Agricultura

Por Isadora Camargo — São Paulo

Para produtores de lúpulo, o cultivo da planta usada na fabricação da cerveja já é uma realidade forte no Brasil, mas o momento é de transição para escalonar o volume produzido e comercializar de forma competitiva no mercado doméstico. Esse passo vai depender de uma maior "consistência" e "padronização" das safras colhidas no país, afirmaram representantes do segmento nesta segunda-feira (10/6), em São Paulo, durante um evento do nicho.

"Chegamos em um ponto que superamos desafios agronômicos, industriais e de ordem comercial. Agora, precisamos crescer em escala e isso significa trazer soluções que existem lá fora, e isso vai perpassar pela questão do cooperativismo", afirmou avalia o vice-presidente da Associação de Produtores do Lúpulo (Aprolúpulo), Daniel Leal.

Para ele, a verticalização da produção precisa ganhar destaque e um avanço industrial para máquinas de beneficiamento e colheita. Esse é um dos pleitos da maior parte dos produtores. Por isso, representantes do lúpulo creem que um dos caminhos para que haja um salto na produção é criar uma cooperativa no Brasil baseada em exemplos internacionais.

Essa ação já está sendo discutida por produtores e pode sair do papel em breve. "Isso garantiria altíssimo padrão de qualidade para que as cervejarias brasileiras optem por comprar o que é plantado no Brasil", observou Fernando Gonçales, que tem uma fazenda em Itapetininga e desde 2021 planta lúpulo. Ele saiu de 500 plantas para 2000 mil plantas ano passado.

O lúpulo é o ingrediente agrícola mais valioso da cerveja, responsável pelo sabor, aroma e amargor da bebida. O insumo era 100% importado até há poucos anos atrás, quando passou a ser cultivado no Brasil. Apesar de ainda produzir menos de 1% da sua demanda anual, o país vem demonstrando potencial para a cultura.

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Entretanto, faz menos de uma década que a cultura começou a ser implementada no Brasil e 99% da produção ainda é importada de países como Estados Unidos e Alemanha, segundo dados levantados pela Aprolúpulo. Enquanto, o boom do lúpulo se deu principalmente nos últimos quatro anos.

"Não há uma cadeia estruturada e no plantio de lúpulo, nesses últimos anos, tivemos que aprender um monte de coisa que não faz parte só dá produção, se não o mercado não compra. Mas já existe hoje, vários produtores que estão melhorando o nível de produção, com o diferencial que é produzir durante todo o ano", afirmou o produtor mineiro Gabriel Purri, que é financista, mas começou em 2019 a plantar o lúpulo.

Para Purri, o problema central do segmento já não é mais saber como beneficiar a planta, mas encontrar espaço para garantir preços com margem, que só é garantido com produtividade.

Ele, que possui 10 mil plantas distribuidas em quatro hectares no município de Mateus Leme (MG), avalia que a maior trava para asegurar comercialização em nivel 'commodity' do lúpulo produzido no Brasil é a falta de competitividade com outras origens de lúpulo globais, já que não se garante a escala da planta para abastecer a indústria.

"Esse é um momento de transição do segmento, em que, por exemplo, eu tenho lúpulo demais para vender só para microcervejarias vizinhas, mas que é insuficiente para atingir escala", argumentou.

Volume de produção de lúpulo no Brasil chegou a 88 toneladas em 2023, salto de 203% em relação a 2022 — Foto: Renato Linhares
Volume de produção de lúpulo no Brasil chegou a 88 toneladas em 2023, salto de 203% em relação a 2022 — Foto: Renato Linhares

Segundo dados do Mapa do Lúpulo Brasileiro, pesquisa anual realizada pela Aprolúpulo, o volume de produção da planta no Brasil chegou a 88 toneladas em 2023, um salto de 203% em relação a 2022, quando foi de 29 toneladas. Por sua vez, a área cultivada cresceu 133%, alcançando 111,8 hectares no mesmo intervalo.

"O desafio também se pauta em como ter um crescimento sustentável para o produtor, atendendo as demandasde mercado para que possa crescer ao longo do tempo, já que o Brasil tem potencial de ser um dos grandes produtores do mundo, não só para atender seu mercado interno, que é o terceiro maior do globo, mas também para exportar", diz Leal.

No Brasil, hoje, são 114 produtores espalhados em 13 Estados e 99 municípios. Santa Catarina é a maior produtora da planta, com 34 hectares cultivados, seguida do Estado de São Paulo que possui uma área de 24,4 hectares.

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