Formado em agronomia, mestre em melhoramento genético da soja e doutor em genética e melhoramento do milho, todos títulos que recebeu na Universidade de Illinois, Urbana-Champaign, Sam Eathington lidera os esforços de inovação da Corteva. Na posição de vice-presidente executivo global da empresa para tecnologia e digital e com um robusto currículo acadêmico, ele é um dos profissionais que estão à frente das transformações da agropecuária no mundo. Mas ele também tem testemunhado essa metamorfose a partir de um ponto de vista que não se obtém em sala de aula ou em reuniões de diretoria na firma. "Agro Horizonte": leia aqui a cobertura completa Continuar lendo Eathington é integrante da sexta geração de uma família de agricultores do Estado americano de Illinois que produz na mesma área há mais de 150 anos. “As coisas estão diferentes de como eram no tempo de nossos pais ou avós. O clima, os insetos, a logística e as práticas agrícolas mudaram”, ele disse ao Valor. “Temos que continuar melhorando nossas soluções. Se não evoluirmos, teremos um problema com os alimentos. Simples assim”. Mudanças nos cuidados com o solo, no uso de defensivos agrícolas nas lavouras — o que inclui o crescimento dos bioinsumos — e nas relações de trabalho no campo, todos fenômenos que marcaram a evolução da agricultura no mundo ao longo das últimas décadas, ele acompanhou de perto. Muitas vezes, com a mão na massa. Leia também: Inovação ‘importada’ vai ganhar espaço no agroDa ILPF aos transgênicos, um glossário da ciência no agroFuga de cérebros limita avanços do agronegócioCusto e falhas de conectividade restringem a inovação no campo “Antes, os tratores rodavam com uma caixa de inseticida acoplada a eles. Aos 10 anos, eu enchia essas caixas, que hoje não se usa mais”, relata. Mesmo as viagens dos equipamentos pelas lavouras já não são mais tão frequentes: a ascensão dos produtos transgênicos, mais resistentes a pragas, e a evolução das técnicas de edição gênica (em que os pesquisadores “aceleram” mudanças que ocorreriam naturalmente nas plantas) reduziram a necessidade de aplicação de defensivos nas lavouras. Com isso, os equipamentos, que no passado rodavam de oito a dez vezes pelas plantações durante uma safra para a aplicação de agroquímicos, hoje fazem esse deslocamento de três a quatro vezes a cada temporada. A edição gênica é, a propósito, um dos campos mais promissores no desenvolvimento de sementes, acredita Eathington. “Primeiro, porque um produto com edição gênica não é transgênico”, afirma. “Essa é uma tecnologia que permite alcançar avanços em poucos anos que, de outra forma, levariam 20, 30, 40 anos para ocorrer”. Tão importante quanto a evolução das tecnologias é a definição de regras que abram caminho para essas transformações, afirma ele. “Outro aspecto fascinante da edição gênica”, prossegue o executivo, “é que, desde que se tenha o arcabouço regulatório adequado, baseado na ciência, ela torna possível melhorias de produtividade em todas as culturas. No passado, os avanços da biotecnologia limitavam-se a culturas como soja, milho, algodão e canola”. Mais recente Próxima Inovação ‘importada’ vai ganhar espaço no agro