Fazenda Sustentável

Por Luiz Eduardo Minervino — São Paulo

Jildson Oliveira Souza, de 26 anos, cresceu sob o sol do interior da Bahia, no povoado de Rose, em Santaluz, dentro do “território do sisal”, uma região que compreende 20 cidades do sertão baiano, a cerca de 270 quilômetros de Salvador.

Técnico em agropecuária e engenheiro agrônomo, ele faz parte de uma família envolvida com a produção de sisal, uma planta originária da América Central bastante usada na produção de cordas e fios biodegradáveis, além de tapetes e peças de artesanato.

Sua comunidade é um assentamento de reforma agrária desde 1989. "O povoado tem 78 parceiros, donos das propriedades, que chegaram quando uma empresa de sisal faliu. Meu pai tem uma área de 18 hectares", conta.

O pai sempre incentivou Jildson a buscar oportunidades fora do trabalho duro no campo, mas o jovem queria encontrar maneiras de ajudar a família e a comunidade. Ele descreve o impacto da cultura do sisal, do qual a fibra é apenas uma pequena parte da planta.

"Imagine, você produz 1.000 quilos de fibra, que é 4% da planta, e gera 4.000 quilos de resíduos que não são utilizados”. Jildson percebeu, então, que havia potencial para reutilizar esses resíduos em prol da sustentabilidade do cultivo.

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Para aplicar suas ideias, o jovem desenvolveu uma proposta de unidades de processamento de resíduos de sisal por meio de uma máquina peneira rotativa, desenvolvida pela Embrapa.

"Eu ministro uma palestra, um curso, para os produtores. Depois, eles vão separar uma área em suas propriedades para beneficiar o resíduo. Se o produtor tem animais, sugiro o processamento para a silagem e fornecimento in natura. Se ele não cria animais, pode usar para adubar o solo, por exemplo", conta.

O sucesso desse trabalho resultou no destaque de Jildson no programa CNA Jovem, uma iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.

“Eu tentei ser o mais simples, mais didático possível para os produtores. Quando trazemos soluções aplicáveis e que, principalmente, ajudem a reduzir gastos, a aceitação é bem melhor", destaca o agricultor, que já apoiou diretamente pelo menos 20 propriedades do território do sisal com a estruturação das unidades de processamento.

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