Quem viu Lindsay Lohan recentemente durante os compromissos de divulgação do seu novo filme "Nosso Segredinho" (Netflix), deve ter notado que a atriz está diferente. Sobrancelhas mais preenchidas, nariz levemente mais fino, boca carnuda e uma pele impecável: o conjunto, segundo internautas, fizeram parecer que ela foi capaz de driblar os efeitos do tempo. Aos 38 anos, a impressão é de que ela nunca teve a aparência tão jovem quanto agora. Em fotos publicadas no Instagram, os fãs invadiram os comentários questionando o que ela teria feito em seu rosto e elogiando sua beleza.
Engana-se, entretanto, que se trata de algum cirurgião talentoso e misterioso, ou qualquer outro artifício único do gênero. A sutileza sagaz das mudanças, assim como vistas em outras estrelas (pense em Demi Moore, Christina Aguilera...), fazem parte de um movimento maior da estética, pautada na tecnologia dos chamados microprocedimentos estéticos. É a era do "quiet makeover" em Hollywood.
Se há dez anos os consultórios de dermatologistas e cirurgiões plásticos sugeriam a realização de uma harmonização facial mais invasiva para transformar completamente a expressão facial por meio de fios de sustentação, lasers, peelings e preenchimentos, a máxima agora preza pela sutileza — mesmo que ela signifique uma infinidade de pequenas e constantes intervenções. Com a ascensão da estética clean girl e a disseminação dos procedimentos mais exagerados, a proposta minimalista ganhou força.
Ok, mas como isso é feito? Em geral, com uma estratégia que leva em conta as características pessoais de cada paciente, buscando não modificar de forma drástica a aparência e sem a necessidade de recorrer às cirurgias plásticas, por exemplo.
A dermatologista Malu Barros explica: "Para essas técnicas, o ácido hialurônico é aplicado em pontos-chave, com reaplicação somente a cada dois ou três anos, dependendo da região. O protocolo pode ser complementado com um arsenal terapêutico, que inclui bioestimulador de colágeno e também o botox profilático, utilizado a cada seis meses, para garantir uma pele mais firme e luminosa." Quando falamos de celebridades, entretanto, há ainda probabilidade que elas estejam semanalmente nos consultórios dermatológicos, fazendo manutenções frequentes também de lasers que melhoram a textura, manchas e o tônus. Muitas delas também reverteram procedimentos, como os preenchimentos labiais.
A médica afirma que a "moda dos excessos", em que vimos mudanças drásticas na aparência de pessoas públicas, nunca foi recomendada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia. Pelo contrário: a entidade sugere uma abordagem mais natural, bem conversada com médicos de confiança. "Estamos voltando a um ponto de equilíbrio, usando os procedimentos como sempre deveriam ser usados, gerenciando os efeitos do envelhecimento com responsabilidade e deixando o rosto harmônico, mas não artificial", pontua.
A tal '"substância", como retrata o filme-febre de Demi Moore, não existe. Entretanto, há um imenso arsenal para quem tem energia, tempo e, sobretudo, recursos financeiros para lançar mão das tecnologias dermatológicas. Apesar da positividade na contenção dos excessos, não é possível dissociar o movimento da busca atemporal por um padrão jovial e eurocêntrico de beleza. Delicadeza, sim, mas milimetricamente planejada e potencialmente perigosa como fonte de comparações.