Veja a entrevista coletiva de Marcelo Teixeira, presidente do Santos
O ano do Santos terminou com todos os objetivos propostos em janeiro cumpridos: disputar a final do Campeonato Paulista, conquistar uma vaga para a Copa do Brasil de 2025 e conseguir o acesso e o título da Série B do Brasileirão. Mesmo assim, foram vários altos e baixos enfrentados pelo clube durante a temporada.
Apesar dos bons números e das metas alcançadas, o clube conviveu com várias pequenas crises ao longo de 2024 e terminou o ano sob vaias, que culminaram com a demissão do técnico Fábio Carille um dia após levantar a taça da segunda divisão.
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Veja como foi a temporada santista:
A surpresa no início
Ao assumir a presidência novamente, Marcelo Teixeira tinha um enorme desafio pela frente: reformular totalmente o elenco rebaixado e contratar rapidamente peças novas. A missão foi cumprida com bastante êxito, com mais de 15 caras novas e um time totalmente diferente para a disputa do Paulistão.
Peças foram emprestadas ou negociadas, e o Santos embalou logo de cara. O time alvinegro avançou até a final do Paulistão e ficou com o vice-campeonato, em finais acirradas contra o Palmeiras. Ali, o trabalho de Fábio Carille, em que pese as críticas pelo estilo defensivo, ainda estava em alta.
Pequenas grandes crises
A coisa começou a desandar ao longo do ano no início da Série B. Foram quatro derrotas consecutivas que colocaram em xeque como seria a temporada do Santos. Neste momento, vale a pena recordar a ida do Santos como mandante a Londrina. O jogo contra o Botafogo-SP, disputado no estádio do Café, fez o time aumentar uma sequência de resultados negativos longe da Vila Belmiro. E ali criou-se o primeiro momento de desgaste entre diretoria e Carille.
Naquele momento, a logística não parecia das melhores. A resposta da direção foi recalcular a rota e mudar, não só a qualidade das hospedagens como também se preocupar com os deslocamentos da delegação. Teixeira, inclusive, se desculpou publicamente.
Fator Carille
O treinador passou a cair em desgosto popular ao longo da Série B, mesmo com resultados - a equipe ficou apenas quatro rodadas fora do G-4 do torneio. Muito pelo desempenho do time em campo, que deixou a desejar até mesmo em vitórias, com jogo burocrático e pouco vistoso. A postura fora de campo também pesou.
A gota d'água para melar a relação com a diretoria ocorreu em julho, quando o treinador foi alvo do Corinthians e não desmentiu publicamente a possibilidade de reforçar o rival. A postura desagradou e praticamente selou seu destino: dificilmente seria mantido no cargo após a Série B.
Dali em diante, a situação só pirou. O Santos chegou até mesmo a ligar para Cuca e cogitou a chance de trocar de treinador no meio da Série B, mas o manteve no cargo a duras penas. Carille sempre contou com o apoio maciço do elenco, mas viveu uma guerra fria com a presidência o ano todo.
Em entrevista ao Abre Aspas, do ge, Teixeira falou sobre a relação com Carille na reta final da temporada (veja no vídeo abaixo).
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Missão cumprida?
A situação do técnico era tão ruim que bastou o Santos receber a premiação pelo título da Série B para ele ser demitido, no dia seguinte, mesmo sem o clube ter um substituto imediato. A rodada final foi disputada com um interino no cargo, Leandro Zago, do sub-20.
Pesou na opção da diretoria a falta de conexão entre torcida e treinador, a escolha de Carille em não desmentir a possibilidade de ir ao Corinthians, a pouca utilização da base no profissional e também o desempenho dentro de campo.
Neymar e o sonho alvinegro
O ano também reservou alguns bons momentos ao torcedor santista, alguns deles relacionados ao ídolo Neymar, que ensaiou uma reaproximação com seu clube formador: carregou a taça do Paulistão ao centro do gramado no primeiro jogo da final do Paulistão e acompanhou alguns jogos na Vila.
Também fez chamada de vídeo com os jogadores na frente da imprensa para comemorar o acesso e publicou várias vezes em suas redes sociais fotos usando a camisa do Santos. Despertou, é claro, o sonho na cabeça do torcedor em tê-lo novamente no elenco.
E a possibilidade cresceu nos últimos tempos. Praticamente sem jogar durante o ano todo no Al-Hilal, da Arábia Saudita, por causa de uma lesão no joelho, o atacante tem contrato com o clube apenas até o meio do ano. Por lá, a imprensa local chegou a cogitar uma rescisão antecipada e, neste cenário, o Santos era um destino possível.
Por ora, ele segue na Arábia, mas a diretoria já admitiu mais de uma vez que trabalha pelo retorno do ídolo. O clube já tem um projeto elaborado para repatriar o ídolo. Resta saber quando isso vai acontecer.
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E a Arena?
Se no campo a diretoria conseguiu cumprir a meta de retornar à Série A, fora dele a missão pela nova arena está perto de ser atingida, mas ainda não foi. Foram incontáveis reuniões entre a atual gestão e a WTorre para refazer o memorando de intenções assinado pela gestão passada.
Teixeira chegou a dizer que o contrato anterior era péssimo e tinham de ser revistos praticamente todos os pontos, demorando o ano todo para se chegar a um denominador comum.
Ao longo do ano, a relação entre as partes chegou até a esfriar, mas, neste momento, o contrato final parece estar perto de ser assinado. A ideia do Santos é o quanto antes iniciar a venda de camarotes e cadeiras cativas e demolir a atual Vila assim que o Pacaembu for entregue.
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Caixinha na área
No dia 23 de dezembro, depois de muita especulação, sondagens e conversas com Luís Castro, Cuca, Renato Gaúcho, Gustavo Quinteros e Gustavo Costas, o Santos enfim colocou um ponto final em sua busca por um novo técnico e assinou com Pedro Caixinha até o fim da temporada 2026. Ao todo, o Peixe ficou quase 40 dias sem um treinador no comando.
Junto com o novo comandante, a diretoria trouxe o CEO Pedro Martins, ex-Botafogo, para chefiar o departamento de futebol e ser o responsável por todos os processos internos do clube. Com isso, o futuro de Alexandre Gallo (executivo de futebol) e Paulo Bracks (também CEO, por incrível que pareça) estão em xeque.
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