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Por Thaís Contarin — Campinas, SP


Medalhista olímpica com a seleção feminina de futebol, a atacante Kerolin ficou muito perto de ter o sonho de ser jogadora de futebol interrompido quando ainda era criança. Antes de chegar ao pódio com a seleção neste sábado, a atacante enfrentou uma infecção que quase a fez perder uma perna e precisou ter muita força de vontade e dedicação para não desistir dos treinos.

Aos 12 anos, Kerolin começou a sentir muita dor na perna direita quanto ainda jogava futebol com os meninos pelas ruas de Campinas. No hospital, um diagnóstico assustou: estava com osteomielite, uma infecção no osso. Por causa disso, Kerolin correu o risco de precisar amputar a perna direita.

Kerolin comemora um dos gols marcados pelo Brasil contra a Espanha na semifinal — Foto: Getty Images

– Para mim, naquela idade, foi assustador. Passei três meses em um hospital com a minha mãe. Eu não sabia o que poderia acontecer comigo, só queria estar com minha família. Minha mãe ia trabalhar e voltava para o hospital. Essa era a rotina dela todos os dias. Ela que me deu força para continuar acreditando que iria sair daquela situação. Me disseram também que eu poderia ter perdido minha perna e que tive muita sorte. Isso me fez acreditar que eu poderia voltar a jogar. Nunca pensei em desistir, pois tinha que superar o medo e voltar a fazer o que mais gostava – disse em entrevista ao ge no ano passado.

E esse não foi o único desafio que a jogadora enfrentou para começar a carreira. Tatiane Israel, mãe de Kerolin, relembra o esforço que a filha precisava fazer para chegar à escolinha de futebol. Na época, a família morava em uma fazenda de difícil acesso, distante da zona urbana.

– A gente morava em uma fazenda muito longe e, quando ela começou a treinar, tinha que atravessar a rodovia Anhanguera para chegar lá. Às vezes, a gente subia de transporte com o meu ex-marido e ele deixava ela na escola e eu no serviço. Depois da escola, ela descia um tanto a pé para chegar na escolinha de futebol. Na maioria das vezes, ela voltava à pé, demorava uns 40 minutos. O acesso para chegar na fazenda era difícil e essa era a alternativa que a gente tinha – recorda a mãe.

Kerolin treinando na infância — Foto: Reprodução/Instagram

Quando começou a treinar em Valinhos, cidade que fica ao lado de Campinas, Tatiane relembra que mais um obstáculo surgiu.

– Muitas vezes, não tinha dinheiro da passagem. Ela pedia carona no ônibus, pedia a passagem para um amigo nosso, mas dava um jeito, sempre dava um jeito de ir e nunca faltou. De qualquer forma ela ia.

Apesar das dificuldades, a mãe de Kerolin destaca que a filha sempre se manteve motivada.

– Quando ela treinava, mesmo com a dificuldade, estava sempre motivada, alegre, com um sorrisão no rosto.

Depois de receber a medalha, a atacante postou em uma rede social uma foto da mãe com a medalha com o texto: “Alô mamissss, somos medalhistas olímpica. Sem acreditar que isso está acontecendo, mas Deus honra os teus”. Veja a foto abaixo.

Tatiane Israel, mãe de Kerolin, com a medalha de prata conquistada pela filha — Foto: Reprodução/Instagram

Kerolin, que marcou um dos gols da vitória na semifinal contra a Espanha, nem chegou a ser relacionada para a decisão olímpica. Embora não tenha sido confirmado pela CBF, uma lesão pode ter tirado a atacante da final.

Em outubro do ano passado, Kerolin sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) em e precisou correr contra o tempo para se recuperar e ser convocada pelo treinador Arthur Elias.

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