Um meio a um cenário de forte escassez de oferta, o recebimento de cacau pelas indústrias processadoras do Brasil caiu 18,5% em 2024 na comparação com o ano anterior, com 179,43 mil toneladas. Os dados são da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC). Mais Sobre Cacau Açúcar abre o dia com forte queda na bolsa de Nova York Preço do cacau retoma trajetória de alta em Nova York Continuar lendo Considerando apenas o resultado do quarto trimestre de 2024, o recuo foi 5% na comparação com o mesmo período do ano anterior, somando 54,43 mil toneladas. A AIPC atribuiu o desempenho aos impactos de fatores climáticos adversos e a incidência de pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda, que comprometeram a produção nacional. “Infelizmente, este ano a produção brasileira sofreu também com os extremos climáticos, e algumas regiões tiveram muitos problemas com pragas. O Brasil ainda não produz o suficiente para atender à necessidade da indústria instalada no país e, por isso, dependemos de importação”, comentou Anna Paula Losi, presidente-executiva da AIPC, em comunicado. “Esses desafios reforçam a necessidade de políticas de suporte à produção nacional, para garantir maior resiliência e sustentabilidade ao setor” reforçou. Importações Apesar do quadro deficitário de produção de cacau no Brasil, as importações perderam força em 2024. Foram 25,5 mil toneladas compradas do exterior, versus 43,1 mil importadas pelo país em 2023. Segundo Losi, “como as importações são negociadas com meses de antecedência e, em 2023, a produção de amêndoas teve um bom desempenho, garantiu-se, assim, uma maior disponibilidade interna de matéria-prima. Esse cenário, no entanto, foi diferente em 2024, com uma redução importante na produção, o que impactará diretamente na necessidade de importação em 2025”. Por outro lado, as exportações de derivados de cacau cresceram, totalizando 50,25 mil toneladas, um aumento de 6,2% em relação a 2023. De acordo com a associação, esse avanço foi impulsionado principalmente pelos últimos três trimestres do ano, que registraram volumes superiores ao mesmo período de 2023, destacando a crescente competitividade dos derivados brasileiros no mercado externo. A Argentina liderou o ranking de destinos, com 23.3 mil toneladas em importações, seguida pelos Estados Unidos (8,1 mil toneladas) e Países Baixos (6,2 mil toneladas). Moagem A moagem de cacau no Brasil fechou 2024 com queda de 9,5%, chegando a 229,33 mil toneladas. No último trimestre do ano, a moagem caiu 5,5%, para 59,5 mil. “Nos últimos dois trimestres, temos verificado uma queda relevante na moagem de cacau no Brasil, sinalizando uma queda na demanda dos derivados, o que possivelmente é reflexo dos aumentos dos custos de produção em razão das altas expressivas do preço da matéria-prima no último ano”, disse a dirigente da AIPC. Mais recente Próxima Por que um produtor que investia no turismo do cacau decidiu apostar na lavoura