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Por Renata Rondini — Campinas, SP


Duda e Ana Patrícia vão seguir juntas no vôlei de praia

Duda e Ana Patrícia vão seguir juntas no vôlei de praia

Duda e Ana Patrícia foram tática e coração na conquista do ouro em Paris 2024. Após 28 anos, o vôlei de praia feminino estava de volta ao topo do pódio. O torcedor vibrou, passou nervoso e se emocionou com as meninas, mas tinha alguém em especial nas arquibancadas da Arena da Torre Eifel (a arena mais exuberante e animada dos Jogos Olímpicos 2024) com um olhar tático, analisando cada jogada das brasileiras, e deixando a emoção bem controlada.

Era o campineiro Lucas Motta Palermo, 39 anos, treinador da dupla de ouro. No vôlei de praia o técnico não fica na beira da quadra para instruir seus atletas. O trabalho tático é feito previamente.

- Nosso trabalho é sempre prévio. Todo na gestão do treinamento, na teorização até ali na hora que as meninas entram no aquecimento - explica Lucas, que é o treinador desde a formação da dupla em 2022.

Lucas Magalhães com Ana Patrícia e Duda depois do ouro em Paris — Foto: Arquivo Pessoal

Essa foi a segunda Olimpíada na carreira de Palermo, que em Tóquio 2021 esteve como analista de desempenho da dupla Ágatha e Duda. Além de ter sido ex-jogador de vôlei de quadra e praia, o profissional atuou em diversas funções dentro da modalidade.

Formado em Educação Física pela PUC-Campinas, Lucas Palermo esteve como preparador físico, assistente técnico e analista de desempenho. Ele combina todas as suas experiências dentro e fora de quadra para realizar o planejamento tático de suas atletas apoiado nos recurso tecnológicos.

- Eu adoro tecnologia. Gosto de ter o último vídeogame, de ver coisas diferentes, gosto de fazer análise de vídeo, de biomecânica. Lá no projeto do Praia Clube, a gente apresentou um departamento de tecnologia. Eu gosto de tomar decisões baseado em alguns fundamentos e acho que a tecnologia pode auxiliar bastante. Elas brincam bastante que sou muito analítico. Sim, sou muito analítico, olho números e converso muito - conta Lucas Palermo.

Medalha era o objetivo e veio a dourada — Foto: Arquivo pessoal

Duda e Ana Patrícia treinam no Praia Clube, em Uberlândia(MG), e contam com toda a estrutura e apoio de um dos principais clubes de vôlei do Brasil.

O campineiro explica que sem acesso às atletas nas partidas sua função é prepará-las para todos as situações que possam surgir no duelo.

- Tento desenvolver nelas a capacidade de interpretar, de entender, pois nos principais campeonatos de vôlei de praia eu não sento no banco. Se elas não tiverem as capacidades essenciais para tomada de decisão pra saber o que elas têm que fazer, que caminho seguir, vão olhar uma para a outra e dizer: e agora o que a gente faz? A gente brinca que não adianta ter uma caixa de ferramentas se você não souber manuseá-las.

A partida das quartas de final de Paris 2024 é um exemplo de como a dupla brasileira se preparou bem para enfrentar as adversidades que surgiram no jogo. O duelo diante da dupla da Letônia é considerado pelo treinador o mais complicado no caminho do ouro olímpico, uma vez que Duda e Ana Patrícia haviam perdido para Tina e Anastasija na fase de grupos e na disputa do terceiro lugar do Elite 16 de Ostrava, na República Tcheca, esse ano.

Duda e Ana Patrícia avançam pras semifinais do vôlei de praia nos Jogos Olímpicos

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- Era um time que vinha crescendo muito durante o ciclo olímpico e que havia feito uma semifinal em Tóquio. Time que dá muito trabalho pra gente. Perdemos em Ostrava (República Tcheca) na fase de grupos e perdemos na disputa do terceiro lugar. Mas essas derrotas nos abriram uma janela de oportunidade porque taticamente elas faziam algumas coisas que nos permitiu estudar. Enfim, elas até tentaram em Paris, mas estávamos preparados. Estava 6 a 1, foi uma coisa muito maluca, e aí fizemos 12 a 8, fizemos 11 pontos enquanto elas só dois. Na Olimpíada foram muito bem taticamente, exceto na final que foi no coração mesmo. No tie break, a tática funcionou, mas no dois primeiros sets fomos no coração.

Legado

Com a conquista do ouro, Lucas Palermo espera que o vôlei de praia possa atrair mais praticantes e abrir mais espaço nos clubes para que seja possível encontrar novas campeãs.

Treinador fala da importância do ouro para a evolução do vôlei de praia brasileiro

Treinador fala da importância do ouro para a evolução do vôlei de praia brasileiro

- Só vamos ter qualidade se tivermos quantidade. Essas pérolas que temos são sorte. Só conseguimos garimpar se soubermos onde garimpar. Se eu tenho um número maior de praticantes tenho mais chance de identificar talentos - afirmou o profissional, que era goleiro na escola e foi para o vôlei de quadra por causa de um convite do professor Márcio de Oliveira, atual presidente e coordenador da Associação Campineira de Vôlei de Praia (ACVP).

A entidade mantém um projeto na Lagoa do Taquaral para iniciantes na modalidade a partir de 13 anos e com duplas de alto rendimento.

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