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A atriz, dramaturga e roteirista Alice Carvalho - que brilhou em "Cangaço Novo" e segue roubando a cena em "Renascer" - vai lançar uma nova edição do romance "INKUBUS", seu terceiro livro, que conta com ilustrações de daPENHA e com prefácio da ministra Anielle Franco. A noite de autógrafos acontece nesta quinta-feira, 25 de julho, na Janela Livraria, no Jardim Botânico, Rio de Janeiro, a partir das 18h.

Tendo como foco vivências que fazem parte da milhares de mulheres mundo afora, a narrativa de "INKUBUS" nos conta a história de Mosquitto, uma artista de rua com histórico de abusos físicos e psicológicos que nutre uma relação conturbada com a mãe. A obra denuncia a problemática ideia de família tradicional e nos apresenta a jornada de uma mulher negra até a sonhada redenção, tendo como aliado o seu tão conhecido refúgio: a arte. O livro é baseado na peça homônima escrita pela própria artista, que estreou em 2017.

INKUBUS - Alice Carvalho — Foto: Divulgação
INKUBUS - Alice Carvalho — Foto: Divulgação

A seguir, em entrevista exclusiva à Glamour, Alice Carvalho entrega o que a narrativa representa em sua trajetória, fala sobre o que tem de especial na nova edição e adianta alguns detalhes sobre seu mais novo grande projeto: seu sonhado primeiro-longa: "Ainda estamos em processo de desenvolvimento e a protagonista que estamos negociando é uma atriz que admiro imensamente", entrega. Confira o papo na íntegra.

1 - O que você diria que “INKUBUS” representa na sua trajetória artística?

"INKUBUS", escrito ali em 2017, foi um divisor de águas num amadurecimento estético e conceitual da minha escrita dramatúrgica. Orientada pelo grande dramaturgo Junior Dalberto, pude, num trabalho de pesquisa e garimpo, aprimorar alguma qualidade discursiva direcionada a um publico jovem, buscando me comunicar - mesmo que tocando em temas sensíveis como o abuso infantil - de maneira poética, contemporânea e objetiva. Desvendando costurar com delicadeza uma trama espessa, densa, humana, cruel, mas que, ao fim, trouxesse esperança para as crianças, hoje adultos, sobreviventes. Esse livro marca em mim esse jogo de tentativas de buscar a cura.

2 - Você tem algum trecho favorito da história?

Acho que os momentos em que a personagem, tão sufocada pelos traumas, consegue respirar se vendo artista; algo que a leva a escoar tanta exaustão.

3 - O livro conta com prefácio da Anielle Franco e ilustrações da artista daPENHA. Como você diria que esses dois extras enriqueceram ainda mais a publicação? E o que os leitores podem esperar?

daPENHA e Anielle são duas figuras que muito me dizem. DAPENHA na imensa capacidade de compor imagens poéticas e reais, cheias de camadas de significado, com suas ilustrações. Anielle pela palavra, e pela sede de verdade e presença que até mesmo o seu "bom dia" convoca. Acredito que os leitores devam esperar, mais do que qualquer excelência literária, um derramamento de vontade sincera de um país melhor: e para abrir essa porta, a cultura tem nos mostrado ser uma ferramenta-chave importante.

4 - Você já pensou ou pensa em voltar a encenar INKUBUS no teatro?

Em 2020, com a perda do mestre Junior Dalberto, então diretor e orientador do espetáculo, sinto que criei alguma espécie de receio em encenar novamente. O espetáculo tem invariavelmente o DNA do nosso cruzamento, o encontro de uma pessoa sem igual com mais anos de experiência em teatro do que eu tinha de vida, com uma jovem cheia de vontade de vida e de absorver daquela cabeça tudo o que pudesse para ser alguém melhor.

Tenho conversado muito com Titina Medeiros, outra grande mestra e referência no meu caminhar desde a minha infância, e há ainda a possibilidade de encenarmos a peça em tom de despedida, por mais uma temporada, sob a tutela dela que tanto me diz e que tanto dizia a Junior, também.

5- Algum novo livro em mente ou, ainda que ainda não esteja pensando nisso no momento, alguma temática em específico que gostaria de abordar?

Neste momento, tenho trabalhado incessantemente na sala de roteiro do meu primeiro longa. É um projeto que vem caminhando comigo desde 2018, com muito cuidado e paixão, e que co-crio com parceiras de escrita de longa data, como Germana Belo, Vitoria Real e Priscilla Vilela. A nossa orientadora é Mariana Bardan, criadora e roteirista de "Cangaço Novo". Essa sala feminina e tão diversa em faixa-etária surge com o desejo de discutir, entre outros assuntos, o etarismo e como isso impacta na sexualidade de mulheres que se relacionam com mulheres. Ainda estamos em processo de desenvolvimento e a protagonista que estamos negociando é uma atriz que admiro imensamente.

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