Vozes do Agro

Por Arthur Gomes*


Milton Nascimento e Chico Buarque trouxeram a agricultura, o trabalho e os desejos da terra na canção de 1977, O Cio da Terra. “Afagar a terra; conhecer os desejos da terra; Cio da terra, propícia estação; E fecundar o chão.” Sem fecundar o chão, não há garapa da cana ou milagre do pão, disseram acertadamente.

No ano de 2024, é fundamental considerar que a agricultura e os solos estão no centro das mudanças climáticas. É por meio do desenvolvimento dos nossos sistemas alimentares que abriremos novas rotas para futuros possíveis do Planeta Terra.

O recente 15 de abril marcou o Dia Nacional da Conservação do Solo, momento de reflexão sobre a necessidade da utilização adequada desse recurso basilar para a agricultura. Logo na sequência, o 22 de abril marcou o Dia Mundial da Terra, momento para nos sensibilizarmos em direção a uma consciência comum em defesa à biodiversidade e dos recursos naturais.

 — Foto: Globo Rural
— Foto: Globo Rural

Mas quais são, afinal, as contribuições que os sistemas alimentares podem oferecer à agenda climática global?

Os avanços tecnológicos têm proporcionado soluções inovadoras para a construção, a manutenção e, em alguns casos, a regeneração do solo. Os insumos agrícolas, em especial, quando bem utilizados, podem levar a resultados incríveis, como é o caso do produtor João Lincoln Reis Veiga, premiado pelo Comitê Estratégico Soja Brasil (CESB) pela produtividade na safra 22/23 de não menos 134,46 sacos de soja por hectare .

Se olharmos para os detalhes, os produtos biológicos vêm cada vez com mais potencial para aumentar a disponibilidade de nutrientes do solo e são indispensáveis na utilização integrada das tecnologias – junto aos defensivos químicos, sementes de qualidade e biotecnologia de ponta.

As tecnologias de precisão, como sensoriamento remoto e monitoramento por satélite, têm permitido uma avaliação mais precisa das condições do solo em tempo real. Isso fornece aos agricultores dados para tomadas de decisão mais assertivas sobre o manejo da terra, como irrigação adequada e aplicação localizada de insumos, reduzindo desperdício e minimizando impactos ambientais.

Em relação às técnicas e abordagens, o Sistema Plantio Direto – que, em 2022, completou 50 anos no Brasil – compreende práticas de preservação do solo promovidas em sinergia com os insumos tecnológicos agrícolas, reduzindo a erosão do solo, melhorando a retenção de água e nutrientes essenciais, além de aumentar a matéria orgânica, contribuindo para a saúde geral do solo a longo prazo.

O manejo integrado de pragas e doenças, no qual o uso de insumos tecnológicos agrícolas é fundamental, auxilia a preservar a biodiversidade do solo, incluindo organismos benéficos que desempenham papéis importantes na promoção de plantas e solo mais saudáveis.

A relação bem empregada entre tecnologias e os solos é a forma que países como o Brasil têm para enfrentar os desafios de atender à crescente demanda de alimentos com áreas cultiváveis limitadas, baixa disponibilidade de água e tantos outros desafios climáticos no horizonte.

Para ‘‘afagar a terra’’ nos tempos modernos, o agricultor pode se valer, cada vez mais, de técnicas e tecnologias inovadoras à sua disposição, na busca de um futuro mais sustentável para o planeta.

*Arthur Gomes é diretor executivo e de Sustentabilidade da CropLife Brasil

Obs: As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da Globo Rural

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