Bicampeã paralímpica em Paris, Mariana D'Andrea visita a TV Tem
Mariana D'Andrea foi além. Não apenas conquistou a medalha de ouro no halterofilismo nas Paralimpíadas, em Paris, como também quebrou o recorde paralímpico da categoria em uma disputa para lá de tensa e emocionante com Ruza Kuzieva, do Uzbequistão.
De volta ao Brasil com a segunda medalha de ouro no peito - a primeira foi conquistada em Tóquio, em 2021 -, ela concedeu entrevista ao ge. Nascida em Itu, no interior paulista, a paratleta de 26 anos passou a limpo a conquista no levantamento de peso e se emocionou ao relembrar do pai, seu maior incentivador, que morreu há pouco mais de um ano.
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Mental forte nas Paralimpíadas
Mariana relembrou os momentos que antecederam a conquista do ouro e a quebra do recorde paralímpico na capital francesa.
Ela e Ruza Kuzieva travaram uma disputa intensa, superando marcas e o recorde paralímpico, que foi quebrado diversas vezes durante a prova. No fim, a brasileira levantou 148kg, um a mais que a adversária, e ficou com o lugar mais alto do pódio.
A paratleta explica que manter o aspecto psicológico forte foi fundamental para a vitória.
– Foi uma competição acirrada, muita briga, mas eu estava tranquila e confiante. Essa parte de jogo e estratégias é tudo com meu treinador, ele não me passa preocupação nenhuma. Sei que o trabalho dele é excelente e eu tinha que fazer minha parte. Mas foi uma competição bem difícil, mas em momento algum eu recuei, não mexeu com meu psicológico.
– Eu fiquei muito feliz. Só um atleta sabe tudo o que passamos para chegar em uma competição, conquistar uma medalha de ouro e quebrar um recorde paralímpico. Quando ganhamos, ficamos muito felizes. Foi uma competição bem acirrada, mas deu tudo certo e conseguimos sair com a medalha de ouro – disse.
Mariana falou sobre o "poder" que o reconhecimento no esporte trouxe no sentido de se tornar um espelho para outros jovens que sonham em disputar uma Paralimpíada.
– Vejo que depois que conquistei minha medalha em Tóquio chegaram muitos atletas novos para treinar ao meu lado. Eu os vejo olhando para mim e se eu fui capaz, eles também são capazes. Nunca imaginei ser uma inspiração para as crianças e pessoas – disse.
O treinador Valdeci Lopes, que acompanha a paratleta em todas as disputas, garante que tinha consciência do potencial de Mariana para garantir o bi desde antes da disputa.
Segundo ele, o pensamento agora já está voltado para a conquista do tri, em Los Angeles, daqui a quatro anos.
– A Mariana é muito dedicada, compete muito bem. Eu sabia que ela enfrentaria tudo e daria tudo de si por esse ouro, porque ela queria muito e eu queria muito também. Então, unindo essa vontade, essa força, esse desejo junto com o potencial dela, as estratégias da competição, eu sabia que era possível. Mesmo sendo uma competição muito dura, nem eu, nem ela, achamos em momento algum que não daria. Ficávamos no "vai dar, vai dar" e deu. Esse segundo ouro, bicampeã paralímpica, na nossa modalidade é inédito e já estamos pensando no tri. Essa é a nossa meta, não parar nunca – revela.
Ouro dedicado ao pai
Há pouco mais de um ano, em agosto de 2023, Mariana D'Andrea perdeu o pai. Emocionada, ela contou ao ge que passou por momentos difíceis em meio ao luto, pois o pai era seu maior incentivador no esporte.
– Vim treinando bastante depois da morte do meu pai. Foi um ano difícil, mesmo não mostrando isso, mas consegui superar. Eu dava o meu melhor porque precisava trazer a medalha não só para mim e para o meu país, mas para ele também, que era o que mais me motivava. Sempre torcia e, quando acabavam as competições, era a primeira pessoa que me ligava. Eu tinha que trazer essa medalha depois dessa perda, porque não foi fácil. Por isso, a todo momento eu dedicava para ele essa medalha – disse.
Foco no futuro
Descanso? Que nada. Mesmo tendo conquistado o ouro há apenas cinco dias, Mariana D'Andrea já pensa em voltar aos treinos.
– Vou descansar e, ao mesmo tempo, vou voltar a treinar. Eu quero, acho que já deu a pausa da competição, não vamos voltar com cargas pesadas, mas já quero movimentar meu corpo. Já quero estar no meu cantinho, que foi onde eu treinei todos os dias para conquistar a medalha. Pretendo voltar e, mais para frente visitar a família, tirar um tempinho – disse a ituana.
*Colaborou sob a supervisão de César Santana
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