A área que abrange o cinturão citrícola brasileiro, que compreende o Estado de São Paulo e parte de Minas Gerais, abriga 314 espécies de animais silvestres vertebrados. Dentre elas, 268 são aves e o restante mamíferos, como iraras e onças-pardas (assista ao vídeo abaixo). Fauna silvestre é registrada na região citrícola Continuar lendo O levantamento foi feito pela Embrapa a pedido do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) e estimou também 36 milhões de toneladas de carbono “aprisionadas” nas laranjeiras, no solo e nas áreas de vegetação nativa. Irara em área de produção de laranja — Foto: Divulgação/Embrapa Territorial “É a prova de que alguns sistemas agrícolas podem conviver com a natureza de forma sustentável”, analisa Lourival Carmo Mônaco, presidente do Fundecitrus. O projeto de estudo da fauna foi selecionado pelo Fundo de Inovação para Agricultores da Innocent Drins, empresa britânica que apoia iniciativas. Esse fundo oferece financiamento para fornecedores em iniciativas voltadas à transição para agricultura de baixo carbono, incremento da biodiversidade e práticas agrícolas justas. “O pomar de frutas é rico em alimentos, não revolve o solo, fica plantado de 20 a 30 anos sem mudar a paisagem e isso permite que se torne moradia e corredor de paisagem ou local de reprodução para várias espécies”, complementa o pesquisador da Embrapa Territorial e responsável por esse estudo, José Roberto Miranda. Ele lembra que o levantamento não classificou os milhares de insetos que vivem nos pomares. Quati visto em pomar de laranja — Foto: Divulgação/Embrapa Territorial A pesquisa foi feita em cinco fazendas que serviram como área piloto e como ponto inicial de um projeto que tende a contabilizar se as espécies mudam com o passar do tempo. Foram classificados cinco ambientes disponíveis nas localidades, com mata ativa, mata ciliar e a própria cultura de laranja. “Nos próximos anos, poderemos ver se as aves trouxeram nova flora com a migração e se isso também mudou a cadeia alimentar da região”, explica Miranda. Pegada de carbono Além de abrigar a fauna silvestre, o território de 560 mil hectares do cinturão citrícola guarda 36 milhões de toneladas de carbono “aprisionadas”. Para calcular esses estoques, os pesquisadores foram a campo e avaliaram 80 laranjeiras, das variedades pera e valência, com idade a partir de três anos. Elas foram medidas e depois separadas em partes: tronco, galhos, folhas e raízes. Cada parte foi pesada em campo, fresca, e, posteriormente, enviada ao laboratório para secagem e nova pesagem. No laboratório, as amostras foram analisadas para determinar a quantidade de carbono na biomassa. Além das avaliações das 80 árvores, foram também coletados dados biométricos de aproximadamente 3,5 mil laranjeiras espalhadas por milhares de fazendas em todo o cinturão citrícola. Esse levantamento possibilitou a extrapolação dos dados obtidos na amostragem de carbono. “Os cálculos matemáticos realizados com base nessas informações apontaram que há 47% de carbono armazenado na biomassa de cada laranjeira do cinturão citrícola”, afirma o pesquisador Carlos Cesar Ronquim, da Embrapa Territorial, que ficou à frente desta parte. “Conseguimos avaliar uma boa quantidade de plantas adultas e não apenas a parte aérea, mas também as raízes. Isso gerou dados robustos que mostram um acúmulo considerável de carbono em uma cultura lenhosa, que fica no campo por 20 anos ou mais”, conta. Saber o quanto cada planta e a área de produção citrícola estocam, nas condições brasileiras, é um passo importante também para pensar em outras métricas, como o balanço de carbono — Carlos Cesar Ronquim, da Embrapa Territorial Em média, uma laranjeira tem 50 quilos de carbono. São 170 milhões de plantas acima de três anos inventariadas pelo Fundecitrus. “Nós chegamos à métrica de 8,2 milhões de toneladas de carbono só nos pomares”, completa o pesquisador Lauro Nogueira Júnior, da Embrapa Territorial. Mais recente Próxima Parceria com produtores rurais devolve lobo-guará à vida selvagem na Bahia