Famoso pelo temperamento explosivo, o russo Andrey Rublev garante que os ataques de fúria em quadra são coisa do passado. Adversário do brasileiro João Fonseca na primeira rodada do Australian Open, na primeira participação do jovem tenista na chave principal de um Grand Slam, o número 9 do ranking mundial afirmou que tem conseguido lidar melhor com questões como ansiedade e depressão.
Em entrevista ao "The Guardian", o russo, de 27 anos de idade, declarou ter chegado ao fundo do poço em julho de 2024. Ele perdeu para Francisco Comensana, 122º do ranking, em Wimbledon, mas o pior do momento não foi o revés, e sim seu estado mental.
- Foi o pior momento que enfrentei sobre mim mesmo. Não foi sobre tênis. Depois daquele momento não vi razão para viver a vida. Tipo, para quê? Soa dramático demais, mas meus pensamentos estavam me matando, gerando ansiedade, eu não conseguia lidar mais com isso. Comecei a ficar meio bipolar, nem sei se é possível dizer assim. Agora me sinto melhor. Sou capaz de ver as coisas que estavam acontecendo.
Rublev conseguiu mudar o cenário e cuidar de sua saúde mental, parando inclusive de tomar remédios contra a depressão.
- Estava tomando antidepressivo, o que não estava ajudando de jeito nenhum. Não quero tomar mais nada nunca mais. Parei com os remédios, e o Marat Safin (amigo e ex-tenista) me ajudou ao conversar comigo. Ele me fez perceber muitas coisas, e comecei a trabalhar com uma psicóloga. Aprendo muito sobre mim, ainda que não me sinta feliz ou em um lugar feliz que eu gostaria de estar. Não sinto mais a loucura de ansiedade e estresse por não entender o que fazer da minha vida.
O russo, único tenista a derrotar tanto Carlos Alcaraz quanto Jannik Sinner na temporada passada, frisa que nem todos devem abandonar os medicamentos.
- Você pode ter tudo na vida, uma família saudável, bens materiais, um relacionamento saudável, mas, se algo que você não quiser ver acontecer contigo, você nunca será feliz. Mas, se você vir e aceitar, se sentirá melhor. (...) Não vou mentir e dizer que não quero ganhar um Grand Slam. É meu sonho, farei de tudo por isso, mas, isso mudaria minha vida ou compensaria? Óbvio que não. Traria alívio, pois estaria vencendo um dos eventos mais importantes, que desde criança eu disputo. Não ficarei mais ou menos feliz. Antes eu achava que mudaria minha vida.
Segundo Rublev, os ataques de fúria em quadra ficaram para trás. O russo diz que, quando se recorda de episódios de descontrole emocional, não se reconhece.
- Eu me sentia mal, constrangido, porque não sou aquele tipo de pessoa. Não é legal de ver. Agora, como eu me entendo melhor, estou mais relaxado. Quando vejo aqueles vídeos parece que foi em uma vida passada. Não sou mais assim.
Focado em sua estreia no Australian Open diante de João Fonseca, Andrey Rublev conta que está empolgado para o duelo com a joia brasileira, estreante numa competição deste porte.
- Estou muito motivado para a temporada porque me sinto muito melhor do que há seis meses. Estou empolgado para ver o que isso vai me trazer, especialmente, agora que eu entendo como afeta meu tênis.
João Fonseca x Andrey Rublev
- Torneio: Australian Open - 1ª rodada
- Horário: por volta de 6h30 (horário de Brasília)
- Transmissão: ESPN e Disney+ transmitem ao vivo
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