Negócios
Por — São Paulo

Os marketplaces voltados para o agronegócio ainda têm dificuldades em aproveitar plenamente as oportunidades comerciais da Black Friday. Apesar do crescente interesse do público rural por promoções no mês de novembro, o setor carece de estratégias digitais mais robustas para atender às demandas dos consumidores, aponta levantamento realizado pela agência Macfor.

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Dados do estudo mostram que o volume de buscas online por produtos agrícolas cresce consideravelmente em novembro, impulsionado pela expectativa de descontos. Entre os itens mais procurados nos últimos anos estão vacinas, defensivos, sementes, fertilizantes e outros. O volume de buscas por cochos automáticos, por exemplo, chegou a crescer 75% no mês.

A Macfor acredita que essa tendência indica que o produtor rural já associa novembro à Black Friday e busca ativamente por ofertas. No entanto, a resposta dos marketplaces do setor tem sido limitada, com uma demanda clara, mas que não é atendida com a mesma intensidade vista em outros setores do varejo. Embora algumas plataformas do setor tenham investido em promoções, como descontos de até 70% e frete grátis, o estudo destaca que a abordagem ainda é tímida, com muitos portais sem campanhas específicas.

Para os especialistas da Macfor, a Black Friday ainda é uma oportunidade desperdiçada no agronegócio. Na análise da agência, o aumento nas buscas em novembro mostra que existe um interesse real, mas as plataformas precisam oferecer melhores condições de compra e investir mais em estratégias digitais.

Para o diretor presidente do portal InstaAgro, Daniel Brachner, no entanto, a procura no mês não se deve apenas à Black Friday. “Em novembro, começamos a entrar no período de safra, então já existe um volume crescente de procura. É difícil separar o que é Black Friday e o que é da demanda do período”.

Para o InstaAgro, esta é a terceira “Black Agro”, como apelidaram, e os resultados melhoram a cada ano, explica Bachner. O portal tem focado as ofertas em produtos como os de jardinagem, fertilizantes, químicos e biológicos. “Nos preparamos muito de todas as formas para atender a demanda no mês de novembro e, até o momento, já triplicamos as vendas da Black do ano passado”.

Os investimentos no portal também triplicaram. “Investimos em push marketing, ferramentas de Ads, de redes sociais também e impulsionamos em alguns marketplaces que atuamos”, pontua Bachner.

Segundo o estudo, no entanto, esta não é uma tendência para o setor, que reduziu a injeção média de recursos em tráfego pago para a Black Friday. "O baixo investimento em tráfego pago para a data destacou a falta de maturidade digital dos agromarketplaces. Em 2024, o setor regrediu em relação ao ano anterior, com poucos players investidos, e ainda assim, em um nível inferior ao de 2023".

Potencial para negócios

O marketplace especializado Agronegociar, antiga CBC Agronegócios, utiliza anúncios no próprio portal, e-mails para os usuários cadastrados e campanhas em redes sociais para informar os clientes das ofertas, com um destaque para insumos e grãos.

Assim, o portal vê um aumento nas interações com clientes durante o período e uma adesão gradual dos vendedores desde 2020, com um destaque para insumos e grãos, “mas ainda há um grande potencial a ser explorado”, pontua Junior Rodrigues, gerente de produto da Agronegociar.

“Diferentemente de outros setores, o agro possui sazonalidades e particularidades que dificultam a adesão em larga escala, como o planejamento antecipado de compras e o ciclo das safras. Contudo, vemos oportunidades significativas: há um movimento crescente de digitalização no setor, e campanhas como a Black Friday ajudam a acelerar essa mudança, criando novos hábitos e explorando a flexibilidade de negociações”, avalia o diretor.

Brachner concorda que ainda há um potencial a ser aproveitado para a data no setor agro, mas com seus limites. “O produto agro não é como os outros. O produtor precisa comprar no período em que ele vai utilizar os produtos. Não faz sentido você adiantar muito se ele só vai usar daqui a uns meses”, avalia.

Outra dificuldade apontada pelo estudo é a experiência do consumidor. Com sites pouco intuitivos, há uma dificuldade em ter informações sobre os produtos, levando os marketplaces do agronegócio a terem altas taxas de rejeição. “O usuário logo abandona o site ao ter uma experiência de navegação ruim”, com sites chegando a uma taxa de rejeição superior a 90%.

"Indo contra aos gigantes do varejo, que exibem a vitrine de produtos logo na página inicial, a maioria dos marketplaces do agronegócio exige que o usuário faça login para ver itens e preços. Essa prática também prejudica a fluidez da experiência do usuário e pode ter impacto negativo na jornada de compra", pontua a agência.

Rodrigues defende que o uso de um cadastro é uma estratégia que permite a conexão de compradores e vendedores “de forma mais direcionada, garantindo que as interações no portal sejam qualificadas. Além disso, buscamos criar um ambiente mais seguro e personalizado para negociações, mas estamos constantemente avaliando a experiência do usuário e abertos a ajustes para otimizar retenção e usabilidade”.

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