Um velocista de Angola ficou distante do pódio nos 100m em Paris, mas o "ouro" em nível nacional teve agradecimentos estendidos a um técnico brasileiro três vezes medalhista olímpico. Antes da viagem para a França, Marcos dos Santos realizou treinos em Presidente Prudente – a cerca de 560km da capital paulista –, sob a supervisão de Jayme Netto.
Nas provas realizadas no último fim de semana, Marcos dos Santos passou pela preliminar dos 100m. Ele fez 10s31 e terminou no segundo lugar da quarta série. Com isso, quebrou o recorde angolano.
O anterior também era dele (10s42) e foi estabelecido em fevereiro, após 32 anos de duração do antecedente, em vigor desde 1992, por meio do desempenho de Afonso Ferraz em Barcelona.
Marcos tem 20 anos e também é recordista angolano dos 200m, porém não representou o país na prova. Quanto aos 100m, ele se tornou o primeiro angolano a avançar para uma segunda etapa. Nela, ficou em sétimo lugar (10s40) e encerrou sua participação.
O ouro nos 100m ficou com Noah Lyles, dos Estados Unidos (9s79). A vitória diante do jamaicano Kishane Thompson (9s79) veio nos milésimos (784 contra 789). Fred Kerley (9s81), também dos Estados Unidos, completou o pódio.
Em entrevista ao seu clube, o Petro Luanda, o jovem velocista citou as dificuldades encontradas pela comissão angolana, por exemplo, "a falta de pessoal clínico". Por outro lado, agradeceu à diretoria do Petro por viabilizar a preparação no Oeste Paulista.
– Fiz a preparação no Brasil, durante dois meses, em um esforço que envolveu custos financeiros e muita confiança do presidente do clube – disse Marcos, citando Jayme a seguir.
Os treinamentos em Prudente foram realizados em meio à entrega da reforma da pista local após anos de espera. A identificação da cidade com a atletismo passa muito pelo trabalho de Jayme, intensificado no início dos Anos 90.
Ele treinou o revezamento 4x100m do Brasil bronze em 1996 e prata em 2000. O treinador ainda fez parte do time que herdou o bronze de 2008, em razão do doping jamaicano.
No decorrer dos Jogos, a TV Fronteira – afiliada Globo na região – teve o treinador como personagem de um dos episódios de uma série olímpica (clique e assista).
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