Assim que retornou dos Jogos Paralímpicos de Paris, Nathan Torquato, de 23 anos, deu início ao processo pré-operatório, com sessões de fisioterapia e fortalecimento muscular.
O paratleta de taekwondo sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho esquerdo durante a disputa da semifinal da categoria até 63kg contra o turco Mahmut Bozteke.
- Eu estava indo muito bem, dominando a luta inteira - a frente do placar -, mas na reta final senti um estralo no joelho após chutar e retornar a perna para base - relembra o jovem que recebeu a equipe do ge em sua casa, em Praia Grande, no litoral de SP.
Restando 36 segundos para o encerramento do round, o brasileiro caiu em prantos no tatame. Segundo ele, as lágrimas revelaram a frustação de não conseguir chegar à decisão.
- Senti um segundo estralo e o joelho ficou totalmente 'bambo'. Foi o momento que eu vi que tinha acabado pra mim naquela competição. O choro é mais pela situação, do que pela dor em si. Ali você está na adrenalina, não sente muito. É a dor de saber que você treinou tanto, que estava tão perto da medalha, de ir pra final e por um acidente, uma fatalidade, foi tudo por água abaixo.
Após atendimento médico, a luta recomeçou e em seguida nova queda. Ainda assim o brasileiro terminou o confronto de pé, mas foi derrotado por 10 a 6 pelo atual número 1 do mundo na modalidade. Nas quartas de final, o Nathan tinha superado o iraniano Saeid Sadeghianpour por 22 a 10.
A expectativa para conquistar o bicampeonato era grande, depois do ouro em Tóquio-2020 com apenas 20 anos, na estreia da modalidade na competição paralímpica.
- Aquele atleta que eu estava enfrentando na semifinal foi campeão. Por mais que eu pudesse ter perdido, o que era difícil porque eu estava muito bem, eu ia disputar o bronze. E eu ia ser exímio favorito. Então é bem difícil de aceitar.
Ciclo paralímpico complicado
Depois de subir ao lugar mais alto do pódio na principal competição esportiva do mundo, Nathan teve três anos de preparação para os Jogos de Paris, mas precisou superar a perda de pessoas muito importantes e algumas lesões.
- Meu avô e minha avó eram meus maiores incentivadores no esporte. E eu perdi os dois. Eles eram muito próximos e me apoiavam muito, foi muito difícil. Também tive várias lesões, como uma luxação exposta no dedo anelar antes do Grand Prix final.
Ano passado, ele disputou o Mundial de Parataekowondo com uma fratura no escafoide (pequeno osso que faz parte do punho). Com a agenda apertada de competições, só conseguiu realizar a cirurgia seis meses depois.
Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
Após a derrota na semifinal das Paralimpíadas, o departamento médico da delegação realizou alguns testes ainda na capital da França e informou que seria necessário um procedimento cirúrgico para tratar a lesão no joelho.
- Foi um movimento que eu fiz e torci o joelho. Foi uma fatalidade, um acidente. Não estava fraco, nem nada do tipo.
Ao chegar no Brasil, o Nathan iniciou um processo pré-operatório para fortalecer os músculos da coxa e conseguir esticar um pouco mais a perna. Como o tempo de recuperação é longo, de no mínimo seis meses, ele vai precisar usar a criatividade para ocupar o tempo livre.
- Com certeza esse será um dos maiores desafios da minha carreira, porque desde os meus três anos de idade eu nunca fiquei tanto tempo se treinar. Vou aproveitar para focar em outras áreas, como meu mental. Estudar bastante e melhorar como pessoa. Vou ter que me reinventar.
Los Angeles-2028
Nathan Torquato terá 27 anos nas próximas Paralímpiadas e apesar de ser cauteloso ao falar da recuperação da cirurgia no joelho, já sonha em conquistar uma nova medalha.
- Cheguei uma vez, porque não posso chegar de novo? A tendência era acontecer em Paris, porém não deu, mas a gente vai recuperar pra buscar o segundo título paralímpico em Los Angeles. Essa medalha de Tóquio me deixa em paz, por saber que eu sei o caminho. Então vou pegar esse caminho de novo e alcançar esse objetivo mais uma vez.
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