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Por Diogo Mourão — Rio de Janeiro


Após a ressaca olímpica que até me fez nem ligar muito para o Challenger Series em Huntington, onda horrorosa e possível sede dos Jogos de 2028, chegamos na batalha final por um lugar no Finals, na aguardada etapa de Fiji, em Cloudbreak, que volta ao circuito depois de sete anos. E chegamos com os três brasileiros muito vivos na disputa por um lugar entre os cinco que vão lutar pelo título mundial em Trestles, o que parecia impossível logo após o corte. A janela para a etapa derradeira da temporada regular começa nesta segunda-feira (19). Há previsão de ondas médias, de no máximo 2,5 metros para o dia 21, no fuso brasileiro de 15 horas atrás.

Etapa de Fiji é decisiva para surfistas garantirem vaga na final da WSL

Etapa de Fiji é decisiva para surfistas garantirem vaga na final da WSL

Italo Ferreira ocupa a quarta colocação do ranking e depende apenas dele, assim como Yago Dora, o sexto. Gabriel Medina, o oitavo, precisa de um bom resultado e torcer contra adversários. No feminino, Tatiana Weston-Weeb ainda tem chances, mas precisará pelo menos fazer a final e ainda torcer contra adversárias. Italo se garante se chegar à semi, enquanto Yago precisaria vencer a etapa para ficar com a vaga sem depender de outros resultados. Já Medina tem necessariamente de terminar pelo menos em quinto para ter chances.

Apesar de apenas John John Florence estar garantido matematicamente no Finals e com a primeira posição, Griffin Colpainto, o segundo colocado, precisa avançar somente uma bateria para ratificar sua vaga no Top 5. Logo depois de Saquarema, fiz um texto que explica exatamente a situação e todas as possibilidades para a classificação dos brasileiros, mostrando inclusive que o sonho de os três chegarem ao Finals é possível, embora difícil.

Italo Ferreira em Fiji em 2017 — Foto: @WSL / Ed Sloane

Nossos principais adversários serão os australianos Jack Robinson, terceiro empatado com o Italo, mas com vantagem no critério de desempate, e Ethan Ewing, o quinto, além do sul-africano Jordy Smith. Vou reproduzir as três combinações de resultados que levariam todos os brasileiros ao Finals:

Possibilidade 1 – Medina campeão, Yago vice e Italo em terceiro. Robinson tem que parar nas quartas.

Possibilidade 2 – Medina campeão, Yago em terceiro e Italo quinto. Ewing teria de ser quinto, Robinson nono e Jordy no máximo terceiro.

Possibilidade 3 - Medina vice, Yago quinto e Italo pelo menos nono. Robinson no máximo em 17º, Ewing em nono e Jordy em quinto.

Para ver todos os cenários, clique naquele link ali de cima.

Gabriel Medina tira nota 10 em Fiji em 2016 — Foto: wsl/cestari

Embalados pela ótima segunda metade de temporada, os brasileiros chegam a Fiji entre os maiores favoritos. Medina já venceu duas vezes em seis participações, enquanto Italo tem um quinto lugar como seu melhor resultado em três disputas e Yago só competiu lá uma vez, ficando em 25º. Dos principais adversários, Jordy é o que tem mais experiência em Cloudbreak, com cinco participações e um quinto lugar, Ethan Ewing disputou a etapa uma vez (17º), enquanto Robinson, apesar de muitas surftrips para Fiji, numa competiu em Cloudbreak.

Italo pegou a bateria mais complicada da fase inicial. Na primeira disputa do dia, o Brabo terá pela frente o marroquino Ramzi Boukhiam, que tem remotas chances de classificação se vencer a etapa, e o italiano Leonardo Fioravante. São dois surfistas que também mostram bom desempenho em ondas tubulares e podem dar trabalho; mas Italo, com a faca entre os dentes, é o favorito. Ramzi é uma ameaça maior.

Yago Dora na etapa da WSL de Saquarema — Foto: WSL

Yago entra na sexta bateria, contra o americano Jake Marshall e o australiano Liam O’Brien. O australiano pode dar algum trabalho, mas a combinação de tubos e manobras de Yago deve fazer diferença, principalmente por ser goofy e surfar de frente para onda em Cloudbreak.

A situação de Medina na oitava e última bateria da primeira fase é semelhante à de Yago. O brasileiro entra na água como favorito contra o americano Crosby Colapinto e o japonês/australiano Connor O’Leary, também com a vantagem de ser goofy.

Gabriel Medina comemora medalha de bronze em Paris 2024 — Foto: Ben Thouard-Pool/Getty Images)

Os brasileiros estão entre os favoritos em Fiji, mas sabemos que favoritismo não entra na água e outros nomes podem atrapalhar o nosso sonho de vermos os três no Finals. Tem até a presença do aposentado pero no mucho Kelly Slater. O GOAT recebeu convite para a etapa de Fiji, onde já venceu quatro vezes. Como convidado, Slater deve cruzar com algum dos líderes do ranking e vai dar trabalho.

Não temos como fugir dos nomes que estão na briga pelo Finals, principalmente Jack Robinson, bom de tubos e um competidor frio, que cresce em momentos decisivos. Ethan Ewing não é tão bom em tubos, mas com a previsão de ondas em que também teremos manobras e com um surfe de linha bem adaptado ao julgamento, não pode ser descartado. Ramzi, que vai surfar de frontside e vem embalado pela performance em Teahupoo, tanto nos Jogos Olímpicos quanto na etapa da WSL, é um nome forte também, além de Griffin.

Tatiana Weston-Webb na etapa do Circuito Mundial de Surfe em Fiji em 2017 — Foto: WSL

No feminino a etapa está muito aberta, como todas após o corte. Sobraram apenas dez surfistas e todas excelentes, o equilíbrio é muito grande. Haja visto logo a bateria da Tati na primeira fase. A brasileira enfrentará a vice-líder do ranking e campeã olímpica Caroline Marks e a convidada fenômeno da nova geração, Erin Brooks. É um tipo de onda em que a Tati fica à vontade, mas será uma bateria muito dura, apesar de a brasileira ser a surfista com mais experiência em Cloudbreak. Tati competiu lá quatro vezes e ficou em segundo em 2017. Por retrospecto, a o nome mais forte é da francesa Johanne Dafay, campeã de 2016.

Boas ondas!!!

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