O goleiro Bruno assinou na manhã desta sexta-feira, 28, um contrato de cinco anos - até o dia 27 de fevereiro de 2019 - com o Montes Claros FC, equipe que disputa o Módulo II
do Campeonato Mineiro. O contrato foi levado pelo advogado de Bruno à Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo
Horizonte, onde o jogador está preso desde julho de 2010. Ele foi condenado a 22 anos e três meses de reclusão pelo desaparecimento
e assassinato da sua ex-amante Eliza Samudio.
Segundo o advogado Francisco Simim, um médico avaliou as condições
físicas do atleta e disse que ele está bem, com saúde perfeita. O
próximo passo é pegar um ofício da Justiça de Contagem e encaminhar para
Montes Claros.
- Nosso projeto é que ele possa recuperar a forma física e esteja apto a
jogar. Neste Campeonato Mineiro, eu não sei. O prazo para a
inscrição de atletas na segunda divisão da competição termina nesta
sexta-feira. Bruno ficou muito emocionado com a possibilidade de poder voltar ao mundo do futebol. Ele está muito empolgado - afirmou Simim.
O advogado disse ainda que, mesmo em regime fechado, o jogador poderá trabalhar fora da prisão. O contrato já foi registrado na Federação Mineira de Futebol e, na tarde desta sexta, apareceu no BID da CBF.
- A lei concede o benefício do trabalho mesmo em regime fechado, desde que ele esteja escoltado. Então poderia sair para treinar e voltar - disse ao G1.
O presidente do Montes Claros, Vile Mocellin diz que o objetivo do clube é
inscrever o goleiro na Federação Mineira
de Futebol (FM) ainda nesta sexta-feira, pois, no mesmo dia, termina o prazo
para a inscrição de atletas para a segunda fase do Campeonato Mineiro do Módulo
II.
Atualmente, o Montes Claros é o
líder da chave B do Módulo II (que equivale à segunda divisão) e já garantiu a classificação para o
Hexagonal final da competição. Porém, Bruno
somente poderá retornar aos gramados
após a liberação da Justiça, que também terá que autorizar a sua transferência
para o Presídio Regional de Montes Claros, para que ele possa atuar pelo “Bicho”.
Segundo Vile Mocellin, a intenção do clube é contribuir com
a recuperação “da pessoa humana” de Bruno. O contrato a ser assinado com o goleiro terá vigência de cinco anos, inicialmente,
com salário fixado em R$1.430,00 mensais e uma multa rescisória de R$ 2,86 milhões.
O pedido de transferência de Bruno para o Presídio de Montes
Claros foi apresentado pela defesa dele
à Vara de Execuções Criminais de Contagem, no final de janeiro. A transferência
depende ainda de decisão do juiz da Vara de
Execuções Criminais de Montes Claros, Francisco Lacerda de Figueiredo.
Este é o segundo requerido pela defesa de Bruno. Uma primeira requisição foi feita para a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Nova Lima (MG), mas o juiz da Vara Criminal e da Infância e Juventude de Nova Lima, Juarez Morais de Azevedo, indeferiu o pedido no dia 3 deste mês. Uma falta grave verificada no atestado carcerário está entre as questões levadas em consideração pelo magistrado, conforme o TJMG.
Entenda o caso
Eliza desapareceu em 2010 e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno, de quem foi amante. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade.
Em março de 2013, Bruno foi considerado culpado pelo homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado da jovem. A ex-mulher do atleta, Dayanne Rodrigues, foi julgada na mesma ocasião, mas foi inocentada pelo conselho de sentença. Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, amigo de Bruno, e Fernanda Gomes de Castro, ex-namorada do atleta, já haviam sido condenados em novembro de 2012.
O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado a 22 anos de prisão. O último júri do caso foi realizado em agosto e condenou Elenilson da Silva e Wemerson Marques – o Coxinha – por sequestro e cárcere privado do filho da ex-amante do goleiro. Elenilson foi condenado a 3 anos em regime aberto e Wemerson a dois anos e meio também em regime aberto.