TIMES

Por Paulo Taroco — Funchal, Portugal


Ele completará 21 anos nesta sexta-feira (23), mas o currículo de gente grande – com seu 1,94m – já conseguiu dar impulso à primeira chance de atuar no futebol europeu. O goleiro César, de Adamantina, em meios aos treinos no novo clube, o CD Nacional, da Ilha da Madeira, descreveu a trajetória a qual começou nas categorias de base do Oeste Paulista e levou até o berço de Cristiano Ronaldo, em Portugal.

Além de detalhar sua caminhada no futebol, o adamantinense também deu detalhes voltados à nova casa. A ligação do clube com o craque português está presente em diversos pontos da ilha, distante cerca de 900km da parte continental do país.

– Quase tudo no clube (risos) [lembra o jogador nascido no local]. Tem um estádio que se chama Cristiano Ronaldo. A maioria das paredes tem foto dele, e no museu, que fica dentro do estádio, tem tudo dele.

César se transferiu para o CD Nacional no começo deste mês — Foto: CD Nacional/Divulgação

Esta, porém, não é a primeira passagem de César pela Europa. Em 2015, o goleiro foi campeão paulista sub-15 pelo Audax, de Osasco. Um ano depois, a equipe principal seria sensação (vice-campeã) no Paulistão, sob o comando de Fernando Diniz. O título na base estadual teve César como um dos destaques, e ele passou por um período de avaliação na Sampdoria, da Itália.

O atleta acredita ter o perfil de goleiro procurado pelos clubes do Velho Continente. Agora, a expectativa é acerca da primeira chance de jogar profissionalmente. A última passagem foi pelo Ceará, onde ele chegou a ser relacionado pelo time de cima, só que não entrou.

– Eu sou o perfil que um clube europeu procura em um goleiro: alto, forte e com vontade de aprender as técnicas deles. [Quero] Fazer minha estreia em uma competição profissional e me firmar como goleiro titular.

Passagem pelo Ceará rendeu títulos na categoria sub-20 — Foto: Instagram/Reprodução

Ainda sobre a nova casa, o jogador ressaltou as belezas naturais da Ilha da Madeira. O local é destino turístico em razão dos valores nesse quesito – também culinários e históricos. Por outro lado, a distância da parte continental do país vira o principal desafio, uma vez que, no mínimo, são dois jogos fora de casa por mês.

Além da beleza natural, a Ilha da Madeira tem outro componente responsável por atrair o adamantinense. A tranquilidade de Funchal o faz lembrar o interior paulista, terra natal. Desde que deixou o futebol de São Paulo, as idas para Adamantina deixaram de ser semanais e passaram a ser menos frequentes.

César completa 21 anos nesta sexta-feira (23) — Foto: Gabriel Silva/Ceará SC

Experiências anteriores

Negociado pelo Ceará no começo deste mês (veja detalhes), a passagem pelo Vozão rendeu o título estadual sub-20. A seguir, veio a chance de ser relacionado pelo time principal, atualmente na Série B do Brasileirão. Por isso, ele falou com tom de gratidão sobre o tempo no Nordeste.

– O Ceará me deu a oportunidade de jogar um Campeonato Brasileiro da categoria, coisa que é o sonho de todos os jogadores. Vivi intensamente o clube e aprendi muito como atleta, como homem. Foi no Ceará que consegui ser campeão estadual da minha categoria e também estava no grupo que foi campeão, no começo do ano, do Cearense no profissional.

Antes de retornar ao Nordeste, goleiro se destacou no Flamengo (de Guarulhos) — Foto: Instagram/Reprodução

Por sua vez, a oportunidade no Ceará veio graças às boas atuações no Flamengo-SP (de Guarulhos). No time da região metropolitana, César jogou a Copa São Paulo e o Paulista Sub-20. Logo, ele também mencionou tal experiência com muita gratidão e citou o presidente do clube, Caio, já que a chance chegou após um ano sem atuar oficialmente.

Antes disso, houve passagem pelo Bahia. A primeira vez no futebol nordestino ocorreu depois do êxito em Osasco, nos tempos de Audax. Voltando a falar dela, o goleiro relembrou que conquistar tal espaço envolveu uma dose bem maior de esperança e esforços.

– Eu vi na internet uma peneira só para goleiros do Audax. Falei com meu pai se, naquela semana, ele iria para a capital e se poderia me levar. Ele e mais dois amigos que tinham algumas coisas para resolver lá acabaram me levando. Chegando lá, havia 100 goleiros de 14 e 15 anos. Acabei fazendo a peneira e passando direto, sem precisar fazer outra avaliação com os goleiros que já estavam no clube.

O arqueiro lembrou também que os primeiros passos em Adamantina foram sem o apoio e instrução de um profissional específico da posição. O contato inicial com tal recurso veio na disputa do Paulista Sub-11 pelo Osvaldo Cruz, que tinha o treinador de goleiros Gil.

Pelo Osvaldo Cruz, adamantinense disputou as primeiras partidas federadas — Foto: Instagram/Reprodução

Os esforços para chegar a Osasco, contudo, começaram ainda antes. O deslocamento de Adamantina a Osvaldo Cruz ficou maior quando o atleta subiu para a categoria sub-13 e defendeu o Grêmio Prudente no estadual. Foi a última atuação dele em um clube do Oeste Paulista, ainda sem minimamente imaginar que o sonho de jogar em uma grande liga da Europa era logo ali.

– Foi uma época de muito aprendizado, tanto como goleiro quanto como homem. Meus pais trabalhavam e não tinham tempo para me levar para treinar. Eles davam o dinheiro da passagem, e eu ia sozinho de ônibus para Osvaldo Cruz. Já no sub-13, era eu e mais dois meninos de Adamantina que jogávamos pelo Grêmio. A mãe de um deles nos levava para treinar duas vezes na semana e, aos finais de semana, para jogar.

Veja também

Mais do ge