. Monitorar de perto as janelas de tempo estável permitirá aos produtores realizar aplicações de defensivos, colher e manejar as lavouras no momento adequado. O uso de previsões e o acompanhamento climático contínuo também fazem a diferença para garantir uma colheita bem-sucedida.

Cabe a cada produtor aproveitar ao máximo os benefícios das chuvas. Diferentemente do ano passado, quando muitos deles enfrentaram perdas severas devido à seca, o excesso de umidade, se bem administrado, abre caminho para uma safra robusta. O otimismo predomina no setor, que comemora a perspectiva de uma “safra cheia”.

Com manejo adequado, é possível superar as adversidades. No Nordeste, as previsões de boas chuvas ampliam ainda mais o alcance dessa expectativa positiva, contemplando uma maior área de produção.

O cenário para este verão é animador. Se o excesso de umidade for bem manejado, o Brasil poderá colher uma safra histórica, consolidando ainda mais sua posição como um dos maiores produtores do mundo. Portanto, a recomendação é ficar atento às previsões climáticas, se planejar conforme as janelas de tempo mais firme ou chuva espaçada e mãos à obra.

*Desirée Brandt é sócia-executiva e meteorologista da Nottus

OBS: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de sua autora e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural

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